sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Morais perigosas

Bela, inteligente, grande filósofa, exímia oradora de Alexandria do século IV a. C., Hypátia foi perseguida e apedrejada dentro de uma igreja por fanáticos judeus e cristãos, os mesmos que, juntamente com os muçulmanos, queimaram e destruíram a Biblioteca de Alexandria, a maior do mundo antigo, com quase um milhão de livros, e que reunia todo o saber escrito da humanidade, inclusive da desaparecida Atlântida. 

De vez em quando, vejo alguém dizendo que devemos resgatar a moral judaico-cristã. Nós precisamos da moral que nasce da liberdade do pensamento, da consciência universal; não precisamos de nenhuma moral que nasce do moralismo ou de dogmas religiosos ou de artigos de fé. 

O mundo precisa de fraternidade, e a fraternidade só pode ser construída e iluminada pela tolerância, pelo respeito e pela convivência sincera balizada em firmes valores universais. As fogueiras, as cruzadas, as guerras santas, os index, as inquisições, são coisas que parecem pertencer ao passado. Vivemos sob o ataque do obscurantismo. 

Os homens e as mulheres livres, a exemplo de Hypátia, devem vigiar e reafirmar seu compromisso com a liberdade, com a democracia, com a razão, com a tolerância e com o humanismo - é por esse caminho que podemos construir uma civilização da luz.

Nenhum comentário: