sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Zaratustra: uma taça transbordante de sabedoria

Assim Falou Zaratustra é um dos meus livros prediletos. Foi escrito por Friedrich Nietzsche, uma das maiores joias do pensamento universal.

Zaratustra, o sábio persa, o líder, o pregador, o orador das verdades sangrentas, antes de descer das montanhas -de onde fez sua morada na solidão por anos - para ensinar aos homens a sabedoria, assim se dirigiu ao Astro Rei, em tom bíblico e poético:

"Grande Astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te apresentas a minha caverna, e, sem mim, sem minha águia e a minha serpente, haver-te-ias cansado da tua luz e deste caminho.

Nós, porém, te aguardávamos todas as manhãs, tomávamos-te o supérfluo e bendizíamos-te.

Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria como a abelha quando acumula demasiado mel. Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres, da sua riqueza.

Por essa razão devo descer às profundidades, como tu pela noite, astro exuberante de riqueza, quando transpões o mar para levar a tua luz ao mundo inteiro.

Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir.

Abencoa-me, pois, olho afável, que podes mirar sem inveja até uma felicidade demasiado grande.

Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela jorrem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua glória.

Olha! Esta taça quer novamente esvaziar-se, e Zaratustra quer tornar a ser homem."

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