Desejo a todos um ano de muita luz, de muita paz, de muito amor, de muita saúde, de muita alegria, de muitas vitórias, de muita felicidade, da presença divina no coração de cada um de nós!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Feliz 2009
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Um conceito clássico de retórica

É, de longe, o melhor conceito de retórica que já li.
Vejamos, em rápidos traços, o que está contido na definição.
"É a faculdade..." Está implícito neste termo, o dom, o talento, a capacidade, a clareza, a habilidade nata de quem fala.
"De ver teoricamente". Ou seja, com os olhos da mente, do pensamento, da intuição, da sensibilidade.
"O que, em cada caso..." É um príncipio. Cada caso é um caso. Tem suas peculiaridades, suas subjetividades, suas motivações, suas singularidades.
"Pode ser capaz..." Quer dizer, têm o poder, a força, o charme, o carisma, o encantamento, a poesia.
"De gerar persuasão". De dar a luz ao que ser quer, de levar a adesão com entusiasmo, de conquistar o espírito, o coração e a mente, de arrastar à ação.
O filósofo de Estagira deve ter trabalhado muito para encontrar essa definição de retórica, ou mais provavelmente, seja ela fruto dos insights da sua enorme inteligência. Aliás, quando Aristóteles adentrava aos portões da Acadêmica, seu professor, Platão, assim o recebia: "Aí vem chegando a inteligência".
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
A lei é o texto e o coxtexto

"Nelson Rodriguês disse, que no futebol, o pior cego é o que só vê a bola. Poder-se-ia acrescentar que, no direito, o pior cego é o que só vê a lei. Sim, a lei há de ser vista, como também há ser visto o contexto social, as circunstâncias que envolvem a lei, para preservar a dignidade humana.
Ao juiz faltou-lhe bom senso, por não dimensionar sua decisão. Há juízes que tornam-se verdadeiros burocratas. Nesse caso, nem haveria mister de juízes. Computadores, como já lembrava Perelman, poderiam aplicar as normas legais".
Antonio Henriques, no livro Argumentação e Discurso Jurídico, Editora Atlas, 2008.
domingo, 28 de dezembro de 2008
Maneira de dizer as coisas

Dentre outras coisas, o lógos é a razão, o páthos é a paixão, e o éthos é a maneira de expressá-los.
No livro Argumentação e Discurso Jurídico, do advogado Antonio Henriques, ele explica que são características do éthos, a ponderação, a sinceridade e a agradabilidade.
Lembrei-me imediatamente do conto do Sultão sem dente, que reproduzo abaixo, com as ponderações da redação do Momento Espírita. Que sirva como exemplo para aperfeiçoarmos nossa comunicação.
...............
Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes.
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho.
- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites.
Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinho – que tudo depende da maneira de dizer.
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho. E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas...
***
A sublime arte da comunicação foi sabiamente ensinada por Jesus.
Há pessoas que se dizem bons comunicadores mas que não conseguem fazer com que suas palavras cheguem aos corações e às mentes.
Jesus, o comunicador por excelência, falava e Suas palavras calavam fundo nas almas, porque aliava às palavras, os Seus atos, ou seja, falava e exemplificava com a própria vivência.
O grande segredo para uma boa comunicação, portanto, é o exemplo de quem fala.
sábado, 27 de dezembro de 2008
Chora pela liberdade mas não respeita os passarinhos

Cabra frouxo, chorava quase todos os dias.
Os presos mais antigos não gostavam dessas sensibilidades todas.
"Cala boca bichona". "Tá com medo de pegar chifre da mulher?" "Que coisinha sensível".
"Comete o crime e não é macho suficiente para cumprir a pena".
Por incrível que pareça, avistei o novo carcereiro, no dia de natal, todo paramentado andando pelas ruas do Bairro. Farseiro, assobiando, curtindo a liberdade.
Calça do exército, chapéu do exército, blusa do exército, parecia que vinha da guerra. Todo orgulhoso, trazendo um troféu em suas mãos sujas: um curió preso numa gaiola.
Que cabra sem-vergonha, rapaz!
Tanto tempo na cadeia e ainda não aprendeu a respeitar a liberdade dos passarinhos.
A roda gigante da justiça continua girando.
A cadeia que esse indivíduo pegou não foi suficiente para ressocializá-lo.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
A fina energia da salvação

O advogado é um historiador é um ator é um poeta

Mas antes de tudo isso, ele é o historiador. Pesquisa e narra um sequência de fatos que levaram a tragédia, empenhando-se em entender de que modo as pessoas pensaram, agiram e se relacionaram umas com as outras, suas motivações, suas indiossincrasias, seus hábitos, costumes e predileções, tudo para reconstruir e interpretar o passado de uma maneira mais favorável ao seu cliente.
Não é fácil ser advogado.
Há de ser ator, há de ser historiador, há ainda de ser poeta, para imprimir cor, brilho, tom, ritmo, cadência, enlevo e transcedência ao que se diz.
A peregrinação do advogado pelo complexo ato de julgar

"No mundo do direito, no mundo real, não existem pontos de vista objetivos. Todos levam a sua própria subjetividade ao processo: promotores, advogados, clientes, testemunhas, juízes...principalmente juízes".
As duas citações acima foram extraídas do livro Em sua defesa, de Stefhen Horn.
Essas observações revelam o caminho tortuoso para se chegar a verdade dos fatos.
O advogado sensível não despreza os elementos ocultos - que ora podem ser nobres, que ora podem vis - e que compõem o complexo ato de julgar.
Cabe ao advogado talentoso, perspicaz e intutitivo limpar a estrada que leva à justiça, mergulhando nas subjetividades (emoções, desejos, pensamentos) dos outros, burilando as boas e combatendo as más, com habilidade, com inteligência e com firmeza.
O peregrino não chega ao seu destino sem combater os fantasmas que atrapalham o caminho.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
A beleza no júri

