terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Paixão pelos Livros

"Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante". Clarice Lispector.

A paixão pelos livros é uma paixão muito rara, mas é uma das mais belas que existem. Está ligada a sede de conhecimento. Essa paixão pode ser bem ilustrada por uma frase de Erasmo de Roterdã: "Quando tenho algum dinheiro compro livros. Se ainda me sobrar algum, compro roupas e comida".

Livros antes de roupas e comida? Quem cultiva essa paixão entende bem a dimensão dessa frase. Do jeito que se bebe água para saciar a sede do corpo, se lê livros para saciar a sede da alma. "Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como um corpo que não come", ensinava o grande escritor Victor Hugo.

Nesses dias comprei uma obra intitulada A Paixão pelos Livros, que consiste de uma coletânea de frases e textos de famosos amantes de livros, como: D´lembert, Benjamin Franklin, Milton, Montaigne, Victor Hugo, Kafka, e tantos e tantos outros. Os livros são as melhores companhias dos grandes líderes. Bacon falava: "Quer amigos, procure nos bons livros: eles são amigos verdadeiros, que não bajulam ou dissimulam".

Na paixão entre o homem e o livro tem quase tudo que existe na paixão entre o homem e a mulher: ciúmes, discordâncias, decepções, lágrimas, risos, prazeres. Só uma coisa é bem diferente, ainda não encontrei um divórcio entre os livros e seus amantes. É uma paixão duradoura. Dizia o filosófo Ralph Emerson que a "Biblioteca de um homem é uma espécie de harém".

E para finalizar, afirmava o grande advogado e orador romano Marco Túlio Cícero, numa frase provocante: "Uma casa sem livros é como um corpo sem alma".

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O ponto no discurso

Essa palavra, ponto, tem grande importância na arte retórica, falada ou escrita.

Por exemplo, o orador precisa por um ponto final no seu discurso, que não pode se extender indefinidamente, causando afobação nos ouvintes.

Um discurso bem feito, além de ter ponto final, tem ponto parágrafo, tem ponto de interrogação, tem ponto de exclamação, tem ponto e vírgula.

Todos os grandes discursos da humanidade tocaram no ponto certo, no alvo, na essência, na substância, na veia! E por isso se perpetuaram nas memórias dos livros.

Quando eu era menino minha mãe não deixava ninguém mexer e nem mesmo olhar na panela da cocada, porque isso dificultaria o encontro do ponto apropriado, aquele que tornaria a cocada firme e de bom gosto para o consumo.

O bom orador é aquele que sabe dar o ponto, que sabe encontrar o ponto, que sabe tocar no ponto, que zela pelo ponto, o ponto certo da grande arte do convencimento.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quem sabe faz a hora mas também espera acontecer

Cantei muito a canção do poeta, nos meus tempos românticos de movimento estudantil:

"Quem sabe faz a hora não espera acontecer".

O jovem realmente quer fazer a hora, nos arroubos viris da mocidade. E em muitos momentos da minha vida fiz a hora. Batalhei, lutei, busquei, consegui, como disse o grande líder romano Julio César: Vim, Vi e Venci!

Só que em outros tantos momentos, por mais que minha determinação na ação tenha sido levada até as últimas consequências, não consegui fazer a hora, tive que esperar acontecer.

Hoje vejo a vida por esses dois ângulos. Muitas coisas se realizam pela nossa vontade de fazer acontecer; já outras não, temos que aguardar o tempo certo de sua maturação.

Quando jovem, ao cantar a canção, tinha a frase como verdadeira em sua inteireza. Agora sei que parte dela é verdadeira, mas a outra parte já nem tanto.

Se tivesse de reformular essa frase, que virou um verdadeiro provérbio popular, diria: Quem sabe faz a hora, mas também espera acontecer. Incluiria nela a saberdoria do Rei Salomão que nos ensina que há um tempo certo para todas as coisas!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

As crenças penalizantes

No livro Como se Expressar em Público, de autoria de Jean-Denis Ménard, conheci a expressão crenças penalizantes.

