sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A verdade e o risco

"As vitórias da verdade jamais foram alcançadas sem risco".

A frase de Gandhi por si só demonstra que a verdade, para prevalecer, enfrenta desafios, obstáculos, riscos, mas sempre se impõe, vence, verga a mentira.

Grande Lutero

"Estando o vosso pontificado dominado pela mentira, não mais vos obedecerei".

Foi assim neste nível que Lutero enfrentou toda a estrutura de poder da corrupta igreja medieval.

Homem de grande coragem e de palavra firme não se abalou diante daqueles que lhe perseguiam.

É atribuída também a ele a frase: " No início da história da igreja, os cálices eram de madeira e os padres de ouro; hoje, os cálices são de ouro e os padres de madeira".

Grande Lutero.

Não há espaço para os covardes

"É preciso que o advogado aceite os riscos de uma causa justa".

Essa frase vem da pena de um dos maiores criminalistas franceses, Maurice Garçon, que escreveu o imorredouro Ensaios sobre a Eloquencia Judiciária.

Na advocacia criminal não há espaço para os covardes.

A coragem deve ser a virtude maior do candidato a criminalista.

Preste mais atenção!

"Assim como os olhos do morcego são ofuscados pela claridade do dia, do mesmo modo a inteligência humana ofusca-se com as coisas naturalmente evidentes". Aristóteles

O segredo é prestar mais atenção, ficar mais alerta, mais consciente, ligado, e muitos mistérios se revelarão.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Oração do orador

Jesus Cristo foi um mestre da palavra, possuidor de toda a ciência do bem falar.

O Sermão da Montanha é um exemplo da grandeza do Homem.

Com base em uma de suas pregações formulei a oração do orador, inspirado em Lucas 21:15.

"Dai-me Senhor o poder da palavra e a presença da sabedoria para que verdade triunfe e todos vejam a vitória do justo."

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Mire-se no destemor dos espíritos nobres

Segundo Miramez o candidato a orador deve familiarizar-se com os espíritos superiores, com as idéias elevadas, com os ideais nobres.

Isso quer dizer que aqueles que falam bem tem uma longa e laboriosa relação com os grandes homens da humanidade, os acordados, com os homens de consciência evoluída.

Não basta ler muito. Tem que saber o que se está lendo, o que se está conhecendo.

Carlos Lacerda disse certa feita que aprendeu a verbalizar bem lendo as obras de Machado de Assis e Eça de Queiroz.

Não é que você deverá imitar Carlos Lacerda. Se servir tudo bem, se não servir procure uma leitura que lhe proporcione um melhor desabrochar de sua argumentação, desde que seja de alguém que tenha profundidade, o que não não significa obscuridade, complexidade, idéias difíceis de entender, essas você pode jogar fora.

Particularmente, a leitura dos livros de Osho muito tem me auxiliado. Seus livros nascem das reproduções de milhares de palestras que deu em diversas partes do mundo, durante mais de trinta anos. O estilo é oral, fluente, cadenciado, poético, profundo, místico.

Osho foi um reconhecido orador. Falava com calma, no estilo zen, onde se fala fazendo silêncio. Mas quando precisava falar mais forte ribombava como um trovão.

Nunca esqueça: procure adquirir substância, vigor, energia, para sustentar sua oratória. Pois como dizia Hannad Arendt "quanto mais superficial alguém for, mais provável será que ele ceda ao mal". Que ele se amedronte, que ele se acovarde.

Mire-se no destemor dos espíritos nobres e você conhecerá a força de suas palavras.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Aprendendo a advogar com os que sabem

Dedico este artigo a Edinei Muniz que começa a trilhar sua carreira de advogado, e torço para que seja construída com sucesso.

Por esses dias andei lendo o livro Cartas a um jovem advogado, escrito por Francisco Müsssnich, famoso advogado brasileiro na área de direito societário.

Desde cedo, intuitivamente, senti que o segredo de saber advogar estava em ouvir os mestres da advocacia; estudar seus casos, ler suas biografias, escutar seus conselhos, aprender com suas experiências.

Selecionei alguns ensinamentos do livro. Achei-os de bom valor.

"Sou movido pela paixão. Acho que não há advocacia sem paixão, como provavelmente não há jornalismo sem paixão, ou medicina sem paixão, ou teatro sem paixão."