Trata-se de um romance de tribunal, muito aplaudido pela crítica, e que figurou, quando de seu lançamento no ano de 2000, nas primeiras posições dos mais vendidos do New York Times.
Numa das passagens da obra de ficção, diz o advogado Frank O´Connel, em relação a sua cliente:
Eu posso

Quando estava no seminário li O Poder Infinito de sua Mente, o mais famoso livro do autor.
De fala simples e espirituosa, todo mundo entende o que ele diz, inclusive suas poesias.
Dizia Pontes de Miranda, respeitado jurista brasileiro, que um livro que não se entende merece ser jogado fora. Graças a Deus que já não perco tempo lendo coisa difícil de entender.
Ontem, vasculhando minha biblioteca, encontrei um antigo livro de Lauro Trevisan - o Poder da Inspiração-, uma coletânea de várias poesias, e reli Eu posso.
Espero que a leitura desta mensagem possa renovar nosso imenso poder interior.
Mesmo que o mundo caísse
E sobre nós explodisse
Destruindo o que era nosso
Eu Posso.
Mesmo que eu desabasse
E nada mais me sobrasse
Senão ver tudo em destroço
Eu posso.
Mesmo que abismos medonhos
Enterrem todos os meus sonhos
Nas profundezas de um fosso
Eu posso.
Mesmo que todas pessoas
Neguem minhas coisas boas
Nem por isso eu me alvoroço
Eu posso.
Mesmo que um grande fracasso
Queira barrar o meu passo
Eu não paro e não acosso
Eu posso.
Mesmo que eu seja vencido
Muito cedo envelhecido
Eu subo, seu sigo, eu remoço
Eu posso.
Eu posso renascer agora
Eu posso refazer a aurora
Eu posso iluminar o meu caminho
Eu posso dar a mão ao meu vizinho.
Eu posso beijar o esfarrapado
Como beijo as flores do prado.
Eu posso ter um mundo de riqueza
Eu posso ver a Deus na natureza.
Eu posso encher de amor o coração
E fazer desta vida uma canção.
Eu posso e sei que é preciso
Fazer da vida um paraíso.
Eu posso - é a força da energia
Que explode em mim e se irradia.
Eu posso - é a oração da divindade.
Que produz em mim realidade.
Eu posso erguer os olhos para o céu
E ver tudo branco como um véu.
Eu posso reconstruir a minha casa
Eu posso ter tudo que me apraza.
Eu posso renovar a minha saúde
Pois na vida não há nada que não mude.
EU POSSO - é oração bendita
Da minha Força Infinita.
Eu posso perdoar meu inimigo
Porque vem a mim tudo o que eu bendigo.
Eu posso fazer da vida uma festa
Por todo o tempo que me resta.
Eu posso! Eu posso!Eu posso
Porque este mundo todo é nosso.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Tribunal que só condena é o do nazismo e o do stalinismo

Defendeu a soberania da Constituição e a moralidade dos processos criminais.
Se não fosse esse eminente ministro do STF esse país já tinha mergulhado na fumaça escura da câmara de gás do nazismo.Aliás, assim verberou Gilmar Mendes:
"Tribunal que só condena é o do nazismo e o do stalinismo".segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Nos domínios da alta oratória

A pessoa carismática é aquela que sabe silenciar a mente, para relaxar e encontrar as energias das palavras. Tudo o que ela fala soa como poesia.
Ela não precisa fornecer provas ou demonstrações lógicas do que está dizendo - sua própria energia já basta para influenciar as pessoas.
Do coração de um amigo
Leandrius Muniz enviou-me o email abaixo. Quando ele gosta de uma pessoa ele gosta mesmo, mas quando ele não gosta, saia de perto...
Obrigado, Leandrius, pela sua amizade e pelas palavras elogiosas a mim dirigidas. Recebo com carinho as boas energias que a mim vieram com a sua mensagem. Espero um dia honrá-las.
Dizem que é preferível uma crítica que constrói a um elogio que corrompe. E isso é verdadeiro. Não no presente caso, donde o elogio nasce do coração de um amigo.
Magnânimo Sanderson:
Estamos a poucos dias do fim do ano de 2008.
É com alegria que escrevo para meu dileto amigo.
Normalmente escrevemos mensagens desejando um feliz natal e prospero ano novo, não que não deseje isso, claro que tambem escrevo para isso.
Mas escrevo principalmente para lhe parabenizar pelo sucesso profissional que Vossa Excelencia obteve no ano de 2008.
Sem questionamento, a maior personalidade do mundo juridico do ano de 2008, foi o jovem e brilhante criminalista Sanderson Moura.
Os limites do Acre ja estão pequeno para tanto conhecimento. Quero ver seu nome brilhando nas tribunas dos outros estados de nosso imenso Brasil.
Lembro-me com alegria, no terceiro período de faculdade, quando fomos assistir o primeiro juri, onde estavam sentados nas cadeiras dos defensores meu querido mestre Antonio Araujo e meu querido amigo, acadêmico concludente de direito Sanderson Moura.
Naquela hora me veio o Sanderson militante político, aguerrido, combatente, dinâmico, determinado... que levou a mesma alegria e força para o tribunal.
Saiba que tenho muita honra em saber que sou seu amigo e que tenho um amigo tão capaz.
Encerro, pedindo ao nosso pai maior que lhe proteja e que lhe conceda um 2009 melhor do que o 2008.
Tambem aproveito para pedir uma oportunidade de aprender com seus conhecimentos, se tiver alguma vaga no escritorio, nem que seja de organizador de livros, eu aceito... no momento preciso aprender para poder caminhar.
Um grande abraço, do amigo e admirador.
Leandrius Muniz
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
No ritmo da lua