São aquelas atitudes e compreensões que escravizam, tendo a natureza de verdadeiras penas, sanções, sofrimentos, que limitam o progresso individual e que trava o amadurecimento mental.

O autor cita exemplos:

"Crer que eu seja perfeito".

"Crer que eu devo ser amado por todo mundo".

"Crer que as pessoas devam estar disponível para mim todo tempo que eu quiser".

Jean-Denis Menard também fala dos pensamentos automáticos:

"Não vou conseguir".

"Eles não querem me escutar".

"Sou sempre o último a lista".

E muitos e muitos outros exemplos podemos trazer à tona a respeito das crenças penalizantes:

"Estou sempre certo".

"Ninguém me ama".

"Ninguém me entende".

"Vivo para sofrer".

"Ninguém se importa comigo".

"Ninguém me dá atenção".

"Só me escolhem para ser o Judas".

O candidato a orador, a comunicador precisa abandonar essas crenças negativas a respeito de si e do mundo, se quiser ser um orador maduro e bem resolvido.

Além disso cabe ao orador saber lidar com essas pessoas complicadas, que certamente encontrará pelo caminho. Muitas vezes o sucesso ou insucesso de suas intervenções dependerá de sua habilidade de conduzir ouvintes que sofrem de crenças penalizantes.

Existem até livros que ensinam como lidar com pessoas difíceis. É uma habilidade relevante que um comunicador vitorioso precisar dominar.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A humildade

Li agora a pouco uma reflexiva frase de Osho, no belíssimo livro Desvendando Mistérios. É uma ilustração primorosa que nos desperta para o cultivo da humildade.

"Uma vez que a luz é emitida por meio da lâmpada, a lâmpada pode se iludir, ao achar que é a criadora da luz".

A humildade é uma das mais finas virtudes que um homem pode ter.

De novo uma frase de Osho:

"Olhe o céu estrelado, veja o sol trazendo o amanhecer, a terra girando, o mar dançando, a noite prateada pela lua, a flor desabrochando, tanta harmonia, tanto milagre, tanta magia, tanta grandeza, tanta poesia, como você não consegue ser humilde diante de tudo isso?"

Disse o Mestre Jesus no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os humildes porque herdarão a Terra".

Humildade, jorra a tua luz a cada dia no meu ser! Pois a minha alma anseia por ti!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Heróis da Paz

Heróis da Paz é um livro organizado por Irwin Abrams, grande autoridade em história do prêmio Nobel da Paz.

O livro traz partes importantes de discursos daqueles que ganharam esse prestigiado prêmio internacional, instituído em 1901 por Alfred Nobel, um homem de grande riqueza e espírito humanista.

Em 1989, ao ser ganhador do Nobel da Paz, disse Dalai Lama: "A paz começa no interior de cada um de nós. Quando temos paz interior, podemos estar em paz com aqueles que nos cercam. Quando nossa comunidade encontrar-se em estado de paz, ela poderá compartilhar essa paz com as comunidades vizinhas, e assim por diante, espalhando-a pelo mundo todo".

O livro é interessante para aqueles que se interessam pelo estudo da oratória, da liderança, da Política, da espiritualidade, dos direitos humanos, exatamente porque é um registro da oratória dos grandes líderes que foram agraciados com tão distinta honraria, como por exemplo, Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King, Gorbachev, Yasser Arafat, dentre outras personalidades da história mundial.

A obra Heróis da Paz se destina a todos aqueles que querem ser porta-vozes de um mundo mais evoluído, de uma mensagem mais agradável a alma humana, a começar de si, que anseia por paz e felicidade, e que precisamos para isso galgar novos degraus da consciência.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Transformando Crises em Oportunidades

Comecei a ler o livro Transformando Crises em Oportunidades, de Osho, recentemente lançado pela editora Cultrix.

