Marco Aurélio, o imperador filósofo, que governou Roma entre os anos de 161-180 a.C., escreveu várias e profundas reflexões a respeito da vida que ficaram conhecidas como Meditações de Marco Aurélio.
Ao falar das boas influências que em sua educação recebeu, assim o filósofo rei falou de Alexandre, O Gramático: "Não criticar, mas acima de tudo, corrigir sem machucar aqueles que deixam escapar algum barbarismo, algum solecismo, algum erro de pronúncia, retificando-os com jeito, ou usando algum outro modo indireto de ensinar".
Por esses dias comprei a versão atualizada do livro Não Erre Mais do conhecido gramático e lexicógrafo Luiz Antonio Saconni, autor de várias obras, dicionários, guias gramáticais, etc. Parece que o referido autor não é muito de ensinar conforme os preceitos de Alexandre, O Gramático; sem ferir, sem afrontar, sem diminuir o outro. Saconni gosta de sacar seus conhecimentos ironizando jornalistas, advogados, outros professores de português, achando que só a norma culta da língua é válida no processo comunicativo.
Folheando o livro parei onde ele ensina a pronunciar corretamente a palavra dolo, um vocábulo do meio jurídico, que quer dizer ação ou omissão feita com intenção, com consciência do erro. Diz ele: "Pronuncia-se dólu. O que mais espanta é ver advogados (ou seriam "adevogados" ?) dizerem a todo instante justamente como não deveriam: dólu".
Muito estranho. Ele ensina que a pronúncia certa da palavra dolo é dólu, ao mesmo tempo que chama de adevogados aqueles que pronunciam a palavra corretamente, à maneira que ele ensina, dólu.
Saconni quis dizer o seguinte: que a pronúncia certa é dólu (aberto) e que o que mais lhe espantava era ouvir adevogados pronunciando dôlu (fechado). Mas não foi isso que ele disse. É bom antes de lançar um livro desta natureza procurar revisar melhor a obra, principalmente ele, tão afeito a ensinar ferinamente.
Acima, uma imagem do filme Sociedade dos Poetas Mortos, um exemplo de educação com amor, um exemplo de educação para a liberdade.
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