segunda-feira, 26 de março de 2012

O túmulo da justiça

Numa frase lapidar, disse Prado Kelly, presidente nacional da OAB entre os anos de 1960-1962, e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, no livro A Missão do Advogado:

"Só há justiça, completemos, onde possa haver o ministério independente, probo e corajoso dos advogados. Tribunais de onde eles desertem serão não mais o templo, mas o túmulo da justiça".

Já vi acontecer isso algumas vezes: profissionais sem empolgação e ânimo para atuar em determinadas varas e tribunais, devido ao desrespeito, a intolerância, a agressividade, o pouco caso com o direito, por parte daqueles que deveriam ter como norma de conduta a gentileza e a lhaneza no trato com os advogados.

Não é muito difícil conhecer um juiz - e isso se aplica a outras autoridades -  pela forma que os servidores da vara tratam os advogados e os jurisdicionados, porque eles apenas refletem a atmosfera psicológica da autoridade do lugar. É muito raro um diagnóstico como este dá errado, muito raro mesmo!

Acontece o que disse Prado Kelly, a gente sente que ali não há uma sacralidade, uma reverência pela justiça, que a justiça ali morreu, pelo menos momentâneamente, até ela se erguer de novo com todo vigor e prestígio saciando aqueles que sentem sede e fome de sua presença.

Certo estavam os gregos que, antes de iniciarem um julgamento, espalhavam água benta e acendiam incensos pelo recinto como forma simbólica de afastar as tendências malignas do interior do ser humano fazendo seu julgamento se aproximar o máximo possível da Verdade e do Sagrado.

Um comentário:

Terra Náuas disse...

Talvez o costume do incenso e da água benta devesse ser retomado, como um lembrete de que o que se busca com a justiça seja a verdade e não o envaidecimento pessoal