Neste final de semana assisti ao filme O Poder e a Lei, um excelente thriller de tribunal, que tem como centro dos acontecimentos o advogado criminalista Michael Haller.
Não vou aqui fazer a sinopse do filme, facilmente encontrada com um simples clique no google.
O que percebi na figura de Michael Haller foi a dupla face da advocacia, que se pode resumir em duas frases bem fortes.
Diz uma das frases: "En cada hombre cabe todo lo malo y todo lo bueno". A outra, constata com sabedoria: "A advocacia pode ser a mais vil das profissões quando exercida sem ética, e a mais bela quando praticada em sintonia com os valores da consciência".
Em uma cena do filme o criminalista diz: "O que mais tinha medo na minha vida era não ter a capacidade de reconhecer a inocência". E foi por causa dessa sua incapacidade que um dos seus clientes, inocentemente, foi condenado a prisão perpétua. Quando ele descobriu a verdade lutou com todas as forças de seu espírito para libertar seu constituinte. Este é o grande lado branco da advocacia, o lado heroico, épico, que tanto encanta o inconsciente coletivo.
No mesmo momento da cena, ele continua falando: "Agora, o que mais temo hoje é o mal". O mal que estava dentro dele mesmo, e o mal que vinha de fora, dos outros, de um próprio cliente seu, que o colocava como suspeito de um assassinato. Michael Haller parecia não conhecer limites quando queria ganhar dinheiro: inventava despesas, pagamento de perícias, contratação de outros profissionais, e várias outras artimanhas para enganar seus clientes. Esse é o lado mal, obscuro, terrível da advocacia.
Desde os primórdios da profissão essa dualidade se manifesta na advocacia. O lado bom derrubou tiranias, construiu instituições, criou e salvou os melhores princípios do direito, consagrou o ofício, levando um dos maiores filósofos da história, Voltaire, a chamá-la de "a mais bela das profissões".
O lado negativo da advocacia fez com que as pessoas desprezassem o advogado, tendo-o como profissional corrupto, que não se pode confiar, malandro, ávido por dinheiro, abutre enganador, sempre usando do engodo e da má-fé para extoquir os seus clientes. Sem a ética devida, esses profissionais fazem com que a advocacia apareça aos olhos do público como uma vil e rasteira profissão.
Sãos esses os dois lados da advocacia que podem ser vistos na figura contraditória de Michael Haller, no filme O Poder e a Lei. Contraditório somos todos nós, uns mais, outros menos. Potencializar o melhor lado é uma questão que depende da escolha e do grau de consciência de cada um.
4 comentários:
Essas palavras já contextualizei num outro momento e de repente cabe aqui novamente. Comparo os bons advogados com os gladiadores, heróis na defesa do outro e de si. Enfrentam nas arenas dos tribunais o rugir dos leões ferozes por vencer, alguns a qualquer custo. Nesse caso não caberia a palavra confiança, pois advogar não é usar de meios oportunistas para se engrandecer, penso que advogar verdadeiramente esteja num contexto intimo que leva esse profissional ao encontro de si com a verdade.
Nesse encontro com a verdade, admiro o verdadeiro que habita no ser, essência plena da existência.
Nostradamus
Bem postas as suas palavras Nostradamus.
O advogado no seu ofício de falar pelo outro trabalha com valores do quilate da liberdade, da confiança, da verdade. Advogar é uma das maneiras de se autoconstruir, quando bem exercida; ou de autodestruir quando mal exercida.
Sanderson
Caro Sanderson, desta fez não incluirei comentário acerca da mensagem postada, sugiro nesta mesma linha do filme o Poder e a lei, do qual também já assisti, os filmes "Relatos de um Crime" e "Código de Conduta", ambos trabalham bem essa dualidade vivida no meio jurídico e que também se aplica ao médico, ao contador e qualquer ser.
Grato pelas dicas Amarísio,
São filmes que sempre gosto de assistir, não só o crime e a investigação, mas o desenrolar dos acontecimentos nos tribunais, a acusação, a defesa, o júri.
Sanderson
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