terça-feira, 18 de maio de 2010

A capacidade de intuir dos tribunos do júri

Preparando-me para realizar um júri folheava o livro Como vencer um debate sem precisar ter razão, de Arthur Schopenhauer.

O caso era difícil, o acusado foi em casa, pegou uma faca, retornou até onde a vítima estava, deu-lhe um empurrão, ela caiu ao solo, bateu a cabeça, desmaiou, e depois sofreu uma facada na região epigástrica. Claro... isso é o que a acusação sustentava.

Encontrei no livro referido a seguinte passagem, escrita em nota prévia por Olavo de Carvalho:

"A capacidade de argumentar é habilidade menor e derivada em relação a capacidade de perceber e intuir".

Com base no direito e no fato em si, eu realmente não tinha razão, mas se juntasse todas as circunstâncias do caso minha intuição dizia que a tese da legítima defesa poderia ser acatada pelo júri. E assim fiz e assim o júri entendeu.

A capacidade de intuir é fundamental aos tribunos do júri, saber o que em cada caso é útil e essencial para convencer.

A justiça é uma energia misteriosa, tão misteriosa que em muitas situações chegamos a pensar, na nossa ignorância, que ela é injusta.

2 comentários:

Ítalo Gustavo disse...

A intuição é senhora. Num caso complicado é preferível trabalhar com atuantes a insistir em atenuantes inócuas.
Por exemplo, num caso de homicídio triplamente qualificado seria uma vitória se o advogado conseguir a condenação em apenas uma qualificadora. E assim por diante.
Em tempo: esta minha reflexão é para os leitores do blog, e não para o autor, pois já é um mestre na arte de defender.
http://notasjudiciosas.wordpress.com/

Sanderson Silva de Moura disse...

Caro Ítalo

Visitei o seu blog e gostei muito, está linkado.

O que você falou é uma observação importante.

Um dia quero ser um mestre na arte de defender, pois sinto quão gradioso é o ofício da nossa profissão. Diariamente aprendo, estou aberto ao crescimento, a evolução não tem fim.

Abraços caro amigo de profissão

Sanderson Moura