quinta-feira, 15 de maio de 2008

A conversão sincera do Major Mendes


A acusação geralmente critica e menoscaba os presos supostamente envolvidos no chamado esquadrão da morte por terem aderido a alguma igreja evangélica.

Essa conversão foi objeto de uma matéria premiada do jornalista Evandro Cordeiro, do jornal o Rio Branco, cujo tema era uma pergunta: " Você acredita nestas pessoas?".

Eu acredito. E faço questão de dizer ao Júri porque eu acredito. São os presos de melhor comportamento dentro do sistema prisional. Quase todos sem nehuma falta disciplinar.

Todos nós buscamos o caminho da espiritualidade, nesse mundo de dor, de solidão, de abandono, de vícios, de violência, de vis acusações.

Se nós buscamos o contato com Deus, com maior razão o encarcerado busca, pois é o mais carente de todos os pobres. Acusados pela polícia, pela mídia, pelo Ministério Público, pelo Judiciário, pela opinião pública, solicitam de Jesus a defesa que precisam.

As igrejas evangélicas tem mudado a vida de muitos presos, fazendo o que o estado deveria fazer, ou seja, ressocializar o preso.

Não sou evangélico, mas isso não me impede de reconhecer o importante papel que realizam.

Explorar essa conversão no Júri é faca de dois gumes, pois pode parecer falsa e interesseira. Mas digo a todos que não é, razão pela qual não penso duas vezes em mostrar aos jurados o homem que mudou porque encontrou Deus.

Se esses presos não tivessem religião alguma, a acusação estaria a dizer: "são uns insensíveis, nem a Deus buscam".

É como aquela história, se o reú fica de cabeça baixa durante o julgamento é porque está com vegonha de si mesmo. Se levanta a cabeça, está encarando os jurados. Qualquer posição não contentaria o acusador.

Vários presos, além de mudarem de vida, mudaram a vida de muitos outros, convertendo almas para o bem. Isso deve ser aplaudido, incentivado, reconhecido, e não desmoralizado, desonrado, diminuído, desrespeitado, ironizado, explorado em favor da condenação.

Quando o Major Mendes, em seu interrogatório, pediu para ler o Salmo 23, percebi o respeito e a emoção que despertou em todos os jurados, que além de recolhecerem a sua inocência acreditaram em sua sincera conversão.

Concluí minha defesa nos seguintes termos: "O senhor é meu pastor e nada me faltará. E o que não pode faltar em nossa vida? O arroz, a farinha, a água, a roupa, o lar, a segurança, o amor, a vida... E a li -ber-da-de.... para quem é inocente. Os senhores não podem negar a Mendes aquilo que lhe é devido, e isso é justiça, para o inocente a liberdade, e para o culpado a prisão. E Deus é nosso pastor, e essa justiça que peço não há de ser negada."

O Júri por 7 x 0 devolveu a Mendes a liberdade, em clima de grande comoção.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei sinceramente emocionada com esse relato. Poder mudar o destino das pessoas, se empenhar nessa missão , ter isso por profissão é algo sublime. Mas um dom para poucos, o senso de justiça é para poucos.
Aliás a igreja católica também possui um serviço de evangelização para os que perderam a sua liberdade é a "Pastoral da Carcerária" a qual eu participo. É um trabalho muito bonito e que vem obtendo bons resultados, ainda somos poucos, mas tudo é feito com muita dedicação e carinho.

Gilliard disse...

O profeta jeremias, em suas sábias palavras, disse que: " O homem só não é consumido porque a as misericórdias do senhor se renovam a cada dia", tenho certeza meu caro amigo Sanderson, Deus tem te usado e irá te usar mais ainda como uma ferramenta importante, para que inocentes não tenham suas liberdades retiradas de suas mãos. Essa missão de buscar a liberdade, é uma missão árdua, mas, prazerosa quando temos convicção de que essa liberdade pertence a um inocente.
Parabéns, você é um grande atalaia, uma grande referência.