Enquanto lia o livro Os Advogados e Ditadura de 1964: A defesa dos perseguidos políticos no Brasil, uma frase de um poema chamado Desiderata me vinha a mente: "Não seja descrente do Bem que sempre existe, em toda parte a vida está cheia de heroísmo".
Quem quiser conhecer a que patamares de heroismo, de abnegação, de serviço ao direito, de coragem, de ousadia, de responsabilidade que nossa profissão pode chegar, precisa ler este livro. Advogados sequestrados, torturados, mortos, amordaçados, mas mesmo assim a advocacia atendia ao chamado para luta, continuava sua missão, enfrentando todos os perigos da Ditadura.
Uma frase de Sobral Pinto é lapidar: "O advogado só é advogado quando tem coragem de se opor aos poderosos de todo o gênero que se dedicam a opressão pelo poder". Não há como não reconhecer a vocação da advocacia: vocação para a liberdade, para a democracia, para a legalidade.
Nada mais contrário as virtudes do advogado do que a subserviência, o servilismo, a falta de independência para agir, opinar, ter um lado.
A advocacia é por natureza filha da liberdade, que por sua vez faz seu ninho, seu abrigo, seu escudo na advocacia, quando encontra-se atacada pelos regimes de exceção. Ad vocare. Daí surge o termo advocacia. É um chamado, um pedido de intervenção, de auxílio, de socorro. A liberdade, o direito, a democracia, a chama quando encontram-se em perigo. E quando somos chamados parece existir uma irresistível e bela e oculta força que nos move para o cumprimento da missão.
Um comentário:
É Dr. Sanderson, hoje, em todas as esferas e em qualquer profissão se houve muito falar em democracia, mas se pratica pouco ou quase nada. O próprio Judiciário que antes era tido como poder livre desta politicagem, demonstra em suas entranhas, nos seus bastidores o jogo do interesse para manter-se no poder, daí também as autarquias de profissões liberais terem se prostituído em prol dos interesses de alguns em detrimento do direito da coletividade.
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