sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ser poeta é um estilo de vida

Osho escreveu uma grande verdade: "Toda religião que deixa você mais poético é boa".

Um poeta vem a conhecer certas coisas reveladas somente em um relacionamento poético com a realidade.

Não é que você precise escrever poesia. Escrever poesia é apenas uma parte muito pequena e não essencial de ser poético. Uma pessoa pode ser poeta e jamais escrever uma única linha de poesia, e uma outra pode escrever milhares de poemas e ainda não ser um poeta.

Ser poeta é um estilo de vida. É amor pela vida, é reverência pelo universo, é um relacionamento amoroso com a natureza.

Além da linguagem

Tudo o que é grandioso está além da linguagem.

Quando existe sempre muito a dizer, é sempre difícil dizê-lo. Somente pequenas coisas podem ser ditas, somente trivialidades podem ser ditas, somente o mundano pode ser dito.

Sempre que você sente algo transbordante, é impossível dizê-lo, porque as palavras são muitos estreitas para conter algo essencial.

Palavras são utilitárias, boas para o dia-a-dia, para as atividades mundanas. Elas começam a ficar limitadas quando você se move além da vida comum. No amor não são útéis, na prece se tornam completamente inadequadas.

Tudo o que é grandioso está além da linguagem e, quando você descobre que nada pode ser expresso, então você chegou, então a vida está repleta de grande beleza, de grande amor, de grande deleite, de grande celebração.



Osho

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O mundo é um lugar que faz eco

Tudo o que damos ao mundo retorna e ressoa.

O mundo é um lugar que faz eco.

Se atirarmos raiva, a raiva voltará; se dermos amor, o amor voltará. Mas esse é um fenômeno natural, e não precisamos ficar pensando sobre ele para que aconteça, acontece por si só.

Essa é a lei do carma. Tudo o que você semeia, você colhe; tudo o que você dá, você recebe. Assim, não há necessidade de pensar a respeito, é automático. Odeie, e será odiado; ame e será amado.


Osho

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Nas ondas de nossa honrada tradição

" O furor das paixões políticas coloca os adversários fora da lei, há que se buscar para a sua proteção o abrigo da legalidade, incumbência que a tradição jurídica das mais antigas civilizações reservou sempre ao ministério do advogado, cabendo honrá-lo, não só arrebatando os inocentes da perseguição, mas reivindicando, no julgamento dos criminosos, a lealdade às garantias legais, a eqüidade, a imparcialidade, a humanidade". Rui Barbosa, o Dever do Advogado.

"A perseguição legal é mais odiosa do que a violência bruta, porque ela reúne a hipocrisia à iniqüidade. Os juízes que conferem à perseguição a aparência de legalidade são mais perversos do que os carrascos. Surge dái a necessidade de um advogado ardoroso para fazer triunfar a boa administração da justiça."

Em nossos dias, principalmente na defesa dos odiados, o advogado deve empenhar-se com redobrado ardor, para que as garantias legais dos acusados não adormeçam no papel.

Aos que insistem em não reconhecer a importância social e a nobreza de nossa missão, e tanto nos desprezam quando nos lançamos, com redobrado ardor, na defesa dos odiados, só lhes peço que reflitam, vençam a cegueira dos preconceitos e percebam que o verdadeiro cliente do advogado é a liberdade humana, inclusive daqueles que não nos compreendem e nos hostilizam, se num desgraçado dia precisarem de nós, para livrarem-se das teias da fatalidade." Evaristo de Morais, O Advogado Criminalista, esse desconhecido.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O cultivo do ódio

"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o oprimem". Berthold Brecht

Um direito tão básico que se reivindica, o de se defender, é recebido com manifestações de ódio por parte daqueles que incitam a vingança estatal como a melhor forma de realização da justiça; claro, sempre para os outros.

Esse direito penal inquisitivo, tem raízes no direito punitivo romano que foi aplicado contra os povos bárbaros, considerados inimigos do império.

