segunda-feira, 17 de março de 2008

Troca de gentilezas



"Os extremos são imcompatíveis com a harmonia".
Miramez


Até hoje a doutora Salete Maia me pede para contar esse fato. Ela morre de rir. Claro que conto com as pitadas do exagero, mas que aconteceu, aconteceu.

Eles não vinham se cheirando muito bem. Promotor Leandro Portela na acusação. Advogada Salete Maia na defesa. Os dois, bons oradores, eram arrebatados. Em estado de sítio iniciavam e terminavam os júris que faziam.

Durante a acusação do promotor, a cada vez que ele concluía uma frase, a advogada fazia apartes murmurejantes, como rum, rum, rá, rá, quê, runrunrurnnnn.

O promotor resolveu então reagir: "Vossa Excelência parece que é louca".

Ela replicou: "Não, não sou, Vossa Excelência que é que doido".

"Não, Vossa Excelência que é louca, fica aí cacarejando".

"Não, Vossa Excelência que é doido".

"Vossa Excelência é louca".

"Vossa Excelência é doido".

A platéia adora isso, estava alvoroçada, gostando do debate. O Juiz presidente interveio, pedindo calma aos contendores. "Calma senhores, vamos manter a postura". Mas não adiantou.

"Vossa Excelência é louca".

"Vossa Excelência é doido".

Daí para diante começaram a esquecer a forma protocolar do pronome de tratamento que vinham respeitosamente usando.

"Tu é louca".

"Tu é doido".

"Tu é louca".

"Tudo é doido".

O juiz, para acalmar os ânimos suspendeu a sessão por dez minutos. Quando do retorno, firmaram a paz, sem baixar as armas. Assim é o Júri. Uma guerra civilizada.

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