quarta-feira, 1 de abril de 2009

A mentira nos tribunais

Dia da mentira: a mentira se curva à verdade.

Diariamente a mentira visita as salas dos tribunais, e é preciso estar atento para combatê-la.

Ela quase sempre aparece revestida de verdade, e nada mais parecido com a verdade do que a mentira bem articulada.

Como Jesus nos ensinou o Pai da Mentira é o Diabo.

Tem a conhecida frase nazista que não devemos nos esquecer, como forma de nos prevenirmos: "uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade".

Mas sabemos que a "mentira tem pernas curtas".

Para Mário Quintana "a mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer".

É comum a gente ouvir de determinados advogados de que "o importante é a versão e não o fato". Daí para o trabalho desonesto resta poucos metros. Claro que para todo o fato muitas versões dele podem existir. Dizem até que em um processo existem três verdades: a minha, a sua, e aquela que realmente aconteceu.

Dias desses fazia um júri e deparei-me com uma mentira difícil de combater porque bem sustentada, pois segundo alguns "é mais sábio contar uma mentira que parece verdade do que uma verdade que parece mentira".

Levei para o julgamento um livro de Osho, Faça seu coração vibrar, já marcado com a passagem que eu usaria para porfiar contra a mentira. Na minha vez de falar iniciei a defesa lendo o que o filósofo ensinava:

"Uma das qualidades da verdade é que você não precisa se lembrar dela, é impossível esquecê-la. A mentira é algo do qual você tem que se lembrar continuamente, pois há o risco de esquecê-la. Tem que se ter boa memória para mentir, mas mesmo assim, sempre que você fala uma mentira para alguém você precisará mentir novamente e acaba tendo de criar uma série delas. A mentira pari muito, não conhece controle de natalidade".

E aos poucos criou-se no tribunal um ambiente propício para fazer valer a verdade, com argumentos que levaram os jurados para o campo da Realidade. Foi dito, ainda, com base nos estudos do psicólogo Altavilla, que "quem fala a verdade assemelha-se com o voo da andorinha, o voo é retilíneo, harmonioso, bem direcionado. Já quem mente assemelha-se ao voo do morcego, pra cima, para baixo, vai e vem, caótico, desordenado."

E assim, a mentira curvou-se a Realeza Verdade. E da Realeza da Verdade nasceu a Justiça.

6 comentários:

Anônimo disse...

Cada juri é único, tem identidade própria. Os argumentos que levantamos a um nãop serve para o seguinte. Por isso é preciso mergulhar na causa, nas provas, nas circunstancias e na verdade. Essa última sim deve está desde a origem de uma causa vitoriosa.
" Buscai a verdade e a verdade vos libertará"
Ele deu a pista para os advogados criminalistas.

Maria Clara

André Neri disse...

Verdade e mentiras, e justiça e injustiças. Vale levar em consideração a frase de Eurípedes, quando disse que "todo aquele que encobre a própria injustiça debaixo do manto lustroso da eloqüência(sic) merece um grande castigo". Buscar a verdade e expor os motivos do nosso patrocinado (os pontos de vista, como preferir), fazendo-os sensíveis aos despercebidos são os caminhos corretos dessa profissão. Sucesso! Abraço!

João Arthur dos Santos Silveira disse...

A verdade, mais do que em qualquer outra, deve ser a base da profissão do advogado criminalista.
Nas palavras do notável orador de júris Paulo José da Costa Jr : "É necessário crer para convencer"
É quase impossível convencer alguém daquilo que nós sabemos ser uma irremediável mentira.
A omissão pode até ser encarada de forma mais branda, mas deve-se tomar muito cuidado, pois a omissão, muitas vezes, pode retirar de sua causa o caráter de 'bom combate'.
Certo e errado, verdade e mentira, justiça e injustiça... não considero relativos. Todo ser humano, os dotados de pleno discernimento, ao menos, são capazes de diferenciá-los. Se não seguem o 'bom combate' por deviarem-se do certo, do justo ou da verdade, é por ignorância ou malícia. Os ignorantes serão perdoados. Já os outros...

Abraço a todos!

Txai Dinho da Silva disse...

Passo sempre por aqui após concluir a minha leitura dos e-mails e jornais. Aqui encontro o privilégio de desmistificar o juridiquês e focar as ferramentas de comunicação utilizadas pelos magistrados e rede de apoio.

Além disso, a atitude empreendedora do Tarauacaense Dr. Sanderson Moura é um achado para nós, os leigos, ou melhor, cidadãos comuns com sede de novidades criativas em nossas terras e gente amazônicas!

fraternal Abraço,

Professor Dinho da Silva

Sanderson Silva de Moura disse...

Dinho da Silva:

Agradeço a suas palavras elogiosas.

E fico feliz com a sua frequencia na leitura deste espaço.

Forte abraço


Sanderson Moura

Anônimo disse...

O ADVOGADO E A VERDADE

Considero a verdade como algo que se confunde com a justiça, mas uma justiça baseada no processo justo, sem uso de influências que privilegie uma das partes num processo.

Agora como se sentiria um advogado que defende um cliente e no final do processo, esse cliente é julgado inocente pela justiça, onde esse era o objetivo maior do operador do direito, a justiça, porém após o julgamento descobre que seu cliente mentiu para ele, mentiu no processo, que os fatos ali expostos eram falsos. Qual seria a atitude desse advogado, agir como nada tivesse acontecido?

A Ética creio que é a prática da verdade, como algo praticado eticamente, e não uma verdade não falseada tido por alguns como verdade “verdadeira”, o advogado é obrigado a ser ético por força de sua profissão, muito mais do que todos os outros.

Não podemos viver de utopia, devemos partir do pressuposto de que nem todos os clientes falam a verdade perante o advogado, aquela verdade buscada pela justiça, e mais, nem todos os advogados falam a verdade a seus clientes. Isso é uma realidade, não podemos esconder de ninguém, não podemos ser hipócritas, e seríamos se acreditássemos no contrário.

Alguns acham que a mentira é válida quando aplicada para defender um cliente, uma pessoa próxima, e até dizem: é só uma mentirinha! Não faz mal a ninguém, foi por uma boa causa. A mentira é mentira, não importa o seu nível de gravidade, não importa a intenção.

Por isso, creio que a primeira disciplina a ser ministrada na academia, seja ela qual for, deveria ser a ÉTICA PROFISSIONAL, pois no primeiro ano, o acadêmico que não suportasse ser ético não sua profissão, desistiria da faculdade e nós não teríamos tantos “profissionais” não éticos, envergonhando a classe.

O advogado deve sim sempre falar a verdade. Essa prática deve começar em sala de aula, quando na academia, deve ser franco com os colegas, consigo mesmo, não se enganando dizendo que está estudando e no final das contas está usando de subterfúgios para passar nas provas, etc. São nas pequenas atitudes que o caráter vai sendo deformado.

Estou no segundo ano do Curso de Direito, tenho muito ainda que aprender. Tenho muita vontade e desejo de aprender pelos meios éticos, praticando a verdade. Quero ser um profissional que seja reconhecido na sociedade e no meio em que vivo por praticar atos verdadeiros, que pratique a justiça, que defenda os seus clientes baseados no código de ética profissional.

Um grande abraço,

MAURILHO DA COSTA SILVA
Acadêmico do 2º ano do Curso de Direito
Licenciado em História