Comece com a lua nova e escreva como você se sentiu nesse dia. Continue descrevendo seu cotidiano na lua crescente, depois na lua cheia, depois na lua minguante. Você vai percebendo que há um ritmo e que seus humores se movem de acordo com o ritmo da lua.
Quando você tiver mapeado seu próprio ritmo com precisão, poderá fazer muitas coisas. Poderá saber de antemão, por exemplo o que irá acontecer no dia seguinte e se preparar para isso. Se a previsão mostrar que você se sentirá triste, aprecie essa tristeza. Não lute contra ela, use-a, porque a tristeza também pode ser usada.
Da lua crescente para a lua cheia
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Dia da justiça III

"Oh justiça tu me és tão cara como as gostas de sangue que visitam meu coração"
Como o sol que me aquece.
Como a água que me refresca.
Como o alimento que me fortaleçe.
Tu és o útero que abriga a verdade, a consciência, a paz.Tu és o meu pão de cada dia.
A luz do meu dia.
A estrela que me guia.
Dia da Justiça II
Dia da Justiça I
sábado, 6 de dezembro de 2008
A verdadeira riqueza é a espiritualidade

Na máxima"o pouco com Deus é muito, e o muito sem Deus é nada", nos ensina que a verdadeira riqueza é a espiritualidade.
Assim podemos entender melhor o que Jesus nos ensinou: "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será acrescentado".
E ele mesmo falou que "o Reino de Deus está dentro de vós."quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
O prazer de demolir sofismas

São aqueles argumentos falaciosos, falsos, cavilosos, embusteiros, com rigorosa aparência de verdade, geralmente usados para satisfações imorais.
O sofisma é incompatível com a verdade e a justiça.
Busca, o sofisma, a prevalência do engodo, apresentando-se como verdadeiro.
E assim como a justiça é filha da verdade, a injustiça é filha da mentira.
Não existe espaço para o sofisma na pureza da alta oratória judiciária.
Assim como a treva não penetra na luz, o sofisma não penetra na verdade.
Tenho me aperfeiçoado no combate ao sofisma, estudando-o, analisando-o, para que essa erva-daninha não germine no Templo da Justiça.
Demolir sofismas, destruir falácias, desmascarar mentiras, é o dever e o prazer de todo homem de bem.
O Guerreiro da Luz

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
No Templo da Justiça de Salomão
Sinto-me tão bem quando entro no Salão do Júri.
No templo que Salomão criou para distribuir a Justiça.
É um lugar onde renovo minhas energias, onde fortaleço minha missão. Para mim é um espaço místico.
"Mas como, se lá só se fala em violência, em sangue, em morte, na mulher que quis ficar com uma criança que não era dela?" Alguns podem pensar.
Mas eu não me ligo nesta força. Estou sintonizado na faixa da vida, da liberdade, da mulher que ofereceu seu filho a falsária para não vê-lo cortado pela espada do sábio rei, e desse amor a verdade nasceu, e da verdade a justiça se fez.
No jogo das polaridades está o encanto, o enlevo, o charme da roda gigante da Justiça.
No júri, a dialética.
A prisão e a liberdade.
O azar e a sorte.
A verdade e a mentira.
O amor e a ira.
A paz, a guerra.
O homem, a fera.
A injustiça.
O trabalho, a preguiça.
Deus e o demônio.
A culpa e a inocência.
A escuridão e a clareza.
O tudo, o nada.
O vício, a virtude.
O velho, a juventude.
A tirania, a democracia.
A riqueza, a pobreza.
A loucura e a sanidade.
O orgulho e a humildade.
A inteligência, a ignorância.
A calma, a ânsia.
O ataque, a defesa.
E a tese e a antítese.
E a síntese, sempre harmônica.
Sempre salomônica.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
A verdadeira eloqüência

Porque não pregamos aos olhos, pregamos aos ouvidos.
Por que convertia o Batista tantos pecadores?
Porque assim como suas palavras pregavam aos ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos."
Padre Antonio Vieira, o grande pregador sacro.
domingo, 23 de novembro de 2008
A poesia inspirada
Existe a poesia daquele que, embora não sendo nenhum intelectual, pretende-se poeta. Tem de tudo, menos a poesia.
Mas existe aquela que é a verdadeira poesia, que é a inspirada, que move homens, que toca o espírito, que ordena, que constrói, que modela, que orienta, que fundamenta, e que por isso é eterna, vale para todos os tempos e em todos os lugares.
Poesia é um assunto muito alto, é a mais nobre manifestação da natureza, da divindade, porque é a revelação da beleza. Pode se materializar na palavra, na música, no gesto. Ela não é criada, ela é revelada.
O verdadeiro poeta não vive a inventar poesia, a procurar palavras no dicionário, a construir frases.
O poeta é poeta em tudo o que faz, em tudo o que ver, em tudo que fala, em tudo que sente, no drama, na tragédia, na comédia.
Ser poeta para mim é ter dois dons: o dom de ver a beleza e o dom de saber manifestar a beleza.
E falo da beleza que não pode ser relativizada. Não falo daquilo que é belo para mim e feio para você. Assim qualquer um pode andar por aí dizendo-se poeta, escrevendo centenas de poesias, rimando versos, artificializando a arte.
Falo da beleza que é bela para todos os olhos, para todos os sentidos.
A flor de plástico nunca terá a beleza da flor verdadeira.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Adeus, Dama do Júri!

