Tem sido comum o uso de recurso audiovisual para ilustrar apresentações, tornando-as mais atraentes e persuasivas.
Em alguns casos, o mal uso do data-show tem atrapalhado a performance do apresentador, pelo excesso de informações e imagens, já que o ouvinte precisa voltar sua atenção, concomitantemente, para o que é exibido e para o que é falado.
Assisti a inúmeras palestras de cultos cientistas da área do direito no 16º Seminário Internacional de Direito Criminal - IBCCRIM, um dos eventos mais importantes da área penal na América Latina, prestigiado mundialmente. Quase todos os palestrantes usaram o projetor multimídia em suas exposições. No geral, foram excelentes os trabalhos, à exceção daqueles que apenas se tornaram meros leitores de slides, coadjuvantes e não protagonistas de suas apresentações.
Vale lembrar que o talento retórico, a capacidade de dizer, não pode ser substituído por um retroprojetor. Um dos momentos mais altos do conclave foi a palestra intitulada Reflexões Sobre a Pena de Morte, de Sandra Babcok, advogada americana de presos sentenciados a pena de morte, nos Estados Unidos e em outras parte do mundo. Sem nenhum instrumento audiovisual, ela emocionou a todos, com sua oratória cativante, colocando imagens mentais bem diante de nossos olhos.
Isso é conhecido em retórica como hipotipose, ou seja, uma narração ou descrição feita em cores tão vívidas, tão vibrantes, tão emocionantes, que os ouvintes ou os leitores têm a sensação de presenciarem os acontecimentos pessoalmente. Ouvem vendo mentalmente o que o orador ou o escritor estão dizendo.
Não se trata aqui de desprezar os instrumentos modernos que enriquecem as apresentações; são úteis e devem ser usados com conhecimento, e também com consciência, para não ficarmos deles reféns. A hipotipose, figura retórica da mais alta relevância, deve ser desenvolvida pelo orador, pois é um recurso natural dos mais finos na arte de persuadir, que quando bem trabalhado dispensa qualquer imagem ou texto criado no PowerPoint.
2 comentários:
Faz sentido. Da mesma forma que um computador, jamais substituirá um piloto.
grde abraço
Isso mesmo, amigo Palazzo.
E você como um piloto de avião bem sabe disso.
abraços
Sanderson
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