terça-feira, 22 de março de 2016

O orador tem que ter personalidade na voz

Este é o mais novo livro de Reinaldo Polito, 29 Minutos para Falar Bem em Público e Conversar com Desenvoltura.

Hoje, lendo o capítulo Seja um Comunicador Irresistível, o autor fala que "o orador tem que ter personalidade na voz". A voz pode não ser tão bonita, tão atraente, tão sonora, mas o orador tem que ter personalidade na voz. A voz revela quem somos, a voz revela nossa biografia, a voz revela nosso eu. Voz sem personalidade é aquela voz fraca, servil, excessivamente baixa, emitida pra dentro da garganta, tímida, sem presença, sem comando, sem firmeza. 

Para quem tem um pouco de sensibilidade sabe que dizer que o orador tem personalidade na voz equivale a dizer que o orador é um homem de personalidade, sabe o que quer, defende com liberdade e convicção o que acredita; um homem assim, naturalmente, terá personalidade na voz porque é um homem de personalidade.

Os benefícios da leitura dos Diálogos de Platão

Ler os Diálogos de Platão - ao todo são 36 Diálogos - é ter contato com a beleza e a sofisticação do pensamento racional. 

Dentre muitas coisas, podemos conhecer o método socrático de descobrimento da verdade. O método socrático não são meras perguntas e respostas; os debatedores gozam de ampla liberdade para falar, contraditar, questionar, ironizar, provocar, usar de todos os recursos da dialética para se chegar ao âmago do que eles reputam como verdadeiro. 

Existem muitos benefícios em ler os Diálogos de Platão: o leitor adquiri cultura filosófica de fina excelência, expande sua capacidade de argumentação, fortalece a flexilidade e o poder de seu intelecto bebendo na fonte da grande filosofia.

quarta-feira, 2 de março de 2016

E colocaram meu nome no menino


Por volta do ano de 2003 ou 2004 defendi no tribunal do júri um réu acusado de homicídio. Ele foi absolvido depois de muita luta, por 4 votos a 3.

O pai do réu ficou com tanta alegria que não sabia o que fazer com ela, então colocou o nome de um outro filho seu, que nasceu dias depois, de Sanderson. 

Essa foi uma das grandes surpresas que já tive; confesso que fiquei um pouco envaidecido também, pois não era pequeno o meu sonho, talvez mesmo ambição varonil, de brilhar na tribuna do júri tão quanto os gregos que eu admirava.

Regras para Orientação do Espírito

Primeira regra de Descartes para orientação do espírito: estudar o todo das coisas.Geralmente a gente só ver o que nos  interessa, só ouve aquilo que convém. É com a moeda da honestidade que podemos descobrir a verdade, que podemos ver o todo de todas as coisas.

Já acusaram-me de excesso de racionalidade, de excesso de cartesianismo. Quem dera eu já tivesse chegado na plenitude da racionalidade,  ter-me-ia encontrado-me com Deus, O Lógos Universal, o Todo, que tu vê.

A ironia socrática

Grandes oradores são hábeis no uso da ironia; a usam com inteligência e refinamento. A ironia fazia parte do método socrático para se descobrir a verdade ou para desmascarar as falsas verdades, derrubar ídolos. 

Não falamos aqui da ironia grosseira, sem o brilho da sagacidade e do intelecto, da sofisticação do pensamento. Certo dia um amigo de Sócrates falou-lhe de um certo sofista; segundo a visão de seu amigo, um sofista muito estudado, um grande filósofo, argumentador dos mais respeitados, isso e aquilo mais, tentando impressionar Sócrates. E Sócrates a ele disse: "Apresenta-me esse Deus, perito na arte da refutação, mandado do céu para me observar e me mostrar o quanto sou ignorante, pequeno e incompetente no meu discurso". 

A ironia de Sócrates incomodou tanto os poderosos da época que ele foi condenado ao envenenamento. Usar a ironia com pobres e desvalidos não é a verdadeira ironia; a verdadeira ironia é aquela que se usa contra aqueles que se acham poderosos e donos da verdade - e que reagirão contra a demolição de seu orgulho, de sua arrogância, de sua presunção de saber.

Verdades mais graduadas

A verdade é relativa, mas quando a examinamos com honestidade percebemos que existem verdades mais graduadas do que outras. 

A visão política de um Lula não pode ser comparada a visão política de um Aristóteles. A verdade de um Lula é passageira, desmascarada em menos de 30 anos; a verdade de um Aristóteles continua a inspirar e a iluminar o pensamento humano depois de mais de 2.000 anos. 

A verdade é relativa, mas existem umas verdades mais graduadas do que outras.

A sabedoria é mais bela

Protágoras foi um célebre e poderoso sofista da Grécia. Para onde ele ia acorria uma multidão de jovens inteligentes ávidos em aprender a arte de argumentar e a arte de gerir a si e a coisa pública.

Protágoras já era um velho de quase setenta anos quando teve um diálogo com Sócrates, este em torno de 35 anos. O colóquio, acompanhado pela elite intelectual de Atenas, foi imortalizado num dos Diálogos de Platão, intitulado Protágoras. 

Alcebíades, discípulo de Sócrates, era considerado o jovem grego mais belo da época; no entanto, Sócrates, ao ouvir Protágoras, ficou tão hipnotizado pela sua presença e pelo seu fascínio verbal, que achou Protágoras mais bonito que Alcebíades. 

E quando um amigo, surpreso, o interrogou como poderia ele achar Protágoras, já um ancião, mais atraente que Alcebíades, Sócrates respondeu: "E como poderia, meu caro amigo, a superlativa sabedoria não ser mais bela?