Destaque da advocacia no ano de 2004. "Quero oferecer esse prêmio ao Sanderson, esse prêmio é dele também".
"Ei Sanderson, ei Sanderson".
Ouvi aquela mulher gritando por mim, quando estava atravessando a rua em direção a Livraria Paim.
Olhei para trás, e disse, surpreso:
"Doutora Salete...como vai?"
"Vou bem.. Escuta, rapaz, ouvi dizer que tu tá bom de júri que só, vamos trabalhar comigo, abri meu escritório, tu sabe que tarauacaense é bicho valente, vamos que a gente cresce juntos".
"Mas rapaz, vamos...."
E fui. Era o ano de 2002. Ela já me conhecia desde pequeno, correndo nas ruas de Tarauacá. Não perdia a oportunidade de falar: "esse é brabo desde menino".
Fizemos lindos júris, bem ao estilo da romântica advocacia criminal. Ela amava o júri popular. Os mais importantes julgamentos da história recente do Acre atuamos em perfeita sintonia, porque como ela mesma se orgulhava: "tarauacaense é bicho macho".
Mulher corajosa, de fala aprumada, uma dama da tribuna, que esbajava energia e talento.
Foi graças a ela que meu nome passou a ficar conhecido como advogado criminalista. Ela abriu portas para que eu passasse.
Ela sempre me incentivou, apostou em mim. Fazia-me elogios públicos que às vezes me pegava sem graça:
"O Sanderson é uma dessas raras vocações do júri que só aparecem de 100 em 100 anos".
"Costumo dizer que o Sanderson é o filho que não pari".
Foi ela uma das pessoas que analisou a minha monografia de conclusão do Curso de Direito. Me deu nota 10, com louvor. Alguns diziam: "O Sanderson é o besta... vê quem ele escolheu para analisar a monografia dele...".
Tinha uma personalidade que impunha respeito. Só o nome já amedrontava: Salete Maia.
A Promotora, a Procuradora, a Secretária de Segurança, a Dama de Ferro, a Advogada Salete Maia.
Quando resolvi seguir pela estrada sozinho, ela sentiu muito a minha partida, mas respeitou minha opção.
Depois disso tivemos um confronto forense dos mais agitados da história do júri acreano: o julgamento de Garibaldi. Eu na defesa, ela na acusação. Era tempestade para todos lados, raios, trovões, ventania. Depois, o céu ficou azul novamente.
Foi uma mulher que passou pela vida e viveu, intensamente, bravamente, vitoriosamente. Ajudou a construir o Ministério Público, lutou por um Acre melhor, serviu as nossas instituições, amava o Acre e se orgulhava de ter nascido "nas barrancas do Rio Tarauacá".
A ela minha homenagem, a ela minha gratidão, a minha e a de toda a minha família, que sente muito a sua partida, ainda tão cedo.
sábado, 15 de novembro de 2008
"Assim como os golfinhos salvam os náufragos do mar, o advogado salva os náufragos da vida."

A comunicação entre a espécie é também necessária. Os golfinhos usam uma linguagem por assobios que é 10 vezes mais rápida que a nossa fala e 10 vezes mais alta em freqüência.. Essa comunicação tem regras e servem para organizá-los socialmente, como acontece com os homens.
Outra particularidade na comunicação da espécie é o sonar, que lhes permitem determinar as reações internas de outros golfinhos, humanos, peixes, etc. Através do sonar um golfinho consegue perceber se alguém está ferido ou não. Eles não dormem como nós, simplesmente "desligam" uma parte do cérebro ao longo do dia. São capazes de assobiar e ecoar ao mesmo tempo e podem ecoar diferentes objetos simultaneamente, fatores que fazem inveja a qualquer sonar humano.
O golfinho é o símbolo do advogado, muito embora pensem alguns, erroneamente, ser a balança ou Themis a deusa grega. Themis, até hoje adotada pela força da Mitologia da Grécia Antiga é sinal da justiça, que cega, não faz distinção de raça, credo ou posição social. A balança de duas hastes simboliza o direito que deve ser equânime, contrabalançando os fatores ao ponto de equilíbrio, sem pender para um dos lados.
Os golfinhos desde a antiguidade foram celebrados pelo homem em afrescos, esculturas e poesias, simbolizam graça, inteligência e humanidade. Para os cristãos o golfinho é o símbolo da rapidez, da diligência e do amor, por ser veloz de nado, atendimento pronto e interesse pelo próximo.
Vários são os autores e estudiosos que se dedicaram a ver, examinar e engrandecer o curioso delfinídeo, mas para os advogados o maior destes foi Henry Doupay, que deu expansão ao nosso símbolo com a seguinte frase, no original:
"Assim como o golfinho salva os náufragos no mar, o advogado salva os náufragos da vida. Há séculos e séculos que Clio, a Mestra da Vida, da História, relata salvamentos de pessoas no mar pelos golfinhos, constando como o primeiro salvamento uma descrição que faz parte do folclore grego, antes de Cristo.
O corporativismo, o sincronismo nos movimentos, a defesa dos descendentes, a colaboração com os pares, a proteção dos idosos e enfermos, são características intrínsecas no comportamento dos golfinhos. A sobrevivência em um habitat hostil, no meio de bestas feras, predadores sanguinários e implacáveis, os quais nas inúmeras investidas contra o delfinídeo acabam vendo frustrados seus ataques. O tubarão teme o golfinho, e aqueles que tentam burlar a estratégia de sobrevivência do grupo, acabam nocauteados por um golpe certeiro no abdome. É que o golfinho, sendo fisicamente inferior e mais frágil, após desenvolver uma velocidade superior a 50km hora, ataca em bando utilizando a ponta do focinho e como um míssil abate o invasor.
Pelo seu modus vivendi, os golfinhos trazem marcas e cicatrizes na couraça, todavia no seu intelecto a virtude triunfa radiante, fica incólume, o golfinho não se deixa influenciar, será sempre golfinho. Jamais perderá a alegria, a magia que irradia do seu ser. Será sempre dócil, amigo e companheiro, sem se desviar do seu projeto de vida.
Assim acontece com o profissional advogado, não obstante os ataques subreptícios, as investidas de pessoas truculentas, somado ao convívio em ambiente deletério e insalubre, a lida diária com pessoas problemáticas, alguns com desvios repudiáveis de caráter e personalidade, ou em situação difícil por ter sido vítima de algum infortúnio __ pessoas sem problemas não precisam de advogado.
Não obstante os percalços da profissão devemos nos comportar como advogado 24 horas por dia, não importa onde estejamos até mesmo quando estivermos dormindo, se morrermos, irão sepultar um advogado.Essas características são direitos de nascença, estão impregnadas na alma do sujeito, não podem ser trocadas.
Agora se você não tem esse dom nato e ainda lhe falta a capacitação técnica, não tente perseguir ou imitar um advogado, pois, sinto muito, você estará fadado ao insucesso.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
O destino segundo o espiritismo