Ressurcitou na Idade Média nos Tribunais do Santo Ofício para castigar os hereges, as bruxas, os templários, os maçons, os cientistas, os inimigos da igreja.

Com Napoleão Bonaparte os métodos punitivos ganharam feição ainda mais horripilantes, sendo novamente usados para combater seus opositores.

Tanto Hiltler como Mussolini resgataram a mesma forma de distribuir justiça, bem em sintonia com os regimes de terror.

Stálin segue no mesmo compasso. De manhã o réu era citado, a tarde era interrogado, sem advogado, e caso não capitulasse, recebia uma balada na testa.

O Código de Processo Penal Brasileiro foi elaborado em plena influência da legislação fascista na política brasileira, e vem perdurando até os dias atuais. Como vimos, tem refinada ligação com o direito que as falanges romanas aplicavam aos povos bárbaros.

Com a Constituição de 1988, iniciou-se uma reação contra as formas irracionais do processo criminal, consagrando uma série de direitos e garantias destinadas a proteger o cidadão da fúria do Leviatã.

No entanto, grande parte dos juízes brasileiros não respeitavam a Constituição e continuavam a aplicar o sistema inquisitivo na justiça penal. Prisões ilegais, invasões de escritórios de advocacia, incentivo as delações premiadas, vexames públicos, era uma verdadeira devassa na vida da pessoa.

Com a ascenção do ministro Gilmar Mendes na presidência do Supremo Tribunal Federal, as forças garantistas aglutinaram-se em seu derredor, e essa insanidade foi barrada. Novas leis foram aprovadas para reestabelecer o que a Constituição já prescrevia, exatamente pelo fato de muitos juízes-acusadores afrontarem a legitimidade constitucional.

Nesse novo período do processo penal é natural que surjam vozes querendo voltar ao passado, à justiça vingativa promovida pelos agentes públicos responsáveis pela persecução do crime. "Mata", "Enforca", "Queima", "Trucida", "Lincha", "Injeção letal nele e no advogado que o defende" são as vozes aberrantes dessas "consciências benditas, honestas, cumpridoras dos deveres, evoluídas".

O Júri de Hildebrando Pascoal se realizará neste contexto, e o choque entre o processo penal garantista e o processo penal bárbaro será inevitável.

Exemplo maior é esse. Um simples pedido para se garantir o direito do réu de se defender causou inúmeras manifestações de ódio dos que defendem o barbarismo na aplicação da pena, negando ao acusado a proteção constitucional.

Já dizia Rui Barbosa que o direito que não protege nossos inimigos não nos protege também.

E como tenho visto pessoas, outrora cultivadores do ódio punitivo, pedir socorro, quando vítimas da mesma lei que hidrofobamente aplaudiam!

"Mas Hildebrando matou barbaramente, não merece a proteção da lei", dizem os torquemadinhas.

Respondemos:

Você estava lá para ver? Você testemunhou o crime? Ou sua versão se baseia num ponto de vista parcial? Não queres ouvir o outro lado da questão? Então sua justiça não poder ser tida como séria.

E outra coisa... Se o debate for o do olho por olho e do dente por dente, não esqueça que se você está dizendo que foi o Hildebrando quem matou o Baiano, lembre-se que este ajudou a matar, agindo em comunhão de desígnios e ações com Jorge Hugo, Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando.

Estaria para você, à luz da coerência que defende, justificada a reação daquele que você diz ser culpado?

Que as ervas daninhas do ódio sejam podadas para que floresçam no nosso jardim as flores da verdadeira JUSTIÇA.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Inutila truncat

"O inútil retira-se". É uma regra de retórica, abordada por José Carlos Leal, no livro a Arte de Falar em Público.

Tudo aquilo que não serve, que é pesado, que atrapalha, que não tem utilidade, que não é claro, que não é objetivo, que não tem importância deve ser retirado da oratória forense.

