quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A sã consciência

"Quem julgar o caso em sã consciência não poderá negar que ele procedeu como humanamente lhe era possível proceder".

Frase proferida no júri pelo grande criminalista Evaristo de Moraes, no patrocínio vitorioso da causa de Dilermando de Assis, que matou, em legítima defesa, o famoso escritor Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, no ano de 1909, na cidade do Rio de Janeiro.

O que me chamou a atenção na defesa foi a expressão "em sã consciência". É uma expressão conhecida, que já ouvimos falar em muitas oportunidades. Mas resolvi estudá-la melhor, meditando sobre sua força persuasiva.

A sã consciência é a consciência evoluída, saudável, limpa, imparcial, livre de preconceitos, de prejulgamentos, de influências indevidas. Com a sã consciência podemos encontrar o caminho mais certo a seguir, a decisão mais correta a tomar.

É dessa sã consciência que nós precisamos diariamente em nossa vida para sermos mais justos, mais éticos, mais verdadeiros, mais profissionais.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O berço de ouro dos melhores oradores

Estou lendo o clássico livro O Criminalista, escrito por Vinícius Bittencourt, famoso advogado, que por décadas brilhou nos mais rumorosos casos de júri no estado do Espírito Santo.

A obra ganhou uma nova edição, promovida pelo juiz federal Willian Douglas, que quando ainda era estagiário de direito recebeu um exemplar por empréstimo, lendo-o vorazmente, hipnotizado pela fantástica história de um competente criminalista.

Ao apresentar a obra, o juiz Willian Douglas, que já foi defensor de júri, assim escreve:

" A carreira na área criminal, junto com a diplomacia, é a responsável pelos maiores tribunos que a pátria logrou ter como filhos.

Doutrinadores, magistrados, advogados, a área criminal não sente falta dos melhores.

O júri, então, é o destino daqueles que conseguem somar aos predicados da ciência jurídica as habilidades da oratória, da emoção ao extremo e, dizem os detratores, a vocação para a arte teatral, como se isto fosse um demérito. A vida é arte, retrucaria um advogado de júri".

Quem tem vocação para ser advogado na área criminal não vai ter dificuldade em compreender a importância de O Criminalista, a simples leitura deste texto é o suficiente para lhe despertar a ansiosa vontade de lê-lo, porque sabe intuitivamente como se forma um advogado criminalista.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O principado da constância

Viveu em Tarauacá, no Acre, no início do século XX, um homem chamado Amin Kontar, que ao ser torturado inúmeras vezes para confessar um crime que não cometera, afirmava, entre banhos de sangue e clarões da consciência:

"Não foi eu e não sei quem foi".

Morreu torturado. O seu nome significa "Príncipe da Constância". "Não foi eu não sei quem foi".

Entendo por constância a contínua e estável disposição do espírito em manter-se firme na realização de um dever, de uma tarefa, de uma função, de um trabalho, de um ideal, de uma missão.

A constância é um dos atributos das verdadeiras instituições. Hoje elas são e amanhã elas continuarão sendo, embora passem os indivíduos.

Também a constância deve ser uma virtude cultivada pelo advogado, ou por qualquer outro profissional, que queira ser vitorioso. Essa virtude é responsável, em grande medida, pela credibilidade que um advogado desfruta.

Não adianta ele atender bem uma pessoa hoje, e amanhã, tomado por uma negatividade, tratá-la sem urbanidade.

Não adianta ele abrir o escritório hoje, e amanhã se encontrar fechado, devido a ressaca ou a preguiça do advogado.

Não adianta ele ter seu celular ligado hoje, e amanhã não atender a ligação com vergonha, medo ou constrangimento de ouvir as preocupações dos clientes.

O advogado verdadeiro deve ser constante na profissão. Constante na coragem, constante na independência, constante na ética, constante na dignidade, para sobrepujar os obstáculos e vencer as dificuldades. E a constância está bem relacionada com a vocação. Se alguém se encontra em nosso meio apenas "passando uma chuva", a consciência do dever e da responsabilidade fica enuviada.