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".
“Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias, moras onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraístes, com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente sobre teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes…São as fontes de atração e repulsão na tua jornada.
Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograme tua meta, busque o bem e viverás melhor.”
Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed.
O segredo do falar simples
Quem escreve difícil está pedindo para não ser lido. Quem fala difícil está pedindo para não ser ouvido.
Falar com simplicidade é o melhor caminho para alcançar o desiderato, aquilo que se almeja, e sempre é bom desejar coisas essenciais, coisas nobres.
É por isso que o homem arrogante nunca foi um mestre verdadeiro na arte do dizer.
Faz parte da natureza do bem falar e do falar bem, a simplicidade, pois é ela quem tem a energia alquímica que purifica as palavras, tornando-as graciosas aos sentimentos.
A própria pronúncia da palavra, quando feita de forma lenta e gradual e perceptiva, nos revela toda a sua riqueza: simmm.....plii......ci.....da....de.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
"Coisa de gângster"

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) editou, a pedido de seu presidente, ministro Gilmar Mendes, uma recomendação para que juízes criminais do país não utilizem em seus despachos e decisões os nomes designados pela polícia para suas operações.
A recomendação do CNJ diz o seguinte: que os "magistrados criminais evitem a utilização das denominações de efeito dadas às operações policiais em atos judiciais".
A Polícia Federal costuma utilizar nomes curiosos para suas operações. Nos últimos tempos, apelidou-as de Satiagraha, Furacão, Navalha e Pasárgada, por exemplo, sempre com explicações relacionadas aos supostos esquemas de corrupção desbaratados.
Mendes caracterizou a utilização de determinados nomes como "jocosos" e disse que podem "constranger o juiz, criar uma coerção psicológica. Muitas vezes, a própria denominação pode ser indutora de um quadro de parcialidade".
O presidente do STF também criticou o que chamou de "marketing policial às custas do Judiciário". "É preciso encerrar esse capítulo de marketing policial às custas do Judiciário", afirmou.
Como exemplo, Mendes citou a Operação Têmis, da Polícia Federal, que investigou em 2007 suposta venda de sentenças no Judiciário paulista. "Têmis é a deusa da Justiça. Ao batizar a operação dessa maneira, parece que toda a Justiça estava envolvida na fraude. Isso é razoável?", questionou.
A PF informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria a recomendação do CNJ.
Reclamações
Não é a primeira vez que o presidente do STF reclama dos nomes das operações, citando especificamente a Operação Têmis. Tais reclamações já foram feitas quando Mendes criticou os métodos da Polícia Federal, especificamente na ocasião em que seu nome foi citado na lista de presentes de um dos envolvidos em esquema de corrupção, quando na realidade se tratava de um homônimo.
Gilmar Mendes chegou a dizer que muitas das informações contra juízes e ministros de tribunais superiores divulgadas pela PF "têm notório caráter de retaliação e até de controle ideológico".
"Do que percebo em alguns episódios, muitos têm notório caráter de retaliação e até de controle ideológico contra os juízes (....) É preciso encerrar esse quadro de intimidação", afirmou em julho.
"Que tipo de terrorismo lamentável, que coisa de gângster. Quem faz isso, na verdade, não é agente público, é gângster", criticou o magistrado.
Na recomendação editada ontem, o CNJ afirma que existe uma "generalização da prática de adoção de denominações de efeito e investigações ou operações policiais, adotadas pela mídia, e sua utilização em atos judiciais". Também diz que o magistrado tem o dever de "adotar linguagem apropriada e evitar excessos".
Juízes que quiserem continuar usando os nomes não estão impedidos, mas Mendes afirmou que o Supremo já não utiliza mais o nome das operações em seus atos judiciais.
Fonte: Felipe Seligman, Folha Online reproduzido no site da ABRAC
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Sim, podemos!
Barak Obama é um grande orador. Carismático, inteligente e simples no falar.
Sabe usar bem os gestos, e é perito em explorar os momentos de pausa na fala, envolvendo a pláteia com o silêncio e o olhar.
E acima de tudo, tem uma qualidade rara e importante na oratória: saber sorrir com naturalidade.
Embora sendo um homem da ciência do falar bem, seu discurso de vitória veio recheado de elementos da ciência do bem falar, o que empolgou, desde o início de sua campanha, os corações americanos.
"Se alguém ainda duvida que a América é o lugar onde todos os sonhos são possíveis, se ainda questiona se os os sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questiona o poder da nossa democracia, teve esta noite a resposta.
(...) Sim, podemos!
Para aqueles que querem destruir o mundo: nós vamos destrui-vos. Para os que querem paz e segurança: nós apoiamos-vos. E para aqueles que se interrogam sobre se a luz de liderança da América continua viva: esta noite nós provamos, mais uma vez, que a força de nossa nação não vem do nosso poder militar ou da escala da nossa riqueza, mas do enorme poder dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e esperança.
