O Júri era muito difícil e polêmico. Desses casos envolvendo o chamado grupo de extermínio.
Um amigo do réu fez promessa a Deus consistente em ir a pé do Tribunal do Júri até o Café Contry, que fica na estrada de Porto Acre, caso a decisão do Júri fosse absolutória.
As três horas da manhã, o Conselho de Sentença absolveu o acusado do crime de homicídio duplamente qualificado.
De mãos dadas para o alto, saímos eu, doutora Salete Maia e Jair de Medeiros, do Tribunal do Júri, em tom triunfante, ovacionados pela multidão, que aguardava o resultado do julgamento.
A comemoração dos familiares foi emociante. Unidos estavam evangélicos, espíritas e católicos, que também de mãos dadas, em volta da estátua de Têmis, rezavam emocionantemente o Padre Nosso.
Serenado um pouco mais os ânimos, alguém lembrou para o promitente, que estava caladinho, da promessa que fez, e que agora tinha que cumprir.
"Vou cumprir. Vou cumprir. Estou indo."
E foi, lentamente, de vez enquanto olhando para trás, como se esperasse uma ajuda de alguém.
Mas, antes de sair pelo Portão do Fórum, alguém gritou. "Não faça isso não, rapaz, a caminhada é perigosa, já é de madrugada, você pode ser assaltado ou coisa parecida".
A ajuda que precisava apareceu.
E como aquele medroso que diz "me segura senão eu vou bater nesse cara, me segura", conseguiu escapar do cumprimento da árdua promessa.
Se fez outra em substituição, não sei. Se foi perdoado, não sei. É bom não fazer promessa que não se pode cumprir. Há uma tendência a acreditar que, mesmo sem a promessa feita, o pedido se realizaria.
É como o cliente que depois de absolvido acha que foi por um favor do juiz, e não pela luta árdua de seu advogado.
2 comentários:
Ajoelhou tem que rezar .. (rsss)
Dependendo do Santo o castigo pode ser pior que a graça alcançada...
Farrapo
Ainda bem que os santos não cobram na mesma moeda as promessas a eles feitas, senão muita gente estava com a cabeça a prêmio e com certeza todo endividado.
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