É impressionante quando se consegue ouvir as testemunhas, o réu, o promotor, o juiz, sem movimentar a mente com diálogos mentais. O que dificulta esse trabalho, de ver, ouvir, sentir, perceber sem julgar, é o clima de parcialidade que envolve um julgamento. O advogado está ali para defender o cliente, não pode vacilar, portanto, fica feliz quando algo o beneficia, mas fica triste, com raiva, decepcionado quando algo o prejudica. Isso acontece também com a outra parte, o promotor, e acontece com o juiz também, na maior parte das vezes, que leva pré-julgamentos em sua cabeça, embora não devesse assim proceder.
Não é que colocando em prática a frase de Osho irei deixar de defender o meu constuinte, mas ouvindo as coisas com atenção e imparcialidade, a verdade se evidencia mais, os argumentos se arranjam e aperfeiçoam, o fato é entendido melhor, e uma luz sobre a causa se revela intensidade.
Participei de uma audiência que consegui chegar muito próximo de permanecer nela sem julgar, do início ao fim. Chega a ser algo assustador, admirável mesmo, uma espécie de milagre, de detector de mentiras, de descobertas de verdades.
Assim venho procurando exercitar esse grande ensinamento de Osho na minha vida diária, pessoal e profissional, ouvindo um cliente, participando de um julgamento, conversando com um amigo, ouvindo as pesssoas falarem, observando com imparcialidade as coisas para entendê-las com mais claridade. Como disse, é um trabalho árduo, mas é algo que se vale a pena buscar, é uma verdadeira chave de ouro.
Um comentário:
A frase de Osho que vocês postou me chamou atenção, a qual fiz uma conexão com o texto que segue ao final.
Nostradamus
"Só tem uma visão clara das coisas aqueles que observam sem julgar". Osho
Neutralidade e a observação.
Os índios chamam isto de "visão da águia": sair voando de dentro do burburinho dos eventos e, de cima, com uma perspectiva ampla, observar os acontecimentos sem identificação ou julgamentos. Ou, em outro exemplo: sair de dentro do rio caudaloso de nossa vida - onde estamos imersos até o pescoço - sentar na margem e observar. Quando dentro do rio, imersos até o pescoço, qualquer ondinha nos parece um vagalhão, mas quando nos sentamos à beira do rio, a ondinha novamente vira ondinha, e aí podemos ter uma perspectiva mais correta e um envolvimento menos sofrido com as coisas.
Isto desenvolve uma profunda consciência da relatividade dos pontos de vista e, por conseguinte, o redimensionamento da nossa identificação e envolvimento com a transitoriedade da vida.
Ernani Fornari (Dharmendra)
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