(...)Sim, podemos!
Este é o nosso momento. Este é o nosso tempo, de voltar a dar trabalho à nossa gente, de abrir as portas da oportunidade aos nossos filhos; de restaurar a prosperidade e de promover a paz; de reclamar o sonho americano e de reafirmar a verdade fundamental de que, no meio de muitos, somos um; que enquanto respiramos, mantemos a esperança.
(...) Sim, podemos!
Obrigado. Deus vos abençoe. E que Deus abençõe os Estados Unidos da América.
Realmente um belo discurso, que entrará para história da eloqüencia universal.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
A ciência do bem falar e a ciência do falar bem
terça-feira, 4 de novembro de 2008
A reação da advocacia
Foi destaque na imprensa local da semana passada a execução da operação "data vênia", de alçada da Polícia Federal, na qual foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisões preventivas, um deles em desfavor do Advogado ARMYSON LEE LINHARES DE CARVALHO.
Segundo as informações do Serviço de Comunicação Social da Polícia Federal, o Advogado valia-se de sua prerrogativa profissional para ter acesso a inquéritos policiais e processos judiciais, unicamente para instruir os respectivos clientes a dificultar as investigações, tudo objetivando "facilitar o tráfico praticado pela organização".
Soma-se a este fato o nome da operação, "Data Venia", expressão latina particular e tradicional do ofício da advocacia, que leva a crer que toda ou parte da classe de Advogados é alvo de investigações policiais, o que não é verídico, já que se trata de uma operação isolada de combate ao narcotráfico em cujo procedimento consta a pontual hipótese de um Advogado estar incorrendo na prática de ilícitos.
O exercício de tais prerrogativas não pode ser confundido com obstáculo à realização da Justiça, mas do contrário, a atuação plena e livre do Advogado traz legitimidade e transparência aos procedimentos administrativos ou judiciais.
O Supremo Tribunal Federal, homenageando o Princípio Constitucional da Inocência, opondo-se ao estado policial, recentemente decidiu que o cumprimento de prisões não pode ser espalhafatoso, vil e degradante à honra e imagem dos cidadãos, mormente quando ainda não persiste culpa formada.
Rio Branco, 3 de novembro de 2008.
Ordem dos Advogados do Brasil –
Associação dos Advogados Criminalistas do Acre – ACRIM.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Todos são iguais perante a lei
A Justiça de MT determinou medidas de proteção em favor de um engenheiro agrônomo de 46 anos, de Cuiabá, que pediu a aplicação, por analogia, da Lei Maria da Penha -que pune com prisão a violência doméstica contra a mulher.
O juiz Mário Roberto Kono de Oliveira, responsável pela decisão, disse que, em número consideravelmente menor, há homens vítimas de violência praticada por mulheres. Nesses casos, não há previsão legal de punições, o que justifica a aplicação, por analogia, da Lei Maria da Penha.
Em seu artigo 22, a lei federal determina que o juiz pode aplicar "medidas protetivas de urgência" contra o agressor quando constatada "prática de violência doméstica e familiar contra a mulher".
Entre as "medidas protetivas de urgência" determinadas, está a de que a mulher mantenha ao menos 500 metros de distância do engenheiro e que não tente fazer nenhum tipo de contato com ele, podendo ser presa caso descumpra a ordem judicial.
"Não é vergonha nenhuma o homem recorrer ao Poder Judiciário para fazer cessar as agressões da qual vem sendo vítima", afirmou Oliveira na decisão.
Último recurso
O engenheiro entrou com o pedido depois de terminar o relacionamento com a ex-companheira, em 2007, após uma briga em que a mulher o queimou no tórax "dolosa e propositalmente" com a ponta de um cigarro aceso, segundo a ação. Após sair de casa, ele foi ameaçado.
O advogado Zoroastro Teixeira, que representa o engenheiro, disse que a via judicial foi o "último recurso" encontrado por seu cliente para "livrar-se da perseguição". A mulher é apontada como responsável por um ataque ao carro do engenheiro e, nos autos, há cópias de cerca de 40 e-mails com ameaças ao ex-parceiro.
Para Teixeira, o recurso à Lei Maria da Penha é uma forma de assegurar a "isonomia de direitos".
Fonte: José Eduardo Rondo e Rodrigo Vargas, da Agência Folha - Reproduzido no site da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas - ABRAC
domingo, 2 de novembro de 2008
O vício de falar mal da vida alheia
Não temos como negar que não é tarefa fácil. Mas muitos conseguiram se libertar, inclusive eu.
Tem um vício que é maior que o do tabagismo: viver falando mal da vida alheia.
No vício do cigarro, pelo menos, a pessoa sabe que é viciada.
Mas quem fala mal da vida dos outros sempre diz: "é só um comentário", "não é falando mal não, mas o fulano..."
Alguns até, cinicamente, dizem: " menino, agora vamos falar mal da vida dos outros....". E baixa a lenha, com o aval e para o deleite dos que escutam, loucos que estão para falar mal da vida alheia também.
"Fica só entre nós isso". É assim que palradores da vida dos outros concluem a conversa. Os mais afoitos verborrajam: "falo e não peço segredo."