Para Osho, ocultas nas crises, estão as oportunidades. Ele examina com originalidade a crise ecológica, a crise ética, a crise de consciência, a crise dos valores humanos, a crise da educação, e outras crises, das individuais as coletivas, apontando soluções para a construção de um futuro dourado para a humanidade.

Osho é um Mestre que eu gosto de ouvir. Assim são seus livros, ao lê-los, tenho a impressão de ouvir sua própria voz. Seus livros são transcrições de suas palestras, daí o tom oral, fluente, espontâneo de suas pregações. Como grande orador e homem da verdade, a leitura de seus textos em voz alta, auxilia no desenvolvimento de nossa expressividade e de nossa consciência.

Segue algumas frases que selecionei da obra:

"O homem é uma bela floração do universo".

"As pessoas só mudam quando estão sob imensa pressão".

"Seja forte como um leão, e inocente como uma criança".

"Só uma pessoa está faltando dentro de você, você mesmo".

"Mude a si e mudará o mundo".

"Eu prego o homem integral, o homem total. Ele é tanto o exterior como o interior".

"Você precisa entender a lei da dialética da vida".

"Utilize todos os opostos como complementares e sua vida será mais plena".

"Não se vanglorie achando que você é superior a quem comete um pecado. No lugar dele, com os mesmos antecedentes, você cometeria a mesma coisa".

"Eleitores medíocres só selecionam pessoas da sua própria categoria".

"A singularidade é um conceito mais elevado do que igualdade".

"A iluminação é o útero de Deus".

"Você se torna o que você faz".

"A meditação pode purificar o santuário interior do homem".

"Deixe de lado a atitude pessimista, desenvolva a sua positividade".

"Tudo depende da maneira que você aborda".

"É só nos extremos, só quando a vida enfrenta a crise, que a transformação acontece".

"A liberdade só existe quando somos totalmente conscientes".

"A terra pode se tornar um paraíso".

"O problema não é o capitalismo, o problema é a inconsciência".

"O seu modo de pensar é que tem sido a causa de todos os seus males".

"A mente precisa ser transformada, só então os problemas desaparecem".

"Eu ensino uma religiosidade que é sensual, para além do que a sua cabeça poluída imagina".

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Advogado de Deus

Há mais de 10 anos comprei o livro O Advogado de Deus, da famosa escritora Zibia Gasparetto. Nessa época surgia nas telas do cinema O Advogado do Diabo, tanto assisti ao filme, como li, por várias vezes, o livro que o deu origem.

O fato é que não me interessei muito para ler o livro O Advogado de Deus. Até que li um ou dois capítulos, mas não continuei a leitura.

Na sexta-feira passada, estando na livraria Nobel, vi o livro e o tirei da estante. Despertei de uma hora para outra em lê-lo, e quis comprar um novo exemplar, mas a consciência não me permitiu, já que tinha o livro, embora com as páginas ficando amareladas pelo tempo.

Retornei ao escritório, peguei O Advogado de Deus, limpei-o, reencapei-o e reiniciei a leitura.

O livro fala da história de uma forte vocação. Daniel é filho de pais ricos, famosos na política e na sociedade carioca. Os pais querem que ele siga o caminho da política. Mas Daniel sente o chamado para a advocacia, e contra a vontade dos pais, segue o seu caminho, colocando a força da profissão a serviço da verdade, da justiça, do direito.

Num diálogo do livro, a irmã de Daniel, quando o vê em conflito com os pais a respeito de seu destino, o interroga:

-Você acredita que vai encontrar o que procura?

-Acredito. Sou jovem e tenho vontade de viver - responde Daniel.

- Está entusiasmado? - novamente pergunta a irmã.

-O que faremos sem o entusiasmo? Ele é o grande motivador na busca da felicidade - diz Daniel.

Zibia Gasparetto assim fala de seu livro:

"Ninguém nega a beleza das leis humanas tentando estabelecer os direitos de cada um, protegendo a sociedade, para que a melhor justiça seja feita.

