quarta-feira, 19 de março de 2008

Mas teve defesa

"Quando Deus voltou ao mundo, para castigar os infiéis, deu ao Egito gafanhotos, ao Brasil deu bacharéis". Carvalho Neto.


Para quem acha que em certos casos criminais não existe defesa para o réu é porque nunca ouviu a história abaixo. Aliás não existe esse negócio de indefensabilidade.

O réu tinha cometido um crime bábaro contra um desafeto seu. Alegou em seu interrogatório que tinha agido em legítima defesa, mas todas as provas indicavam o contrário. Não é que a palavra do acusado não tenha valor, mas tem que ser confirmada por outros elementos dos autos. A maior de todas as provas é o conjunto de todas as provas.

Pois bem, ao advogado só restava potencializar a versão do reú, e assim fez. Olhou para os jurados, silenciou dramaticamente e começou:

"Senhores Jurados, meu clientizim, estava num barzim, tomando um conhaquizim com seus amiguim, tudo tranquilim".

Fez outro silencio, engrossou a voz e arrebatadamente continuou:

"Quando de repente, entrou um homenzão, puxou de seu cinturão, um revólvezão, e fez bão bão bão".

O bacharéu diminuiu o tom, e maneiramente, com cara de santo barroco, concluiu:

" Vendo aquilo, senhores juradozim, meu clientizim pegou um terçadim e fez pim pim pim pim."

O acusado foi condenado, mas que teve defesa, teve.

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