sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Kairós retórico

Jesus foi um grande mestre do kairós retórico. A linguagem para se comunicar com crianças é uma; para falar com jovens é outra; com idosos, outra; com intelectuais, outra; com pessoas sem formação acadêmica, outra. Diferentes são as idades, os lugares, as culturas, as profissões, as ideologias, o tempo. 

Paulo, apóstolo, soube falar com os gregos na linguagem dos gregos. Isso se chama kairós retórico. Kairós é uma palavra grega que significa tempo, ocasião, momento certo. 

Tanto o filósofo Pitágoras quanto o sofista Górgias davam imensa ênfase a essa habilidade do orador. É sinal de ignorância, segundo eles, adotar uma única forma de proferir um discurso para aqueles que estão dispostos de maneiras diferentes. 

Kairós retórico é uma qualidade de quem já alcançou um bom grau de excelência na oratória. Jesus foi um grande mestre do kairós retórico. No círculo íntimo de seus discípulos falava de um jeito; para o povo, falava de outro jeito; para os doutores da lei, fariseus e saduceus ("raça de víboras, hipócritas") outro era o tom do discurso; para as crianças, adaptava-se carinhosamente a elas; para as mulheres, outra era a sua forma de falar.

Encontrar o modo apropriado de falar para cada um, para cada público, isso é kairós retórico, isso é sinal de sabedoria no exercício da arte de falar bem.

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