quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que converso com os mortos

Estava fazendo júri quando precisei usar um livro para ilustrar uma explicação que dava aos jurados, e aproveitei a ocasião para narrar-lhes episódio que aconteceu comigo, amenizando assim o tenso ambiente do julgamento.

Ao fazer minhas costumeiras peregrinações pelas livrarias de Rio Branco, numa delas avistei, na seção de livros espíritas, uma obra intitulada Por que Converso com os Mortos, de autoria do médico legista Badan Palhares.

Achei estranho aquele livro ali, pois já o conhecia. Chamei o proprietário e perguntei-o porque tinha colocado o livro naquela parte da estante. E ele me respondeu que o título já dizia tudo.

Esclareci a ele que aquele livro não era de conteúdo espírita, estava mais para o direito, e que eu já tinha usado-o em vários júris, em diversas ocasiões, para explicar determinadas perícias.

Disse-lhe também que o autor era o conhecido médico legista Badan Palhares, que participou da perícia de polêmicos e famosos casos como o de Chico Mendes, de PC Farias, e no reconhecimento das ossadas do médico nazista Josef Mengele.

Expliquei-lhe, ainda, que o título Por que Converso com os Mortos, não era por causa que o espírito do defunto aparecia a ele para contar como foi morto, mas sim porque examinando com ciência os sinais deixados no corpo da vítima e no local da morte, muitos crimes poderiam ser desvendados, era como se o morto estivesse falando o que aconteceu.

Ele, desconfiado, agradeceu-me, chamou o vendedor, pediu mais atenção, e colocou o livro no devido lugar. Classificar livros não é uma das coisas mais fáceis!

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