Assim meu assistente apresentou-me uma resposta à acusação, defesa que fazemos bem no início do processo.
Em alegações finais, o Ministério Público, in totum, encampou as razões da defesa, porém não fez referências ao arrazoado, como se tivesse descoberto a roda.
Na vez das alegações derradeiras, meu assistente, que pelejou com maestria na construção jurídica de uma tese, ficou indignado com o comportamento do promotor. Danou-se a bater o malho, impiedosamente.
Justa revolta, pela deslealdade, pelo orgulho da parte contrária em não reconhecer o acerto do oponente.
No entanto, reformulei a peça, amenizando as catilinárias; em todo caso o promotor agiu com senso de justiça e pediu a absolvição do nosso constituinte.
Chamei meu assistente, tirei um livro da biblioteca, abri na página certa, - veja que ideal de humildade, - e comecei a ler:
"O advogado deve saber sugerir de forma muito discreta ao juiz os argumentos que lhe dêem razão, de tal modo que este fique convencido de os ter encontrado por conta própria".
Eles, os juízes, visto por um advogado, a lição aplicada na prática, mais uma vez Piero Calamandrei provando que a humildade é uma jóia rara da advocacia universal.
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