sexta-feira, 18 de julho de 2008

Quero advogar


O artigo abaixo é de autoria de Leandrius Freitas Muniz. Fico contente quando vejo um jovem cheio de vida querendo advogar, descobrindo sua vocação, querendo trilhar o caminho com sucesso. Muitos, quando ingressam no curso de Direito, só pensam em seguir outras carreiras jurídicas, de olho no salário gordo que irão receber como juiz ou promotor, salvo raras exceções. Leandrius "tem pegada", já assisti à júri feito por ele. Não quer ser só advogado, quer ser advogado dos bons. Seja bem-vindo a confraria. As portas se abrirão para você.

Há alguns dias concluí o curso de Direito, estou em um momento feliz da vida. Venci uma etapa e estou começando outra muito importante.

Lembro-me com clareza do primeiro dia de aula, aquele nervosismo, tudo era novidade. Acho que nervosismo daquele somente quando fiz o primeiro júri.

A aula era de Filosofia, a primeira aula do primeiro dia e, como de costume todos passaram a se apresentar, nome, idade, quem era, o que fazia e o que esperava do curso; achei engraçado pois só tinha autoridade de alto nível no recinto "juiz federal, desembargador, delegado federal, promotor, etc." , fui um dos últimos a responder. Respondi com firmeza: Quero ser Advogado.

A professora me olhou com um ar de reprovação e questionou: "só advogado?", respondi calmamente, "não professora, eu quero ser advogado, advogado dos bons, daqueles que questionam, que estudam, que se aprofundam e que não se deixa intimidar por status social de nenhum cargo", alguns gostaram outros nem tanto e a aula seguiu.

Durante esses anos de academia jurídica conheci diversos profissionais do ramo do direito, estagiei em diversos locais e tive alguns professores que atuam em diferentes áreas, advogados, promotores, delegados, defensores, bacharéis, etc., e com cada um aprendi alguma lição jurídica e de vida. E minha certeza foi sempre aumentando "quero advogar".

Sem desmerecer nenhum estágio, considero o mais importante o da Defensoria Pública, pois aprendi a ser cidadão, a ter sensibilidade com o próximo e a lutar pela justiça e, acima de tudo aprendi a advogar.

Não sei se estou pronto para advogar, mas tenho vontade e coragem de ir a luta.

A nossa lei maior, em seu art. 133 diz:

"O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei".

Não sei se Deus quer que eu advogue, espero que seja essa a vontade dele, ser advogado é belo, é prazeroso, é gostoso, é justo, e porque não dizer, divino.

Estou começando minha vida, estou na flor das 23 primaveras, mas sei que quero seguir os passos dos meus mestres e daqui uns dias ser mestre igual ou melhor do que eles me foram.

Comumente vemos a indignação de toda uma sociedade com fatos que nos chocam e, sempre ouvimos, "que fulano não pode ter defesa, que quem defende bandido só pode ser mercenário" e outras tantas barbaridades, hoje nosso filho pode ter sido assassinado e vamos querer justiça e se nosso filho fosse o assassino, não iríamos querer uma pena justa e um julgamento sério.

Pergunto-me sempre: Haveria justiça sem o advogado? A constituição diz que não.

Poderia escrever dias e dias a respeito da felicidade que é advogar, sentir a alegria de ajudar a justiça, de denunciar os abusos e abusadores.

Mas acima dessa vontade alucinante de advogar, existe uma reserva de mercado escancarada, o famoso exame de ordem, onde a OAB acha que avalia alguma coisa e nos fingimos que somos avaliados também.

Hoje é mais barato fazer uma inscrição num concurso para juiz do que fazer a inscrição na prova do exame de ordem. Sei que os brilhantes advogados que seguimos, em sua grande maioria não fizeram tal exame e, nem por isso deixaram de ser brilhantes.

Encerro minha afirmação pela paixão que tenho pela advocacia, pedindo a Deus que me conceda a oportunidade de advogar e que a OAB permita-me a condição legal de ser advogado.

Leandrius de Freitas Muniz
Bacharel em Direito

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