sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não é justo jogar no vivo a culpa do morto

Minha equipe e eu estivemos ontem na Comarca de Manoel Urbano-Acre participando de um movimentado júri popular. Na assistência da defesa, o estagiário Isaac Freire, e registrando o evento forense, Nostradamus França.

Depois de 10 horas de julgamento entendeu o Conselho de Sentença que o réu, homem trabalhador, agiu em legítima defesa, quando ao ser agredido em seu local de trabalho matou para não morrer.

Em determinado momento do julgamento, o promotor retoricou, visivelmente indignado: "Qual é o valor que tem a vida? Pode-se andar por aí, impunemente, tirando a vida dos outros como se a vida não valesse nada?

Na minha vez de falar disse aos magistrados populares: "Perguntou o promotor, ainda há pouco, qual o valor que tem a vida. E respondo para o promotor que a vida tem um valor inestimável. O valor da vida é tão inestimável que o direito autoriza a matar para se poder viver".

A acusação não deu tréguas, foi forte, cerrada, em tom de combate o tempo todo. Houve réplica, tréplica, farpas, faíscas, choques de opiniões, coisas da natureza do júri.

Mas como dizia Shakespeare "não é justo jogar no vivo a culpa do morto". E nesse caso em particular, o júri entendeu que o poeta tem razão, "não é justo jogar no vivo a culpa do morto".

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