Claro que a lição serve também para todas as áreas de nossa vida.

Se queremos mais leveza e suavidade na caminhada é preciso esvaziar nossa bagagem, jogar fora os entulhos, as tralhas, levando consigo apenas aquilo que for útil, essencial.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Uma parábola sobre a importância das dificuldades

"Era um vez um fazendeiro que, após uma colheita ruim, reclamou: 'Se Deus me desse o controle do clima, tudo seria melhor, pois parece que ele não entende muito de agricultura.'

O senhor, de pronto, disse a ele: 'Durante um ano eu lhe darei o controle do clima; peça o que você quiser, e seu desejo será concedido.'

O pobre homem ficou muito feliz e imediatamente disse: 'Agora eu quero sol!', e o sol saiu. Mais tarde ele disse: 'Que chova!', e choveu.

Durante um ano inteiro, o sol brilhava, e logo depois chovia. As sementes cresciam, cresciam...era um prazer observar aquilo!

'Agora Deus pode entender como se controla o o clima!', disse o homem com muito orgulho.

A plantação nunca havia crescido tanto, ficando tão verde, e de um verde tão saudável.

Chegou a hora de colher. O fazendeiro pegou a foice para cortar o trigo, mas sentiu um aperto no coração. Os caules estavam praticamente ocos.

O senhor veio e lhe perguntou: 'Como estão as suas plantas?'

O homem se queixou: 'Pobres, meu senhor, sem consistência!'

'Mas você não controlou o clima? As coisas não saíram como você queria?'

'Claro! E é por isso que não consigo entender; estou perplexo - recebi a chuva e o sol que eu pedi, mas não há o que colher!'

O senhor, então disse-lhe: 'Mas nunca pediu vento, tempestade, frio, tudo o que purifica o ar e torna as raízes duras e resistentes! Você não pediu mau tempo. É por isso que não há o que colher.'"


Osho



segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A bela origem da oratória

Por volta do ano de 465 a.C, dois homens dotados de grande inteligência e poder verbal começaram a ensinar o povo a se defender, por meio da palavra bem construída, dos ataques dos tiranos de Siracusa.

Tísias e Córax resolveram escrever o primeiro tratado sobre a arte de falar bem, instruindo as vítimas usurpadas de suas propriedades e de outros direitos a sustentarem suas razões nos tribunais da cidade, com firmeza, com destemor, com argumentos sólidos e técnicas apropriadas.

Aos poucos a nova arte foi ganhando brilho e graça fazendo parte da formação cultural dos jovens da época.

Alastrou-se pelo mundo e ganhou foros de sacralidade nos tempos de ouro da cultura grega, com Demóstenes, Péricles e Sócrates, quando mais uma vez foi usada para a pregação do que existe de grandioso no espírito humano.

A origem, portanto, da oratória, está fortemente associada às causas nobres, como a construção do império do direito contra à violência das armas, a afirmação da dignidade humana, a construção do bom governo, a busca do bem, do belo e do justo.

Um bom conselho aos advogados

O respeitado juiz Willian Douglas, em seu livro Como Falar Bem em Público, dirige este importante conselho aos advogados, e quem segui-lo, terá boa colheita.

"Um bom advogado sabe que quem briga são as idéias, nunca as pessoas. O mundo já é pequeno, e o jurídico, menor ainda. Você vai reencontrar as pessoas, em especial ex-adversos. Comporte-se com ética e educação. Esta atitude no mínimo facilitará muito sua vida no presente e no futuro. Cada dia de trabalho, cada petição e cada procedimento contribuem para construir a imagem que a sociedade e a comunidade jurídica têm e terão de você. Se for forte e respeitada, valerá tanto quanto cada um de seus mais poderosos argumentos.

