Cabra frouxo, chorava quase todos os dias.
Os presos mais antigos não gostavam dessas sensibilidades todas.
"Cala boca bichona". "Tá com medo de pegar chifre da mulher?" "Que coisinha sensível".
"Comete o crime e não é macho suficiente para cumprir a pena".
Por incrível que pareça, avistei o novo carcereiro, no dia de natal, todo paramentado andando pelas ruas do Bairro. Farseiro, assobiando, curtindo a liberdade.
Calça do exército, chapéu do exército, blusa do exército, parecia que vinha da guerra. Todo orgulhoso, trazendo um troféu em suas mãos sujas: um curió preso numa gaiola.
Que cabra sem-vergonha, rapaz!
Tanto tempo na cadeia e ainda não aprendeu a respeitar a liberdade dos passarinhos.
A roda gigante da justiça continua girando.
A cadeia que esse indivíduo pegou não foi suficiente para ressocializá-lo.
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