Quem vive falando mal da vida alheia não pode ser feliz, porque não tem tempo de olhar para seu próprio ninho e tentar corrigir seus defeitos. Fala mal dos filhos dos outros, da profissão dos outros, dos relacionamentos dos outros, da religião dos outros, dos costumes dos outros, dos erros dos outros.
Quando alguma desgraça aconteçe na vida do linguarudo ele passa a se lamentar e a interrogar a Deus o que fez para merecer tamanho sofrimento. Esquece da chamada lei da afinidade: se desejo ou faço o mal vou colher o mal, se desejo ou faço o bem vou colher o bem.
O fumante que pára de fumar sente um alívio da alma e do corpo que o não fumante não consegue medir. Quem sabe do prazer de viver sem o cigarro, não é quem nunca fumou, mas o ex-fumante.
Controlar a língua, vigiar-se, envergonhar-se, almejar o burilamento moral, ter consciência do vício, temer as conseqüencias de se intrometer onde não deve, são os melhores antídotos para deixar de falar mal da vida alheia.
O prazer de largar um vício é uma das melhores felicidades do mundo, porque vencemos o pior de todos os adversários: nós mesmos.
Se por acaso não for possível deixarmos de falar mal da vida alheia, então o melhor é seguirmos o conselho dos mestres: cortar nossa própria língua. Quando morrermos pelo menos não daremos tanto aborrecimento aos familiares, com a famosa queixa da necessidade de dois caixões para enterrar o língua grande.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Desiderata ou daquilo que é essencial
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
No rebanho do direito
500 filmes sobre advogados e tribunais
É uma referência para quem gosta do mundo do Direito e do Cinema, e principalmente do fantástico mundo da advocacia do júri.
Já escrevi neste blog a respeito da forte influência que os filmes de julgamento exerceram sobre minha opção vocacional.
No préfacio de 500 filmes sobre advogados e tribunais, feito pelo criminalista Ricardo Cunha, temos preciosas lições que valem a pena estudar:
Sobre o Júri:
"O mundo do júri é mágico. O salão do júri é a dimensão espacial desta magia. A sessão do júri é o contexto onde os sortilégios, os imponderáveis, a fantasia, se mesclam à técnica, à seriedade profissional, aos fatos. Mito e realidade intercambiantes, interpenetrados.
De um lado o lúdico. Do outro, o suspense, o suor, o talento, a dedicação, a arte, a pertinácia, a ciência, a estética cumpre o seu papel. A lógica e a adrenalina, o inesperado, o fático e o invisível.
Cenas que se sucedem neste fantástico espetáculo onde não falta frisson e se tem direito a gran finale. Interesses e paixões, virtudes e defeitos, desvelamentos e encobrimentos, vindita e altruísmo, amor e ódio, se entrechocam dialeticamente. Esse é o mundo mágico do júri: forte, fluido, kafkiano."
Sobre o advogado no Tribunal do Júri:
"O advogado deve dentro dele saber se mover, prever argumentos, ter atenção, sensiblidade, intuição, buscando argumentos no imponderável do ar e do olhar, às vezes dos próprios jurados, estabelecendo-se o diálogo mudo de percepções abstratas e reais.
O ápice da advocacia é o exercício defensivo, cuja prática requer arte, um saber como, mais do que um saber o que, pois a advocacia não se confunde com o direito. Se o direito é uma ciência, a advocacia é uma arte. A arte de advogar, de defender e acusar. É uma maneira de saber fazer na prática o direito. O direito militante e a arte de saber fazer valer o direito poderia ser a definição de advocacia".
Sobre a injustiça:
"A situação de injustiça dói e quebra a harmonia da ordem pública, pois os jurisdicionados passam a ver com descrédito a prestação jurisdicional que lhes é entregue e perdem a confiança. Assim, compete ao advogado defender não só o inocente, mas a majestade da própria justiça, buscando reparar o erro".
O cinema, depois do próprio Tribunal do Júri é quem melhor retrata essa epopéia, essa grandiosidade do trágico humano. Mas o que é ficção e o que é realidade? No mundo dos julgamentos nem sempre é possível trabalhar com essa dualidade.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
O homem sábio
"Infelicidade significa que as coisas não estão de acordo com os seus desejos. E as coisas nunca estão de acordo com seus desejos, elas não podem estar. As coisas apenas vão seguindo sua natureza. Um homem sábio é aquele que segue a natureza das coisas."
Esse é o segredo. Viva com este segredo e veja a beleza. Viva com este segredo e subitamente você será surpreendido: como é grande a benção da vida! quanto é despejado em você a cada momento".
Osho é um livre-pensador, um verdadeiro filósofo, místico, poeta, homem da ciência do bem falar, alguém que vale a pena conhecer, brilha como a luz do sol, encanta como a luz da lua.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Bendita seja essa grande senhora, que chamamos Justiça!
O esquema legal da sentença não proíbe que tenha alma, que nela pulsem vida e emoção, conforme o caso.
Na minha própria vida de juiz senti muitas vezes que era preciso dar sangue e alma às sentenças.
Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque trazia consigo algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de pessoa humana?
Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa há 8 meses, prestes a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:
A acusada é multiplicadamente marginalizada:
Por ser mulher, numa sociedade machista...
Por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta.