Porém muitos profissionais do Direito que juraram defendê-las afundam-se na ganância e nos abusos de poder. Por isso há tanta descrença na justiça dos homens. E quando você precisa, fica difícil encontrar uma pessoa de confiança.

A história de Daniel demonstra que ainda se pode confiar em alguém que respeita a ética, na procura da verdade, e eficientemente promove a justiça. Estes são os anjos do bem na terra, e no astral são chamados de 'advogados de Deus'!".


A obra virou peça de teatro, e merece ser transformada em filme de tribunal. Nos Estados Unidos isso já teria acontecido, pois também conta, o romance, com os ingredientes da luxúria, do poder, da fama, da traição, do sexo e das intimidades da vida nababesca.

O livro traz uma mensagem superior, e tem sido para mim uma vitamina de ânimo para seguir minha profissão com mais convicção de ser ela um instrumento benfazejo da justiça divina para reparar a injustiça dos homens.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O bastão dourado e glorioso da advocacia

Por esses dias perguntei ao meu filho Danton Moura, de 6 anos, se ele já tinha uma ideia de qual profissão iria seguir na vida. Como quem não soubesse da minha resposta, me fez a seguinte indagação:

- O senhor pode me dar uma opinião?

Eu lhe respondi:

-Posso. Tem um mandamento do advogado escrito por um homem chamado Eduardo Couture que diz assim: "Procura considerar a advocacia de tal maneira que, no dia em que teu filho te pedir um conselho sobre seu futuro, consideres uma honra para ti aconselhá-lo que se torne advogado". Então, seja um advogado, mas um verdadeiro advogado!

Ele ouviu essa minha resposta enquanto brincava de um herói qualquer com poderes mágicos emanando de suas mãos... e correndo pela sala, disse-me:

-Então tá bom, serei um!

E neste momento, que escrevo, com o livro Os Mandamentos do Advogado em mãos, de Eduardo Couture, leio uma bela explicação desse seu mandamento:

"Quando o advogado chega ao ponto de aconselhar seu filho, no dia decisivo em que deve orientá-lo sobre seu futuro, que siga sua própria profissão, é porque encontrou nela algo mais que um simples ofício, entreviu nela, para além dos sacrifícios e amarguras, os raios dourados da glória".

Como disse Martin Luther King, I have a dream! Eu tenho um sonho, um sonho de ver minha descendência levando com zelo e amor o bastão dourado e glorioso da advocacia, cada geração entregando esse bastão para outra, com honra e lealdade, pois ele é algo que só os corações dos verdadeiros advogados podem ver, decifrar e admirar!

11 de agosto! Bendito e louvado seja este dia! O dia do advogado!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A proxêmica: reconheça seu lugar!

Já algum tempo estava querendo me lembrar de um termo que li num livro de oratória e que se referia a distancia que as pessoas devem manter umas das outras para não invadirem o campo de suas privacidades.

O termo é proxêmica, do inglês proxemics, proximidade, palavra usada pelo antropólogo americano Edward Hall, o principal estudioso da proxêmica, no seu livro Dimensão Oculta.

Às vezes determinado indivíduo fala tão perto de você, ou se aproxima tanto, que você se sente incomodado com a situação. Claro que não estamos falando de um amigo, de um filho, de uma namorada, esposa, mãe, que têm, em regra, mas nem sempre, intimidade para tanto. Quanto maior a intimidade menor a distância verbal, física, emocional e espiritual.

No tribunal do júri o advogado tem que ter a delicadeza, a habilidade, o respeito, o conhecimento da proxêmica para não adentrar, quando está falando, no espaço pessoal de cada jurado, no espaço de sua respiração, no espaço de sua transpiração, de sua aura, de seu campo energético.

Saber reconhecer o espaço do outro, o lugar do outro, e só se aproximar mais do que o permitido quando convidado, é sinal de inteligência interpessoal e de maturidade nos relacionamentos.