"Dedicação, garra, foco nos interesses do seu cliente, dever de casa, inegociável respeito à ética são pilares para o pleno sucesso em qualquer profissão."

"É preciso ter inteligência emocional, saber a hora de apartar a briga e a hora de mergulhar numa delas".

"O sucesso do advogado depende da habilidade de entender o que leva as pessoas a agir dessa ou daquela maneira. A capacidade de desenhar estratégias e antever as do adversário é um trunfo que diferencia os profissionais do direito".

"A profissão do advogado é multidisciplinar".

"Todos os advogados devem estudar com atenção dramas e comédias".

"Um advogado precisa ver além do direito".

"Há inúmeras maneiras de descrever um ato. Além de dizer alguma coisa, é possível gritar, sussurrar, contar, explicar, comentar, jurar, lembrar, enfatizar, redargüir, contradizer e afirmar".

"Muito marketing, pouca substância".

"Autoconfiança e intuição são trunfos na luta pelo sucesso profissional".

"Ser advogado é ter adversários. É contrariar interesses. Por isso, pratique o autocontrole."

"Jogue limpo, seja ético e só brigue por aquilo que vale a pena."

"O advogado tem que ser um maestro".

"Nada pior do que um opositor incompetente".

E por último, diz Francisco Müssnich, reforçando o que falei no início: "O mais importante fator de aprendizado é o convívio com os grandes mestres".

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mary Teodoro: curvo-me a tua honradez, oh brilhante promotora!

Trabalhei em muitos julgamentos militares com a promotora Mary Teodoro.

Tinha por ela um sentimento de respeito profundo. Não era promotora de viver planejando o mal contra os outros.

Realizava seu trabalho com zelo. Tratava a todos com distinção e lhaneza. Quando estava convicta do que sustentava combatia o bom combate até o final.

Em algumas vezes vi a doutora Mary Teodoro enzamboada, era quando perdia um julgamento e achava o resultado injusto. Mas como eu já conhecia esse humor, evitava espalhafatos na comemoração da vitória, não que ela se incomodasse com isso - todas as vezes ela me elogiava - mas em sinal de minha admiração pela sua transparência, honestidade na argumentação e pelo sincero carinho que manifestava por mim. Quando eu ganhava em casos difícieis ela dizia: "Mais um milagre, né, do doutor Sanderson".

Se a Polícia Militar melhorou muito nos últimos tempos foi graças, em grande medida, a atuação firme e corajosa e transparente da promotora Mary Teodoro.

Tudo o que eu estou dizendo aqui, eu disse a ela, ainda quando ela estava neste plano. Não é só porque ela morreu que eu estou dizendo isso.

Era fervorosa seguidora de Cristo, sem ser chata com as pessoas. Convivia pacificamente com quem não tinha a mesma crença dela.

Exultou com a vitória de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. Muito entusiasmada, enviou-me o discurso de posse porque sabia que eu admirava a oratória do novo presidente. Ela via em Barak Obama a vitória da fé protestante.

Quando eu saía de casa para participar de algum julgamento na Auditoria Militar, saía mais feliz da vida, dando bom dia ao sol e assobiando como um passarinho. Encontraria, como adversária circunstancial, uma promotora de justiça e não de acusação, como ela sempre enfatizava. Muitos também dizem isso, mas nas palavras que vinham da boca de Mary Teodoro a sentença vinha clareada de autoridade. Sua prática revelava que era autêntico o que dizia: promovia a justiça.

"Fala pra que eu te conheça", ensinava Sócrates. Quando Mary Teodoro começava a verbalizar, toda a sua alma entusiasmada de promotora desabrochava como nas poesias das flores raras. Perdemos uma mulher útil a sociedade acreana. Mulher importante mesmo! Brilhante! Que palavra bonita! Brilhante! Brilhante promotora!

A ciência do falar bem perde uma de suas belas manifestações. Mary Teodoro era apaixonada pela palavra bendita, pela lógica coesa, pelos gestos expressivos, pela magia que a palavra era capaz de criar no meio forense, como mensageira encantadora da verdadeira justiça.

Sinto bastante a partida da promotora Mary Teodoro. Minha solidariedade a toda a sua família, que é sólida e bem assentada em rocha firme.