A inconstância gera a desconfiança, a suspeita, a má fama, a superficialidade. A advocacia é uma instituição, que é hoje e será amanhã. E por ser uma instituição verdadeira é portadora de uma natural força dentro da sociedade. E cabe a cada um de nós nos firmamos no principado da constância, que tem como irmãs a perseverança, a persistência e a fidelidade, virtudes indispensáveis num profissional de sucesso.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A beleza da palavra ímpar

De vez enquanto fico contemplando alguma palavra que me chama a atenção, que me desperta sensações, que me transporta para um significado além dela mesma.

Ontem a noite, lendo o livro a Visão Tântrica, de Osho, comentando sobre as canções de Saraha, fundador do Tantra - um modo de viver espontâneo, alegre e natural - me concentrei, por uns instantes, na delicadeza da palavra ímpar.

Saraha canta: "Vendo a vida como um encanto ímpar".

Ímpar é algo belo e sem igual, é algo como uma individualidade exclusiva, original, singular, diferente de todas as outras coisas. É algo sem par, por isso que é impar.

E fiquei elaborando na minha imaginação expressões com a palavra ímpar.

Uma beleza ímpar.

Um olhar ímpar.

Um toque ímpar.

Uma mensagem ímpar.

Uma amizade ímpar.

Uma coragem ímpar.

Um advogado ímpar.

Um livro ímpar.

E assim me tornei um admirador ímpar da palavra ímpar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mestre de Si Mesmo

A busca pelo dinheiro, pelo poder, pelo prestígio, pela fama, pelo sucesso, é uma busca nanica em comparação à busca de se tornar Mestre de Si Mesmo.

Senhor de si, de suas emoções, de seus pensamentos, de seus sentimentos, de seus estados de espírito.

Ter o domínio da raiva, do ciúme, da inveja, de todas as coisas negativas que transitam em nosso interior diariamente, e que continuam, em um grau maior ou menor, nos subjugando, nos escravizando, nos avassalando, nos diminuindo.

Alguém já disse que a civilização é algo que ainda não aconteceu ao homem. Só quando o homem for imperador de si mesmo é que cessarão as guerras, as violências, as corrupções.

Os cárceres, os hospitais, os lugares de sofrimento que existem no mundo são resultados, em grande medida, da escravidão do homem por si mesmo.

Só a busca de ser mestre de si mesmo já torna o homem um ser mais consciente, um ser mais responsável. Imagine o dia em que ele alcançar tão grande triunfo.

O homem que anseia por ser rei de seu próprio mundo interior não está concentrado naquilo que é passageiro, momentâneo, ilusório.

Só o homem nessa sincera busca é que tem melhores condições de regar o jardim da consciência coletiva, ao regar o seu próprio, que está mais preparado do que outros para conduzir, liderar, dirigir as instituições humanas. O século XXI caminha nesse sentido, pois a roda da evolução nunca pára de girar.

Quanto mais a confraria desses homens de boa vontade for se expandindo, mas a terra se tornará um lugar propício para a construção do Reino do Eu Superior.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O toque mágico do haicai

Haicai é uma forma poética que tem como sua maior expressão as poesias de Bashô, que viveu no século XVII, no Japão.

É um toque instantâneo, cheio de percepção do presente. Sensibilidade, cor, brilho, enlevo.

Uma imagem com poucas palavras, concisão, objetividade.

Haicai de Bashô:

Uma lagoa

O sapo pula nela

Ploc.

Um haicai de Carlos Antonholi:

Pétala caiu

Se quis colori o chão

Fez bem, conseguiu.

O haicai exerce sobre meu espírito uma espécie de eloquente encanto. É mensagem cheia de gravidez poética, de sublimidade espiritual, é uma mensagem quase sem palavras, bem vizinha do silêncio, da telepatia com a natureza.

A mente precisa está serena para sentir a beleza de um haicai. Tudo em seu interior precisa encontrar-se em paz, sem ruído, para que você possa ver, sentir e ouvir.

Quietude

O barulho do pássaro

Pisando em folha verde.

Outro Haicai:

Florada de ipês!

