É uma referência para quem gosta do mundo do Direito e do Cinema, e principalmente do fantástico mundo da advocacia do júri.
Já escrevi neste blog a respeito da forte influência que os filmes de julgamento exerceram sobre minha opção vocacional.
No préfacio de 500 filmes sobre advogados e tribunais, feito pelo criminalista Ricardo Cunha, temos preciosas lições que valem a pena estudar:
Sobre o Júri:
"O mundo do júri é mágico. O salão do júri é a dimensão espacial desta magia. A sessão do júri é o contexto onde os sortilégios, os imponderáveis, a fantasia, se mesclam à técnica, à seriedade profissional, aos fatos. Mito e realidade intercambiantes, interpenetrados.
De um lado o lúdico. Do outro, o suspense, o suor, o talento, a dedicação, a arte, a pertinácia, a ciência, a estética cumpre o seu papel. A lógica e a adrenalina, o inesperado, o fático e o invisível.
Cenas que se sucedem neste fantástico espetáculo onde não falta frisson e se tem direito a gran finale. Interesses e paixões, virtudes e defeitos, desvelamentos e encobrimentos, vindita e altruísmo, amor e ódio, se entrechocam dialeticamente. Esse é o mundo mágico do júri: forte, fluido, kafkiano."
Sobre o advogado no Tribunal do Júri:
"O advogado deve dentro dele saber se mover, prever argumentos, ter atenção, sensiblidade, intuição, buscando argumentos no imponderável do ar e do olhar, às vezes dos próprios jurados, estabelecendo-se o diálogo mudo de percepções abstratas e reais.
O ápice da advocacia é o exercício defensivo, cuja prática requer arte, um saber como, mais do que um saber o que, pois a advocacia não se confunde com o direito. Se o direito é uma ciência, a advocacia é uma arte. A arte de advogar, de defender e acusar. É uma maneira de saber fazer na prática o direito. O direito militante e a arte de saber fazer valer o direito poderia ser a definição de advocacia".
Sobre a injustiça:
"A situação de injustiça dói e quebra a harmonia da ordem pública, pois os jurisdicionados passam a ver com descrédito a prestação jurisdicional que lhes é entregue e perdem a confiança. Assim, compete ao advogado defender não só o inocente, mas a majestade da própria justiça, buscando reparar o erro".
O cinema, depois do próprio Tribunal do Júri é quem melhor retrata essa epopéia, essa grandiosidade do trágico humano. Mas o que é ficção e o que é realidade? No mundo dos julgamentos nem sempre é possível trabalhar com essa dualidade.
2 comentários:
Visão exurbitante neste blogue, visões como aqui vemos dignificam a quem quer que ler neste blog .....
Dá muito mais deste sítio, aos teus seguidores.
Parabéns! adorei tais comentários, falou "tudo" e em poucas palavras sobre o Tribunal do Júri,no qual nota-se que o Doutor é uma sumidade no referido tema.
Muito sucesso!
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