O desconhecimento da proxêmica pode ser visto como uma inconveniência, uma indiscrição, um constrangimento, uma invasão de privavidade, uma violação do domicílio íntimo. O problema se agrava quando o cheiro do invasor não recomenda a proximidade.

O líder, o orador, e todas as pessoas que queiram se relacionar melhor, têm que estudar a proxêmica, os espaços privados que cada um tem, e as distâncias que devemos manter para não violarmos as fronteiras do território individual uns dos outros.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Por que estudar oratória?

Feliz daquele que desperta para o estudo da ciência da oratória. Pesquisas aos montes mostram que as pessoas que se expressam melhor tem mais oportunidades de sucesso na vida.

E no meu dia a dia vejo que o desconhecimento da oratória leva muitas pessoas a passarem por constrangimentos desnecessários. Constrangem a si mesmos e constrangem também os outros.

É fácil identificar um analfabeto em oratória! Nos parlamentos, nos fóruns, nas salas de aula, na mídia, nos eventos do cotidiano, na comunicação interpessoal, nas igrejas, a ignorância em relação a conhecimentos básicos de oratória é algo assustador, e não mais aceitável pelos ouvintes mais atentos. Há uma frase que diz que os ouvintes são mais observadores e inteligentes do que o orador imagina.

A matemática deveria ser muito simples. Se todos nós somos seres de palavras, usando-as diariamente, por que não as estudamos para as conhecermos melhor? Isso é a oratória, a ciência, a arte, de dizer as palavras com mais habilidade, com mais responsabilidade, com mais consciência.

Quem conhece o básico de oratória não se apossa da palavra, esquecendo-se de que tem outras pessoas para falar também.

Quem conhece o básico de oratória não fala como se estivesse comendo o microfone. Sabe a distancia correta que deve mantê-lo da boca.

Quem conhece o básico de oratória se preocupa com a altura da voz, nem muito baixa, nem muito alta, na medida certa, mas sempre com firmeza.

Quem conhece o básico de oratória evita criar mal-estar com comentários indiscretos, polêmicos, impertinentes, inapropriados, arrogantes, etc.

Quem conhece o básico de oratória sabe da importância da clareza, da objetividade, da concisão, da brevidade.

Quem conhece o básico de oratória sabe o momento certo de falar e de calar, e a maneira de expor um assunto.

Quem conhece o básico de oratória sabe também da importância de ouvir.

Quem conhece o básico da oratória sabe onde colocar as mãos, sabe a postura que se deve ter na hora de falar.

Quem conhece o básico de oratória sabe o jeito certo de se vestir em cada ocasião.

Quem conhece o básico de oratória sabe dirigir suas palavras com efetividade para alcançar um objetivo.

Quem conhece o básico de oratória sabe que tem o dever de dominar o assunto que se vai falar.

Quem conhece o básico de oratória sabe que o floreio da palavra, o exibicionismo do discurso é apenas um atestado de que não conhece o básico de oratória.

Quem conhece o básico da oratória sabe que uma intervenção oral tem que ter pé e cabeça, ordem, organização.

Quem conhece o básico de oratória não enche o ambiente de eu, eu, eu, eu todo tempo. Nem de né, né, né, ou ãm, ãm, ãm, ou tá entendendo, tá entendendo.

Quem conhece o básico de oratória sabe que sua prática tem que ser coerente com o que prega.

Quem conhece o básico de oratória desenvolve um jeito educado, equilibrado, elegante, nobre, democrático e positivo de se manifestar.

Quem conhece o básico de oratória acompanha a reação do público e sabe o que fazer.

É por isso que feliz é a pessoa que desperta para o estudo dessa ciência! É o despertar de seu próprio desenvolvimento pessoal. Um ser que conhece a oratória demonstra acima de tudo que tem respeito por si e pela sociedade em que vive. Quanto mais conhecedores dessa ciência tivermos mais o mundo se tornará um lugar melhor de se viver. Se você duvida examine melhor as questões acima expostas, e você valorizará a oratória como os gregos um dia a valorizaram!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Decálogo do Jovem Advogado Criminalista

Por Roberto Delmanto

1. Tenha consciência de que você escolheu a mais bela das especialidades da advocacia, pois ela lida com dois dos maiores bens do homem: a liberdade e a honra.

