quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A oratória madura do advogado

Lendo o livro O Advogado, de Henri Robert, um dos mais consagrados advogados franceses do século passado, no capítulo que fala a respeito da sustentação oral, encontramos preciosas lições de oratória forense.

Em geral, imagina-se que um grande advogado deve necessariamente ser grandiloquente e espalhafatoso na sua maneira de falar.

Não, um grande advogado é o contrário disso. Seu falar é sincero, breve, elegante, simples, tem profundidade.

A emoção que expressa não é forçada, é discreta, contida, vem com naturalidade. Nada é mais falso no tribunal do que o gênero teatral, perigoso para a causa, insincero, artificial.

Lembro-me que quando a doutora Salete Maia me explicava alguma coisa do júri sempre dizia: "Nunca invente emoção, se ela surgir espontaneamente, muito bom, saiba usá-la em seu favor, mas sempre com sinceridade".

Aconselha Henri Robert a deixar de lado os floreios retóricos. É preciso apenas que a chama da convicção anime nossa palavra.

E deixa uma sábia constatação: "Quanto mais experiência de tribunal um advogado adquire, quanto mais reputação tem, mais ele procura adaptar-se a um modelo claro, leve, conciso charmoso e simples de falar".

Essa maduridade na oratória do advogado se constrói com a experiência, nas vitórias e nas derrotas, com o estudo, lendo, escrevendo, observando, refletindo, alimentando o espírito com o conhecimento.

É quando esta oratória madura, sábia, se manifesta no advogado que dele podemos dizer o que disse o grande Cícero: Vir bonus dicendi peritus. Homem de bem que sabe falar.

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