Não é incomum o debate a respeito da diferença que existe entre oratória, retórica e eloquência. Ao longo do tempo fui construindo a minha própria compreensão, não querendo dizer com isso que ela está pronta e acabada, mas venho me satisfazendo e aperfeiçoando esse entendimento.
Esses três termos, retórica, oratória e eloquência, podem ser usados como sinônimos, sem nenhum problema, o dicionário Houaiss traz assim, precisando apenas que, aquele que assim faz, esclareça aos ouvintes ou aos leitores que se optou em empregá-los no mesmo sentido, com um mesmo verbete.
A retórica, a oratória, a eloquência todas fazem parte da arte de falar bem, da arte de bem dizer. O re de retórica, o ora de oratória, e o loquen de eloquência, são termos que significam dizer, orar, falar.
Mas se queremos diferenciá-las podemos fazer da seguinte maneira.
A oratória se refere ao conjunto de técnicas, gestos, maneiras, formas de dizer, que podem ser adquiridas por intermédio de cursos, de leituras, de práticas. Ela é indispensável para quem almeja ser um grande comunicador.
A retórica se refere mais a argumentação sólida do conteúdo, à associação e à disposição das ideias, a força da lógica, da dialética, que também se adquire com muita leitura, exigindo amplo e profundo conhecimento. É imprescindível porque é ela que dá substância e impacto na comunicação.
A eloquência se refere ao carisma, ao dom, a bela voz, a boa presença, a espirituosidade, a expressividade da alma de um indivíduo, que faz com que suas palavras tenham uma misteriosa sedução, um tremendo efeito. Não podemos dizer que ela pode ser conquistada em cursos ou com leituras, ela é um presente de Deus. É a bela essência do verbo encantado.
Todas elas se interconectam fazendo parte de uma só ciência, de uma grandiosa ciência, que ora chamamos de oratória, ora de retórica, ora de eloquência.
Muitos manuais podem até explicar de outra maneira as nuances entre as palavras referidas, mas venho me dando por satisfeito com essa compreensão que tenho, solidificando-a em anos de estudos teóricos sobre a matéria, e com a constante prática da palavra ao longo do tempo em movimentos estudantis, culturais, eclesiais, políticos, sindicais, em comícios, passeatas, palestras, apresentações, salas de aulas, tribunais do júri e outros tribunais.
3 comentários:
Ótimo texto Dr. O senhor serve como fonte de inspiração. Suas interpretações são sábios e coerentes. Tenho uma pergunta: Como sabemos se possuimos ou não o dom da eloquência? Ela nasce conosco? É moldada com o tempo e esforço? É reconhecida por outros? Ainda me confundo em meus devaneios à respeito desta palavra. Obrigado e sucesso.
Grato por suas palavras, sou um aprendiz desta arte, arte que esteve na presença de Jesus, de Buda, dos grandes líderes do mundo.
"Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
"Quem não tem pecado atire a primeira pedra".
São momentos ímpares da grandiosidade da oratória de Jesus.
Para saber se temos ou não eloquência devemos nos estudar, nos examinar, nos conhecer.
A eloquência será sentida pelos outros, na simpatia, na atenção que a se é dada ao orador, nas sensações que o público sente, de admiração, porque a eloquência, como disse, é a bela essência do verbo encantado, é ela que atrai, é ela que chama, é a docura do mel. Quando mais nos ligamos a verdade, a justiça, aos valores da consciência, a autenticidade, mais desenvolvemos a eloquência em nós.
A eloquência tem muito haver com a espiritualidade, tanto a usada para o bem, como com a usada para o mal.
Mas essa eloquência precisa da oratória e da retórica.
Abraços
estava pesquisando sobre oratória e retoria e me deparei com seu texto e aqui me atrevo a tecer um comentário sobre eloquência alem de ser um texto fácil de ler e entender mesmo para quem não é da área de direito achei poético o que facilita trabalhar com os alunos de qualquer nível ou serie.
assim agradeço e parabenizo por tão sabias palavras obrigada. Profª Jacqueline Godoy
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