Meu pai também se alegrava

Em tarde como esta." Taruko Oda

O haicai é uma linguagem poética superior, um toque mágico da criação humana, uma comunicação mais pelos sentimentos do que pelas palavras.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

As 3 coisas que um homem deve fazer

Desde muito pequeno escuto o ditado que diz que um homem deve fazer três coisas na vida, plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.

Plantar uma árvore é fácil.

Ter um filho fica por conta da natureza, que tece suas complexas engenharias na eterna movimentação da vida.

Já fiz as duas. Estou providenciando a terceira.

Ver seu livro ganhando vida é uma felicidade merecidamente incluinda entre as três coisas que um homem deve fazer.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O parto de um livro

Diz Reinaldo Polito, autor do best seller Como Falar Corretamente e sem Inibições, ao prefaciar a obra Você já Pensou em Escrever um Livro?, de Sônia Belloto, "que um dos projetos mais importantes que uma pessoa pode idealizar é escrever um livro".

É uma mistura de prazer e de dor; de altos e de baixos; de alegria e de tristeza; de ânino e de desânino. É a caminhada para que um filho venha à luz.

Entro nos últimos meses desta gravidez da mente, com o objetivo firme de apresentar o bendito fruto de uma idealização que a muito tempo embalava nos voos do meu pensamento.

Daqui para frente escreverei também alguns textos referentes a escrita, como tenho feito em relação a oratória. São duas artes da mais fina civilidade, que devem ser usadas em benefício da expansão da consciência humana.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Discurso de Paraninfo

Oratória por mim proferida, dia 14 de setembro de 2010, no Teatro Plácido de Castro, Teatrão, em Rio Branco-Acre, na cerimônia de colação de grau dos formandos do curso de direito da Uninorte/2010.

Ilustríssimo Diretor Executivo de Assuntos Acadêmicos da União Educacional do Norte - Uninorte, Professor Marco Antonio Brandão Lopes;

Ilustríssima Coordenadora do Curso de Direito da Uninorte, Professora Mirian Késia;

Caros formandos do curso de direito e queridos professores, familiares e amigos;

Senhoras e senhores;

Com felicidade e gratidão, por ter recebido a responsabilidade de ser paraninfo desta turma de brilhantes bacharéis, olhando para o céu, em busca de inspiração, para transmitir nesta noite tão especial, esqueci a fumaça ambiciosa dos homens, e contemplei a lua nova, carinhosamente acompanhada por uma estrela.

E tive a inspiração para trazer a primeira reflexão para todos nós, neste momento de solene comunhão de alegrias: a capacidade de vermos além. A capacidade de vermos além da fumaça ambiciosa dos homens, a lua nova, carinhosamente avizinhada por uma estrela.

Movido por uma saudável sede de conhecimento, busquei na Grécia conhecer o sentido de minha missão nesta noite galante. Pára Ninfa, paraninfar é pegar nas mãos delicadas de uma linda musa, e energizado pela sua encantadora beleza, conduzi-la até o altar dos deuses. E tive a inspiração para trazer a segunda reflexão para esta noite tão bela: devemos despertar em nós uma santa sede de conhecimento, e conduzir esta ninfa sedenta até o altar do saber, fonte de toda saciedade do intelecto e do espírito.

Ao escrever esta peça retórica para vós, ó felizes formandos, despojei-me de todo o sinal de negatividade, para receber e transmitir uma mensagem sincera e útil e a altura de uma colação de grau em direito. E me veio a inspiração para trazer a terceira reflexão para esta noite de lua nova, apesar da fumaça da inconsciência dos homens: sermos um ponto positivo. Sermos um ponto positivo na família, na profissão, na vida social, nos estudos, irradiando luz por toda parte, com pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes benditas.

Termos a capacidade de vermos além. Despertar em nós a sagrada sede conhecimento.Sermos pontos positivos no Universo.