2. Tenha orgulho dela e a exerça com dignidade. Não compactue jamais com a violência ou a corrupção. Tal comportamento lhe dará forças para suplantar os obstáculos que certamente virão.

3. Apesar das dificuldades da advocacia criminal, não perca nunca a alegria ao exercê-la. Lembre-se sempre de que seu verdadeiro cliente e, ao mesmo tempo, sua maior causa, é a liberdade.

4. Ao decidir se aceita patrocinar uma defesa, preocupe-se menos em saber se o cliente é inocente do que se sua consciência de advogado e ser humano permite defendê-lo. Uma vez aceita a causa, lute por ela com todo o empenho, tendo como limite ético intransponível não prejudicar terceiros inocentes.

5. Ao ser procurado para requerer um inquérito policial, atuar como Assistente do Ministério Público ou propor uma queixa-crime, busque certificar-se de que a pessoa que vai acusar é realmente culpada. Aceita a causa, se no decorrer dela lhe surgir qualquer dúvida quanto à culpabilidade do acusado, não hesite em renunciar por razão de foro íntimo.

6. Seja combativo e dedicado às causas que patrocinar, mas não transforme cada defesa ou acusação em uma verdadeira guerra, onde tudo é permitido, nem a parte contrária ou seu patrono em um inimigo.

7. Faça valer suas prerrogativas profissionais, sem desrespeitar as autoridades policiais ou judiciárias.

8. Não se preocupe com o sucesso dos colegas, mas apenas com suas próprias causas e seus próprios clientes, dando para eles o melhor de si. Cuide daquelas como quem cuida de um jardim e tenha com estes sempre paciência, muita paciência.

9. Dedique-se a fundo às causas que lhe são confiadas e procure produzir a melhor prova possível em favor de suas teses. Estude a Constituição, as leis, os regimentos dos tribunais, a doutrina e a jurisprudência aplicáveis. Prepare-se para cada audiência de que for participar, para as sustentações orais e, sobretudo, para atuar no Tribunal do Júri, momento maior da advocacia criminal.

10. Escolha, entre os colegas mais velhos, um que lhe sirva de modelo e inspiração. Observe seu modo de advogar, sua técnica e sua ética. No momento certo, você estará apto a seguir seu próprio caminho e ser aquilo que mais deve almejar: um bom advogado criminalista.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Diferença entre o advogado astuto e o advogado sagaz

No prefácio do romance jurídico O Advogado Maldito, de autoria de Wilson Saad, diz Mário Feijó: "Acusação e defesa vão se enfrentar armadas de astúcia e eloquência."

A partir da frase acima, veio-me uma primeira reflexão. Realmente são duas qualidades valiosas de um tribuno do júri, a astúcia e a eloquência.

Mas logo em seguida, veio-me a outra. Astúcia seria o nome correto para a inteligência bem viva e alerta do tribuno no júri? Ou a expressão sagacidade é uma palavra melhor do que a palavra astúcia?

Sagacidade e astúcia por vezes podem ser empregadas como sinônimas, mas é preciso fazer distinção.

Diz o dicionário Houaiss que astúcia é manha, esperteza, sagacidade, malícia, treta, trapaça. E que sagacidade é argúcia, agudeza de espírito, aptidão para apreender as coisas por simples indícios.

Quando falo a palavra astúcia, a raposa é o símbolo que me vem a mente. Já quando falo a palavra sagacidade lembro-me da águia. Uma vive no chão, a outra, voa pelos céus.

Nesse sentido a astúcia e a sagacidade são coisas diferentes. A astúcia não conhece limites éticos. A sagacidade é a inteligência com ética.

