Estou lendo o livro Assim os (e nos) defendemos, de João de Oliveira e Volney Colaço de Oliveira, pai e filho respectivamente.
O advogado João de Oliveira fez época, em meados do século passado, no sul do país, lá para as bandas de Santa Catarina.
Eloquente, talentoso, brilhante, audacioso, eram essas suas principais qualidades, que o fizeram respeitado por todos que o conheceram.
Seu filho Volney Colaço de Oliveira reproduz no livro preciosas defesas criminais realizadas pelo pai no tribunal do júri, para o gáudio das novas gerações.
A última parte do livro trata de autodefesa feita por João de Oliveira em processo contra si movido por atabalhoado juiz da Vara do Tribunal do Júri, por suposta prática de calúnia, injúria e difamação.
O advogado deve saber se defender, é imperativo moral de sua profissão. Como defenderá os outros se não sabe nem se defender?
Alguns afirmam que o advogado que defende a si mesmo tem um tolo como cliente. E são abalizadas vozes que assim sustentam, como a do criminalista americano de primeira grandeza Clarence Darrow.
Por está envolvido emocionalmente na causa, finda o advogado prejudicando a si mesmo.
É exatamente isso que torna a autodefesa um exercício penoso, complexo e delicado. O advogado precisa desenvolver o autocontrole, a serenidade, a firmeza das emoções para fazer sua própria defesa. Fortiter in re, suaviter in modo. "Com dureza, mas com suavidade no modo". E isso não é realmente fácil no turbilhão das paixões. Fica para os grandes.
Demóstenes fez sua autodefesa em A Oração da Cora.
Sócrates fez sua autodefesa em Apologia.
Fidel Castro fez sua autodefesa em A História me absolverá.
João de Oliveira fez sua autodefesa em Assim os (e nos) defendemos.
Diria eu que para alguém tornar-se um verdadeiro criminalista primeiro tem que saber se defender, com maestria. Analise bem: só quem sabe defender a si mesmo, com maestria, é que sabe defender os outros. Não vale aqui o provérbio "casa de ferreiro espeto de pau". Não em relação a defesa criminal.
O bom é podermos dizer como João de Oliveira disse ao final das nossas pelejas, com fé na Justiça:
"No decorrer da minha existência, ora defendi, ora ataquei, lutando continuamente na vida pública, dentro da lei, contra a prepotência política, a parcialidade e a timidez judiciárias.
Nunca me faltaram óbices pelos caminhos que andei. Mas nunca fiquei descrente na justiça terrena, porque quando precisei, os verdadeiros juízes nunca me desampararam".
5 comentários:
O grande orador da lígua portuguesa - Padre Antonio Vieira, também fez sua autodefesa num processo que o terrível tribunal da inquisição lançou contra ele. Pasmem - foi absolvido!
Muito boa a informação.
Tenho um livro chamado Padre Antonio Vieira e os Judeus, e lá se faz referência ao enfretamento que Antonio Vieria teve com o Tribunal do Santo Ofício.
É até mesmo uma consequência lógica.
São tantas as virtudes a serem ampliadas (outras criadas) e defeitos a serem amenizados em uma autodefesa que, logicamente, na defesa de outrem o advogado terá meios e experiência para se sair bem. O autocontrole, por exemplo, é uma virtude mais que necessária para mostrar com clareza os argumentos e, desenvolvido, este facilitará muito outras defesas.
PS: Não se deve confundir autocontrole com permissividade (o famoso 'sangue de barata').
O que tenho é uma pequena brochura da Martin Claret - Sermões Escolhidos de Padre Antonio Vieira e sua Autodefesa.
Um pequeno grande livro, vale a pena ler.
Maria Clara
João 1.1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.O maior dos oradores o mais sábio nos ensina em Provérbios 15.1. A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. Gálatas
5:22. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Gálatas
5:23. Contra estas coisas não há lei.
Com esses sentimentos na prática da defesa e uma boa eloquência, no mínimo alcançara dos opositores de caráter, respeito.
webstonaugusto@bol.com.br
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