Além de tudo isso, não poderia deixar de falar numa quarta reflexão: vivermos na presença do Entusiasmo; a palavra, segundo os doutores da linguística, mais sonora da língua portuguesa, emm-tuu-sii-ass-moo. Que significa Deus dentro de nós. Quem tem Deus tem tudo! Com o entusiasmo o dinheiro vem, o sucesso aparece, e na expressão antiga dos latinos, a fama vagatur, e a fama voa cantando nossas vitórias.

Uma lembrança... caros bacharéis... jamais na patente de mestres, o dinheiro, o sucesso, a fama, mas na condição de obedientes servidores do bem. Essa é uma quinta reflexão. Mestre, só a Consciência, a virtude maior! Que faz curvar aos seus pés a mentira, a covardia, a injustiça, o fanatismo, a ignorância, os vícios, as parcialidades políticas, as maldades de todas as espécies.

E se alguém, ainda, me pedisse uma última reflexão para esta noite maravilhosa, eu diria: miremo-nos nos elevados exemplos de nossos antepassados.

Quando o grande Péricles, advogado e estadista grego ao ser insinuado para agir maliciosamente em favor de um amigo seu, em determinada demanda judicial, respondeu o magnífico tribuno:

- Amicus ad aras. Amigos, mas até a verdade!

Isso é um exemplo a ser seguido!

Quando um formando de direito consultou o famoso advogado e presidente americano, perguntando-o se era possível ser advogado e ser honesto ao mesmo tempo, Abraão Lincoln presenteou a todos nós com a seguinte resposta:

- Sim, amigo jovem, é possível ser advogado e honesto ao mesmo tempo. Mas no dia em que não conseguires ser honesto sendo advogado, deixe de ser advogado.

Isso é um exemplo a ser seguido!

Quando Rui Barbosa, ainda jovem, foi incentivado a falsificar sua certidão de nascimento com o fim de majorar sua idade para poder ingressar no curso de direito, ouviu do pai o seguinte conselho:

- Não hás de iniciar tua vida profissional, meu filho, com uma falsidade.

- E aquele menino prodígio, olhou para seu conselheiro e disse:

– Sim, senhor meu pai, não hei de iniciar minha vocação com uma falsidade.

Isso é um exemplo a ser seguido!

Quando todos se acovardavam em defender no tribunal, o Rei deposto, Luis XVI, na época do terror jacobino da Revolução Francesa, com medo das lâminas sanguinárias da guilhotina, eis que surgiu um destemido advogado, chamado Malesherbes, que aceitou fazer a defesa do acusado, e ao adentrar no Tribunal proferiu os imortais dizeres, olhando nos olhos de seus juízes:

- Trago a este Tribunal a verdade e a minha cabeça, poderão dispor da minha cabeça, mas não sem antes ouvir a verdade!

Isso é um exemplo a ser seguido!

Desejo a todos nós, e especialmente a vós, com o carinho do meu coração, ó prezados formandos, orando ao Grande Arquiteto do Universo:

Que possamos sempre ter a capacidade de vermos além, apesar da fumaça ambiciosa dos homens. A primeira reflexão.

Que possamos alimentar em nós a divinal sede de conhecimento. A segunda reflexão.

Que possamos resplandecer positividade para o mundo das leis. A terceira reflexão.

Que possamos contar sempre com a presença salvadora do Entusiasmo, o condutor da nossa felicidade! A quarta reflexão.

Que possamos ter a virilidade de consciência para nos mantermos firmes nas virtudes tradicionais de nosso ofício. A quinta reflexão.

Que possamos nos mirar nos exemplos dos grandes nomes que agigantaram e dignificaram nossa história. A sexta reflexão.

Sintamos todas essas reflexões olhando para o nosso céu, o nosso céu de fora e o nosso céu de dentro, nesta noite de saborosa alegria, pois sabemos que para além da fumaça da inconsciência dos homens, existe a lua nova, carinhosamente acompanhada por uma estrela, renovando com serenos de luz, o nosso presente e as nossas lágrimas e as nossas vibrações e preparando-nos para o gracioso amanhã que nos aguarda – que é fruto do hoje - um amanhã com poeticidade, um amanhã amoroso, um amanhã reavivado pela potência dos nobres ideais.