Existem os dois tipos de advogados, o astuto e o sagaz. É como se a mesma virtude da inteligência se apresentasse ora num viés negativo, ora num viés positivo. Mas o que marca realmente o tribuno do júri, colocando-o no panteão dos grandes oradores, é a sua força moral e a sua inteligência usadas com sagacidade para servir a verdade e a justiça.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Edilson Mougenot Bonfim, o quase ininteligível!

Li a entrevista recente que o famoso tribuno Edilson Mougenot Bonfim concedeu ao site Confraria do Júri, a respeito do Tribunal Popular.

Segundo o site, Mougenot é "dono da melhor oratória jurídica do país e dotado de mente brilhante".

Sou um admirador de suas obras, dentre as quais: Júri: Do Inquérito ao Plenário, No Tribunal do Júri, Direito Penal da Sociedade, O julgamento de um Serial Killer. Li todas elas!

Na minha formação de criminalista ele tem um lugar bem importante. Homem inteligente, estudioso, argumentador finamente lapidado, um gênio da oratória.

Mas confesso que o tribuno está muito rebuscado depois que se afastou do júri. Quase não entendi o que ele quis dizer na entrevista acima linkada. Palavras difíceis, argumentos confusos, sem clareza, sem objetividade e sem fluidez. Terminei o texto com a mente cansada, fiz um esforço para chegar ao final do texto, aliás, a entrevista é com Edilson Mougenout Bonfim!

Será que o antigo promotor do júri, de linguagem cativante e de escrita rica e de fácil entendimento, cedeu lugar ao doutrinador barroco, complexo, de linguagem afetada e floreada, quase ininteligível, desiludido com o júri, que "só favorece o réu"?

Quanto mais madura uma pessoa se torna mais simples e claras são suas palavras! Mas estou tentando entender o que aconteceu com um dos mestres do júri que eu mais admirava pela sua oratória guerreira.

Fica aqui registrada a perplexidade de um, vamos dizer assim, discípulo! Talvez ninguém tenha ainda dito isso a ele. Falo por amor ao Júri, que precisa de seu reencantamento, de sua eloquência tão brilhante e cristalina, e que não pode se perder em pedantismo de frases feitas ou floreios vazios de exibicionista retórica!

De mim para mim mesmo

Pego o pequeno livrinho, abro-o e leio-o em voz alta, de pé, em tom profético, de mim para mim mesmo:

"Tenha firmeza em suas atitudes e persistência em seu ideal.

Mas seja paciente, não pretendendo que tudo lhe chegue de imediato.

Há tempo para tudo. E tudo o que é seu virá as suas mãos, no momento oportuno.


Saiba esperar o momento exato em que receberá os benefícios que pleiteia.

Aguarde com paciência que os frutos amadureçam para que possa apreciar devidamente a sua doçura".


Minutos de Sabedoria, Carlos Torres Pastorino.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Advocacia para uma vida feliz

Li neste final de semana um livro intitulado Pequeno Manual de Instruções para a Vida, que o seu autor, Jackson Brown, escreveu para seu filho quando este iniciou a vida universitária.

São 1001 conselhos, dicas, instruções, do trivial ao essencial, que o escritor recolheu ao longo do tempo para servir de base para uma vida feliz e gratificante. O livro se tornou um best-seller com mais de 10 milhões de exemplares vendidos no mundo.

Na obra, por duas vezes, fala-se do advogado. Na primeira vez, fala-se num sentido positivo, dizendo: "Conheça um bom advogado". Na segunda, fala-se num sentido negativo: "Nunca peça conselhos sobre negócios a um advogado, ele é feito para encontrar problemas, não soluções".

Não farei críticas ou reparos ao exagero ou a contradição de Jackson Brown, esse não é meu foco. Na verdade, ele apenas retratou a dualidade das coisas. A advocacia é uma profissão paradoxal, serve tanto para fazer o bem quanto para fazer o mal, por isso é uma profissão ora amada ora odiada, ora louvada ora espraguejada, de um conteúdo tão forte na vida dos indivíduos e da sociedade que não passa despercebida num manual para se viver feliz.