Por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este Mundo.
Por não ter saúde. Por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si.
Mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.
É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este Mundo, com forças para lutar, sofrer e sobreviver.
Quando tanta gente foge da maternidade...
Quando pílulas anticoncepcionais, pagas por instituições estrangeiras, são distribuídas de graça e sem qualquer critério ao povo brasileiro...
Quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas...
Quando se deve afirmar ao Mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da Terra e não reduzir os comensais...
Quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.
Este juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.
Saia livre, saia abençoada por Deus...
Saia com seu filho, traga seu filho à luz...
Porque cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um Mundo novo, mais fraterno, mais puro, e algum dia cristão...
Expeça-se incontinenti o alvará de soltura."
Com a palavra, Rui Barbosa!
Não desertar a justiça, nem cortejá-la. Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho.
Não transfugir da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia.
Não antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles.
Não servir sem independência à Justiça, nem quebrar da verdade ante o poder.
Não colaborar em perseguições ou atentados, nem pleitear pela iniqüidade ou imoralidade.
Não se subtrair a defesa das causas impopulares, nem à das perigosas, quando justas. Onde for apurável um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado o consolo do amparo judicial.Não proceder nas consultas, senão com a imparcialidade real do juiz nas sentenças.
Não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura.
Não ser baixo com os grandes nem arrogante com os miseráveis.
Servir aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade.
Amar a pátria, estremecer o próximo, guardar a fé em Deus, na verdade e no bem".
A advocacia romântica
Proliferam livros a respeito de como administrar escritórios, de como captar clientela, de como otimizar o funcionalmento dos serviços advocatícios, de como ter sucesso financeiro, de como impressionar nos eventos sociais.
De certa forma, futiliza-se a advocacia, contrariando os ensinos clássicos de Rui Barbosa: "...não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura".
Urge fortalecer a escola da advocacia romântica. Ela tem poucos discípulos, precisamos dar seguimento a linhagem nobre desses advogados, que enfrentam as borrascas de todo naipe, servindo a justiça com bravura e independência, fazendo florescer as mais belas palavras nas páginas da história judiciária.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Diálogo sim, servilismo não! Pequeno ensaio sobre os rumos da OAB/AC
O doutor Gerson Boaventura, zeloso defensor público da Vara do Tribunal do Júri, foi impedido de entrar, por um funcionário, desses de fora, na Penitenciária Francisco de Oliveira Conde, oportunidade que iria conversar com seu constituinte e orientá-lo para o julgamento do dia posterior.
Em digno protesto, o Defensor pediu adiamento do Júri, tendo o apoio lúcido do promotor Leandro Portela, que fez a defesa das prerrogativas dos advogados e de princípios constitucionais.
O carcereiro alegou que a proibição foi um acordo feito entre Laura Okamura, presidente do IAPEN, e Florindo Poerch, Presidente da OAB/AC para que nenhum advogado tivesse acesso aos presos depois das oito horas da noite.
Impressionado com tamanha afronta a legalidade e assombrado com a suposta participação da OAB/AC no acordo, o Defensor Público ligou para o doutor Florindo para clarear o assunto, que de pronto negou que tenha feito qualquer tratativa a respeito.
A ação do carcereiro ou de quem tenha sido evidencia a prática do crime de abuso de autoridade, devendo a OAB/AC agir energicamente, caso não tenha, como acredito, participação em tão desonroso ato.
A excessiva aproximação da OAB/AC, os paparicamentos, temos dito isso, com algumas autoridades, finda comprometendo a independência de nossa Seccional.
A nova administração, com tantos avanços, precisar reavalizar alguns rumos, sob pena de naufragar, de perder a credibilidade, de perder o apoio da classe dos criminalistas.
Mantenho meu apoio a atual direção da OAB/AC, mas ele não é incondicional nem ilimitado. Meu partido é a advocacia.
Diálogo institucional, sim; servilismo, não!
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Uma estação da alma
Verde que verdeja, que penetra no coração, pelo meus olhos.
Que canta a poesia, que solfeja no espírito. Silêncio ...
Olhe o verde, sinta como nessa estação ele está mais bonito, como que banhado na fonte da juventude. Banhe-se também.
Os beijos a mim efeitam os lares, enverdeiam a cidade, sombreiam a inocência das crianças que brincam nas ruas.
Raios de sol reluzem nas folhas novas, que como dizia um poeta, resplandece, vai resplandecendo, clareando do justo ao pecador.
O azul do céu toca no verde da terra, e o amarelo surge da luz do encontro das cores.
E a noite tão colorida com a lua e as estrelas?
Sentir-se no meio de tudo isso, esquecer um pouco de tudo, só olhar, ser um instante eterno, com o eterno, uma espécie de passarinho voando sem destino, não estando nem aí para o próximo amanhã.