Acreditamos sinceramente que o tempo premia aqueles que servem a verdade. Segundo o senador Jefferson Peres, ser ético é defender a justiça mesmo quando ela nos prejudica, e condenar a injustiça mesmo quando ela nos beneficia. Já foi dito que se o velhaco soubesse o valor da honestidade, seria honesto por velhacaria. Parafraseando, podemos dizer que se o orador desonesto soubesse o valor de ser considerado ético e honesto nos argumentos, agiria à luz desses princípios. A credibilidade é um valor extremamente importante na argumentação, e se assemelha a um cristal cuja a integridade deve ser mantida a todo custo."

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A magia dos provérbios na oratória

"Falar é prata, calar é ouro".

Provérbios são sentenças que expressam, de forma concisa, verdades e conhecimentos gerados pela experiência popular. É uma frase rápida baseada em uma longa vivência.

A sabedoria condensada dos provérbios dão cor e vida à comunicação entre os homens. Os provérbios podem expressar um insight, um vislumbre filosófico, jurídico, psicológico, etc.

Para Nelson Carlos Teixeira, em seu livro A Sabedoria Condensada dos Provérbios, esses adágios, ditados, anexins, podem conter um conselho ("Não coloque todos os ovos na mesma cesta"), um aviso ou previsão ("É melhor prevenir do que remediar"), uma observação (Água mole em pedra dura tanto bate até que fura), uma afirmação abstrata ("Errar é humano") ou referir-se a uma experiência concreta do dia-a-dia ( Barata esperta não atravesa galinheiro").

Muitos provérbios entram em contradição com outros, exatamente porque a vida é rica em oposições, em dualidades. Ex: "Mentira tem pernas curtas", ou "Uma mentira contada mil vezes torna-se uma verdade". "Deus ajuda a quem cedo madruga", ou "'Mais vale a quem Deus ajuda do que quem cedo madruga". Dependendo das circunstâncias um ou outro provérbio terá mais força persuasiva do que o outro, servindo para melhor ilustrar a situação posta.

Uma marca forte dos provérbios é a sua universalidade. Existem aqui e alhures.

Em retórica chamamos essas inteligentes e bem formuladas reflexões sobre as coisas da vida de tópos, ou seja, o lugar-comum, o que todos creem seja a verdade, forma de conhecimento partilhado por determinado grupo de pessoas. Para persuadir é preciso conhecer a opinião dos outros e só se conhece ouvindo bem.

Deve o orador ter cuidado com o uso em demasia dos provérbios, principalmente com aqueles já surrados pelo tempo, conhecido de todos, que não causam mais muito efeito . Deve saber utilizá-los no momento mais adequado e de forma coerente. Deve saber citá-los com presença de espírito, com empatia, com originalidade, assim, mesmo um provérbio já amarelado pelo tempo, readquire a sua graça original.

Os homens da palavra devem prestar atenção ao que ensinam muitos provérbios sobre a arte de falar bem e de ouvir bem.

"Oração curta depressa chega ao céu".

"Quanto mais você falar menos a audiência lembrará".

"Quanto menos palavras melhor a reza".

"Quando falares cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio."

"Temos dois ouvidos e apenas uma boca para ouvir mais e falar menos".

"O sábio pesa suas palavras na balança do ourives".

"Falar sem pensar é atirar sem mirar".

Como diz Nelson Carlos Teixeira, "os provérbios são, pois, como os nossos pais e professores, que oferecem conselhos, ensinam regras de comportamento e transmitem observações sobre pessoas ou acerca da natureza, com a vantagem de serem concisos, perspicazes e filosóficos."

Os provérvios têm força persuasiva indispensável na ciência do bem dizer, que também é ciência do bem ouvir.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A retórica do medo

A anáfora é uma figura estilística que cumpre importante papel dentro da oratória.

Consiste na repetição de palavras ou expressões, no início de cada frase, com o objetivo de martelar uma idéia, um pensamento ou uma proposta.