Muito obrigado.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Como se ler um discurso

Como paraninfo da Turma de Direito da Uninorte, que colará grau neste dia 14 de setembro de 2010, no Teatro Plácido de Castro, as 8:00, em Rio Branco Acre, tive a oportunidade de estudar melhor como se elabora um discurso escrito, e qual a melhor forma de lê-lo - o que é aconselhável nessas ocasiões solenes, trazendo segurança e precisão para a mensagem e evitando os possíveis constrangimentos das improvisações.

Praticamente todos os manuais de oratória reservam um lugar especial para falar a respeito do discurso lido. Já ouvi alguém dizer - me parece que foi Léo da Silva Alves, no livro A Arte da Oratória - que 80% de um discurso de improviso se constitui de inutilidades.

Um discurso preparado, planejado, elaborado com antecedência é acima de tudo um respeito para com os ouvintes. E em algumas ocasiões, como dito, deve esse discurso ser lido, e em outras, não, pode-se seguir um roteiro, um esquema, um plano.

Claro que em muitas situações da vida falaremos de improviso, mas o improviso deve ser deixado para tais situações.

São praticamente unânimes os conselhos dos comunicadores a respeito de como se ler um discurso.

No discurso lido devemos manter contato visual com os ouvintes, em momentos estratégicos da mensagem. Geralmente, mas nem sempre, o início dos parágrafos e os finais, os momentos de maior impacto da mensagem, devem ser feitos olhando para plateia, de forma ampla, prestigiando a todos.

Os gestos devem ser comedidos. Leves movimentações do corpo são aconselháveis. O discurso escrito deve ser segurado com as duas mãos, só afastando uma quando for utilizá-la para a realização dos gestos.

A variedade da voz talvez seja o grande segredo do discurso lido, o que fixa, o que encanta. O tom, o volume, o ritmo devem ser alternados. Claro que o conteúdo e os gestos devem acompanhar a qualidade de uma voz bem treinada para falar.

No texto escrito podem ser usados, a seu critério, cores ou outros sinais indicando o momento de uma ênfase, de uma pausa, de um olhar para a plateia. As letras devem ser legíveis e as páginas enumeradas.

Essas são as recomendações gerais para se ler com competência um discurso, lembrando que não existem regras fixas em oratória, cada orador adiciona às ocasições seu estilo próprio, seu talento, às vezes até contrariando todas as regras, e se saindo muito bem, mas isso fica para os melhores.

Por fim, o treino é outro segredo dos campeões. Treinar o discurso na frente do espelho, gravá-lo e depois observá-lo, isso até sentir segurança para proferi-lo com todos os ingredientes da boa oratória.

No dia 15 de setembro o discurso que farei aos formandos em direito estará reproduzido neste espaço.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Estar preparado para concretizar ideais

Muitos são nossos sonhos, muitos são nossos ideais, nossos planos.

E para concretizá-los, as oportunidades só aparecerão quando estivermos preparados, pois somos nós que as fazemos, que as atraímos com as nossas energias, com as nossas vibrações positivas.

Não basta uma insossa vontade, um querer débil, uma disposição preguiçosa, uma paciência superficial, uma dedicação pela metade, um planejamento só no papel, um entusiasmo momentâneo.

Adicione vida e vigor à vontade, ao querer, à disposição, à paciência, à dedicação, ao planejamento, ao entusiasmo e estaremos prontos para materializar nossos ideais.

É trabalhoso, requer transpiração, exige perseverança. No caminho aparecem os espinhos, os obstáculos, os refluxos. Mas existem para ver se realmente estamos firmes, preparados para ultrapassá-los, vencê-los, para depois vermos a glória de um sonho realizado.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Falar com virtude

Por esses dias, conversando com o talentoso artista plástico Enilson Amorim, ilustrador de meu livro - que em breve virá à luz - ele me falou que quando uma pessoa prega eloquentemente, na sua Igreja, a Congregação Cristã no Brasil, se diz que esse pregador fala com virtude.

Falar com virtude é falar a verdade, tornar a palavra instrumento do bem, tocar o coração dos ouvintes com sábios ensinamentos, ser uma flauta soprada pela inspiração de Deus.

