Ele era apenas um garoto correndo pelas ruas da ágora grega quando a cena de um julgamento lhe chamou a atenção. No tribunal, sob os aplausos da multidão, Calístrato orava, convencendo os jurados com sua grandiloquente defesa. O povo vibrava e gritava o nome de Calístrato, saudando-o e levando-o nos braços como um herói. A cena foi deslumbrante, e o garoto invejou e ambicionou a glória de Calístrato.
Quando cresceu, aquele menino abriu um processo contra as pessoas que tinham usurpado a sua herança. Mas seu desempenho foi fraco; perdeu o processo e foi vaiado pelos atenienses. Mas não baixou a cabeça, mas não perdeu a autoestima. Recolheu-se em rigorosa ascese. Para curar a gagueira, falava com seixos na boca. Para fortalecer a voz, declamava os versos imortais de Homero e Hesíodo, que eram ouvidos mesmo com as revoltosas ondas do mar chocando-se nas brutas rochas. Para corrigir um tique nervoso que o fazia levantar ora um ombro ora outro, falava debaixo de duas espadas que dilacerava-os todas as vezes que eles se moviam desordenadamente. Para não cair em tentação de voltar à vida normal e abandonar a sua disciplina, cortou a metade do cabelo, raspou uma sobrancelha e deixou apenas parte do bigode, aparentando uma imagem monstruosa.
Quando se sentiu preparado, reabriu o processo contra seus usurpadores. O povo foi assistir, lotando o recinto do tribunal. O garoto, agora jovem homem, falou com tanta maestria e poder, que o povo gloriosamente o levou nos braços como fizeram com Calístrato, e a ele, posteriormente, foi dado uma coroa de ouro, e as futuras gerações o aclamaram como o maior orador da antiguidade grega. Disse Demóstenes: "Trabalhei e lutei com perseverança, quis chegar e cheguei".
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