Em todas as épocas e em todos os lugares encontrar grandes homens nunca foi tarefa fácil.
O filósofo Diógenes, ao ser interrogado sob o sentido de andar, em plena luz do dia, com um poronga acesa, respondeu: " procuro grandes homens".
Quando Amin Kontar foi assassinado na cadeia pública do Departamento de Tarauacá, no ano de 1918, um grande homem se levantou em sua defesa. Não só em sua defesa, mas na defesa da lei, da justiça, do direito e de toda a sociedade.
O promotor público Oswaldo Ilardman Castello Branco, num ato de bravura e consciência jurídica, exigiu a abertura de inquérito policial para apurar o assassinato de Amin Kontar.
Com informações suficientes denunciou, corajosamente, todos os envolvidos à Justiça, de forma minuciosa e bem escrita.
Denunciou Raymundo Belfort Teixeira e o coronel Claudino Vieira Lima como os mandantes do crime. O primeiro, delegado de polícia, intelectual formado em Direito; o segundo, Chefe do Quartel Militar. Não só ordenaram a execução do homicídio como também foram os autores das bárbaras torturas inflingidas a Amin Kontar.
Como executor denunciou Francisco Guilherme Alexandre, preso no mesmo local que Amin Kontar, e que sofreu as mesmas torturas como suspeito de ter jogado a dynamite na casa do prefeito Cunha Vascocelos. Com a promessa de ser liberdado da prisão aceitou a empreitada criminosa, entraou na cela de Amin - a pretexto de realizar uma limpeza - e desfechou-lhe covardemente dois tiros, não dando-lhe chance alguma de defesa.
Como partícipe, o promotor denunciou o cabo Felippe Nery Monteiro, que entregou a Guilherme a arma que ceifou a vida de Amin.
Foram denunciados, ainda, pela participação na tortura, os policiais José Bonifácio e Antonio Firmino de Oliveira. Esses batiam, com palmatória, nas mãos de Amin Kontar, que caía ao chão todo tomado de sangue, negando a prática do crime: "não foi eu e não sei quem foi".
Esse promotor se elevou a estatura dos grandes homens do direito, que no cumprimento dos deveres do cargo enfrentam com galhardia as investidas do poder. Em pleno mandonismo da justiça do coronéis, esse promotor de justiça honrou a cidade de Tarauacá e é exemplo a ser seguido por muitos.
Com sua grandiosa atitude soube cumprir três mandamentos de seu ofício:
Sê digno de tua missão. Lembra-te de que falas em nome da Lei, da Justiça e da Sociedade.
Sê bravo. Arrosta os perigos com destemor, sempre que tiveres um dever a cumprir, venha o atentado de onde vier.
Sê independente. Não te curves a nenhum poder, nem aceites outra soberania, senão a da Lei.
Oswaldo Ilardman Castelo Branco, o grande homem, da época de Amin Kontar.
2 comentários:
É quase impossível começar o meu dia sem antes passar por aqui.
Sê digno, bravo e independente deveria ser norma de conduta a todos os cidadãos. Certamente teríamos um mundo mais justo para se viver.
Dignidade é ter consciência. Ter atitude consciente é agir com bravura.
Socorro Dagnoni
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