Virtude vem do latim, virtus, que significa força viril, a força galante capaz de criar, de mudar, de transformar, de reproduzir.

O homem eloquente, o homem que fala com virtude, é um homem ungido por uma força superior, capaz de convencer por suas palavras e encantar pelos seus exemplos.

Quanto mais uma pessoa cresce em espiritualidade, mais ela cresce em virtudes. Quanto mais ela se conhece, se descobre, se examina, mais cultiva a força viril do espírito, transformando-se num homem de verdadeira autoridade.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O querer e a inspiração

Quero escrever algo. A inspiração não vem.

Mas quero. Sem inspiração?

Vou escrever a respeito disso, já é uma inspiração, porque quero escrever alguma coisa.

O querer é poder. Já me sinto mais inspirado para escrever o que estou escrevendo.

Caminho aberto com a força do querer.

Com o querer a inspiração surge. Mas ainda a pouco - acabo de apagar - pensava que nada podia escrever sem a inspiração.

Mas agora vejo que o querer abre as portas da inspiração.

Às vezes você não está inspirado nem para querer. Mas se resolver querer querer, a inspiração jorrará como fonte abençoada. O querer é a chave.

Querer perdoar.

Querer sair da negatividade.

Querer ter ânimo.

Querer fazer.

Querer é uma atitude, uma disposição do espírito, um poder interior. Quando se quer verdadeiramente o homem encontra dentro de si mesmo todas as inspirações necessárias para vencer os obstáculos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Capaz de humilhar reis

Idealista, forte, valente, leal, justo. Assim se diz que foi Rodrigo Vivar, chamado de El Cid, O Senhor, lendário guerreiro que viveu na Espanha do século XI.

No Decálogo do Advogado, escrito pelo jurista Ives Granda da Silva Martins, conhecido membro da Opus Dei, encontramos uma bela comparação entre El Cid e o advogado.

"Quando autoridades violentam o direito, não tenhas receio de denunciá-las, mesmo que perseguições decorram de tua postura e os pusilânimes te critiquem pela acusação. A história da humanidade lembra-se apenas dos corajosos que não tiveram medo de enfrentar os mais fortes, se justa a causa, esquecendo ou estigmatizando os covardes e os carreiristas. O advogado deve ter o espírito do legendário El Cid, capaz de humilhar reis e dar de beber leprosos".

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Poeticidade

Poeticidade, estado fino dos que veneram a vida.

Não a poeticidade dos lúgubres.

Mas a poeticidade dos vívidos.

Que vibram com a aurora.

Que saúdam o sol.

Que dançam com a lua.

Que assobiam com os passarinhos.

Que tocam a flor.

Que contemplam as estrelas.

Que conversam com as árvores.

Que sentem o vento que os embalam nas redes.

As cigarram cantam no entardecer.

Um sapo. Cok, cok, cok...

Milhares de Kriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.

Cok, cok, cok.

Um sorriso. Divina melodia.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Advocacia é jeito

Muitas situações na vida do advogado são resolvidas com jeito.

E o que se entende por jeito? Jeito é uma maneira leve e diplomática de resolver as coisas. Às vezes dando o anel para não perder os dedos, cedendo no acessório para não perder no principal.

Só com o tempo o advogado vai adquirindo jeito, tato, habilidade no exercício profissional. Vejo que o jeito é algo importante em todas as profissões. Diariamente precisamos de jeito para vivermos melhor.

Agora, duas coisas são importantes: jeito não é jeitinho; jeito não é covardia.

Jeitinho é uma palavra corrompida, não é diminutivo de jeito, jeitinho adentra no campo da ilegalidade, ou quando menos, no campo da imoralidade.

Jeito não é covardia, ou aceitação de qualquer encaminhamento que diminua a advocacia, sua independência, suas prerrogativas, sua dignidade profissional.

Jeito é uma forma legal, dialogada, ética, pacífica, flexível, madura e fraterna de se viver. É nesse campo de compreensão que se afirma que a advocacia é jeito.