Santo Agostinho costuma criar slogans em seus discursos para inculcar nos fiéis a sua lição. Padre Antonio Viera também utilizava muito a reiteração como recurso retórico.

Lendo o livro Argumentação e Discurso Jurídico, de Antonio Henrique, pude melhor perceber como a Igreja Medieval amedrontava seu rebanho utilizando-se da força expressiva da anáfora.

"Fogo, fogo; tal é a recompensa de vossa perversidade, pecadores endurecidos. Fogo, fogo e fogo do inferno. Fogo nos olhos, fogo na boca, fogo nas entranhas, fogo na garganta, fogo no nariz, fogo dentro, fogo fora; fogo embaixo, fogo em cima, fogo por toda a parte."

Ainda hoje, a retórica do medo é a base da existência de muitas religiões.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Arrebatação

Onde acaba a razão faz-se uso da violência. Assim é que se procede nos regimes totalitários, nos ambientes sufocados pela tirania.

A palavra é cortada, silenciada, vergada, cassada, perseguida, pela truculência das armas, das leis injustas, dos homens maus.

Mas é com a palavra que esses regimes são derrubados. Chega um momento em que ela reage, arrebata, como a força das águas, dos ventos, do fogo. É energia que mobiliza, agita, rebela, desejando florescer.

Como dizia Rui Barbosa, " a palavra, nessa atmosfera eletrizada, adquire estranha sonoridade, lampeja, deflagra, atroa, fulmina". "A palavra, como a funda de Davi, abate os violentos e faz tombar os fortes" (Anatole France). E não tem ditadura que se sustente.

A palavra desabrocha e floresce exalando toda a fragrância no parto dos sentimentos e dos pensamentos.

sábado, 3 de janeiro de 2009

A força do direito contra o direito da força

Participei de um júri popular onde minha principal tese de defesa foi uma acusação. Um defesa- acusação. Acusava os acusadores.

Acusava a investigação de utilizar métodos violentos e ilegais para inventar o autor de um homicídio.

Quando os argumentos dos investigadores estavam esgotados passaram a utilizar o mesmo método que o lobo utilizou para capturar o cordeiro, na conhecida fábula de Fedro.

Foi em torno da fábula que acusei e denunciei a truculência que vitimava o cidadão.

Elaborei um slogan - um grito de guerra - para a defesa, quando terminava de refutar um argumento : "Mas isso era coisa do lobo, a pretexto de pegar o cordeiro."

Conta a fábula que certo dia o lobo se encontrou com um cordeiro na beira de um riacho. O lobo estava mais acima e o cordeiro estava mais abaixo.

O lobo, querendo um pretexto para matar o cordeiro, lança a primeira acusação: "Por que turvas a água que eu estou a beber?"

O cordeiro se defende: "Isso não é possível, pois água que bebemos corre de ti para mim".

Desmoralizado, o lobo lança a segunda acusação: "Dizem que a há seis meses, tu andavas falando mal de mim".

O cordeiro rebate: "Impossível, há seis meses eu não tinha ainda nascido".

Irritado, o lobo lança a terceira e última acusação, sem chance do cordeiro se defender: "Se não foi tu que falou mal de mim foi teu pai, e portanto, deves pagar por isso".

E com avidez devorou o cordeiro.

Os argumentos do lobo foram frágeis para derrotar a firmeza do cordeiro.

Foi o direito da força sufocando a força do direito. Mas isso só é posível num ambiente de tirania, de arbítrio, de mentiras, de correlação de forças desproporcionais.

Num espaço de democracia, de legalidade, é o argumento, a razão, a verdade, que deve prevalecer.

A fábula que utilizei no júri serviu de ilustração para fortalecer a tese que estava defendendo, o que se encaixava com perfeição ao caso em julgamento.

O Tribunal do Júri, repudiando as táticas de investigação dos lobos, absolveu o acusado fazendo valer a força do direito contra o direito da força.