Fátima é o nome da caboquinha simpática que trabalha com a minha mãe há mais de quatro anos.
A caboquinha tem três filhos pequenos e está gestante de outro. Com dificuldades sustenta a todos.
A caboquinha não se emburra nunca. Sorri para todos, agrada com o seu jeito simpático de ser. Mesmo sem dentes ela não controlava o sorriso. Agora, que colocou a dentadura, nem se fala!
Mora na periferia de Tarauacá, lá onde o rio, quando enche, atinge as primeiras casas, desabrigando seus moradores.
Seu lar é pequenino, distante, insalubre, materialmente paupérrimo. Mas como é rico o espírito da caboquinha!
Todos os dias lá está ela, ajudando minha mãe a vender café, nescau, cuzcuz, mingau, suco, bolo, baixaria, tudo que a gente gosta pra quebrar o jejum.
Toda vez que passa uma pessoa pela frente da banca, no Mercado Municipal de Tarauacá, ouve-se a voz sorridente da caboquinha: "diga freguês, um nescauzinho quente." Diga freguês, um bolinho bom". Diga freguês, um suquinho gelado."
E assim muitas pessoas, encantadas com tanta graça, param e compram e conversam e a elogiam, e ela responde que é assim porque é feliz.
Todos nós, de casa, a temos em alta conta, e procuramos ajudá-la de várias maneiras. É honesta, disposta, e trabalhadora. Vez por outra alguém procura irritar a caboquinha, mas fracassa.
A caboquinha, com todos os emprensados da vida é alegre, não conhece o estress, a preguiça, o tédio, o mau-humor, a raiva, a lamentação. Êta caboquinha evoluída. Um esbanjamento de espiritualidade.
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