quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A magia dos provérbios na oratória

"Falar é prata, calar é ouro".

Provérbios são sentenças que expressam, de forma concisa, verdades e conhecimentos gerados pela experiência popular. É uma frase rápida baseada em uma longa vivência.

A sabedoria condensada dos provérbios dão cor e vida à comunicação entre os homens. Os provérbios podem expressar um insight, um vislumbre filosófico, jurídico, psicológico, etc.

Para Nelson Carlos Teixeira, em seu livro A Sabedoria Condensada dos Provérbios, esses adágios, ditados, anexins, podem conter um conselho ("Não coloque todos os ovos na mesma cesta"), um aviso ou previsão ("É melhor prevenir do que remediar"), uma observação (Água mole em pedra dura tanto bate até que fura), uma afirmação abstrata ("Errar é humano") ou referir-se a uma experiência concreta do dia-a-dia ( Barata esperta não atravesa galinheiro").

Muitos provérbios entram em contradição com outros, exatamente porque a vida é rica em oposições, em dualidades. Ex: "Mentira tem pernas curtas", ou "Uma mentira contada mil vezes torna-se uma verdade". "Deus ajuda a quem cedo madruga", ou "'Mais vale a quem Deus ajuda do que quem cedo madruga". Dependendo das circunstâncias um ou outro provérbio terá mais força persuasiva do que o outro, servindo para melhor ilustrar a situação posta.

Uma marca forte dos provérbios é a sua universalidade. Existem aqui e alhures.

Em retórica chamamos essas inteligentes e bem formuladas reflexões sobre as coisas da vida de tópos, ou seja, o lugar-comum, o que todos creem seja a verdade, forma de conhecimento partilhado por determinado grupo de pessoas. Para persuadir é preciso conhecer a opinião dos outros e só se conhece ouvindo bem.

Deve o orador ter cuidado com o uso em demasia dos provérbios, principalmente com aqueles já surrados pelo tempo, conhecido de todos, que não causam mais muito efeito . Deve saber utilizá-los no momento mais adequado e de forma coerente. Deve saber citá-los com presença de espírito, com empatia, com originalidade, assim, mesmo um provérbio já amarelado pelo tempo, readquire a sua graça original.

Os homens da palavra devem prestar atenção ao que ensinam muitos provérbios sobre a arte de falar bem e de ouvir bem.

"Oração curta depressa chega ao céu".

"Quanto mais você falar menos a audiência lembrará".

"Quanto menos palavras melhor a reza".

"Quando falares cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio."

"Temos dois ouvidos e apenas uma boca para ouvir mais e falar menos".

"O sábio pesa suas palavras na balança do ourives".

"Falar sem pensar é atirar sem mirar".

Como diz Nelson Carlos Teixeira, "os provérbios são, pois, como os nossos pais e professores, que oferecem conselhos, ensinam regras de comportamento e transmitem observações sobre pessoas ou acerca da natureza, com a vantagem de serem concisos, perspicazes e filosóficos."

Os provérvios têm força persuasiva indispensável na ciência do bem dizer, que também é ciência do bem ouvir.

Um comentário:

Cristina Rafaela disse...

Oi, Sanderson! Quanto tempo não visitava aqui! :) concordo com vc quanto aos provérbios... eles que carregam sabedoria de gerações devem ser usados também com sabedoria.

Há também os provérbios bíblicos, que gosto muito. Uma frase da bíblia que não é provérbio, mas que gosto muito é aquela que está em Lucas, capítulo 6, em que Jesus diz que "A boca fala daquilo que o coração está cheio".

Um 2009 pleno de realizações, de saúde, luz, paz e amor para vc e sua família, Sanderson! Abraços fraternais!