Adeus, Mary Teodoro, promotora de verdade, promotora decente. Para ti, tiro o meu chapéu e curvo-a tua honradez, oh brilhante promotora!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O abuso e a reação

De Cícero para Catilina, no plenário do Senador Romano:

Quousque tandem, Catilina, abutere patientia nostra.

"Até quando, Catilina, tu abusarás da nossa paciência".

Até quando tu nos desrespeitarás, até quando tu continuarás gritando conosco, nos tratando mal, nos magoando, nos injuriando, até quando?

Quando Cícero terminou de pronunciar seu discurso o povo mandou Catilina para um lugar distante.

O juiz de respeito

Para Sócrates quatro coisas devem ser feitas por um juiz: "ouvir cortesmente, responder sensatamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente".

De plano se nota a incompatibilidade entre desequilíbrio e magistratura.

Deve haver, no processo de seleção dos futuros juízes, rigorosa investigação a respeito de sua inteligência emocional. Ganha a sociedade e ganha o Poder Judiciário.

Para ser digno do nome de JUIZ a que se seguir os ensinamentos do grande filósofo.

A verdadeira autoridade

Os latinos criaram um brocardo jurídico que bem pode servir para uma bela reflexão, principalmente como fonte de resistência cívica ao arbítrio.

Ex vera ratione processit, ratio vero nequaquan ex autoritate.

"A autoridade nasce da razão, não a razão da autoridade".

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mais uma vitória da advocacia: o fim das KGB's

"A clandestinidade do processo macula de suspeitas as decisões mais justas". Rui Barbosa

O Supremo Tribunal Federal aprovou, esta semana, a Súmula Vinculante 14, proposta pela OAB, que garante aos advogados acesso irrestrito as investigações sigilosas promovidas pela Polícia e pelo Ministério Público.

Essas investigações se davam bem ao estilo das polícias políticas dos regimes de terror, como a Gestapo nazista e a KGB stalinista.

O exercício pleno da defesa estava sendo vilipendiado por "otoridades" insanas que faziam do sigilo investigatório uma arma para perseguir, intimidar, extorquir, se locupletar, e bagunçar com a ordem jurídica constitucional.

No livro Gestapo: a História da Polícia Secreta de Hitler, escrito por Rupert Butler, encontra-se a seguinte passagem, referindo-se ao diabolismo de seus métodos:

"É polícia que tudo controla, que tem olhos onipresentes, que tudo vê, que tudo reprime, que tudo ouve. Caça deslizes, cochichos, até pensamentos, se possível fosse.

Vasculha cartas, mensagens, bilhetes, arquivos, fichários, agendas. Ausculta telefonemas, conversas de bares, confidências de amigos. Arromba, invade, expõe a execração pública.

Polícia secreta que não tolera segredo de ninguém. É temida, odiada, porque passa a ser vergonhosamente secreta, covardemente escondida em si mesma, invasivamente destruidora de toda privacidade, desavergonhadamente ditatorial mostrando suas garras a quem der o menor sinal de insatisfação para com o regime".

Civicamente, a advocacia, em todos os recantos do país, vem travando uma luta sem tréguas, com destemor, de peito aberto, de dedo em riste, para fazer valer a democracia constitucional brasileira.

Mais uma vitória nossa. O segredo policialesco e ministerialesco agora acabaram, para o bem da cidadania brasileira. É o fim das KGB's.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Presença de espírito ou burrice mesmo?

Um aluno foi receber a prova das mãos de seu professor de filosofia, ficando os dois frente a frente; o professor segurando numa ponta e o aluno segurando na outra ponta da prova, como se estivessem disputando quem ficaria com o objeto.

Todos ficaram olhando, tensos, preocupados com o que iria acontecer.

O professor questionou-lhe a nota lamentável, o que prontamente o aluno respondeu-lhe, em tom alto e e explicado:

"Meeestre... como dizia Plaaatãooo....'só sei que nada sei'".

O que o lente indagou:

"Não foi Sócrates quem disse isso?"

O aluno sem jeito, mas carismaticamente, retrucou:

"Pro senhor vê que nem isso eu sei."

A sala caiu em grande gargalhada aplaudindo a presença de espírito do colega.