segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sintonia de ideias no júri popular

Por esses dias fiz um júri na minha terra. Plenário lotado. Lembro-me que também já auxiliei a lotar júri quando estudava na escola Plácido de Castro, que fica de frente ao Fórum; quando tinha júris famosos, as aulas eram até suspensas, e eu, com meus 11 anos de idade, encantava-me ao ver aqueles homens de preto andando de um lado para o outro falando aos jurados.

Neste recente júri conheci o promotor Ildon Maximiamo. Ele não sustentou a acusação de tentativa duplamente qualificada de homicídio, pois entendeu que o réu desistiu voluntariamente de prosseguir com o resultado, e se quisesse matar teria matado a vítima. Sustentei o mesmo que o promotor sustentou, mas senti que podia ir além, para exercer, com efetividade,  um dos princípios do tribunal do júri, que é o da plenitude da defesa. Os jurados entenderam, à unanimidade dos votos apurados, que o réu, que  vinha sendo perseguido, humilhado e desonrado pelo policial, agiu em legítima defesa. Em casos raros de se ver, a multidão que assistia ao julgamento, na saída do réu para casa, já com o alvará de soltura na mão, aplaudiu entusiasticamente o veredictum do júri.

 Cada júri é uma nova aprendizagem, uma nova experiência, ganhando ou perdendo. E para mim, uma das coisas mais impactantes e novas neste julgamento foi conhecer o promotor de justiça Ildon Maximiano. Homem de um discurso independente, de um senso ético consolidado, de um humanismo invulgar. Disse ele em determinado momento de sua oratória: "Decido pela minha consciência, movo-me pelo meu coração, não sou nenhum bárbaro, nenhum inquisidor, nenhum colecionador de ossos. Aqui no júri tudo o que fazemos deve ser justo, deve ser valoroso, deve ser iluminado pela moral".
Senti-me identificado com ele pelas ideias que ele desenvolvia, pela maturidade que demonstrava, pela autoridade que saia de forma legítima de suas palavras.  Ouvi um popular dizer a ele: "Doutor, eu não podia ir embora sem apertar a sua mão". Caro promotor Ildon Maximiamo Peres, que seu caminho continue sendo este, o caminho da consciência, da lucidez mental, da clareza de visão, da percepção luminosa do que é verdadeiro, justo, ético, belo e bom. A sociedade só tem a ganhar, as instituições só têm a ganhar, o cidadão só tem a ganhar, vendo uma autoridade usando com competência e responsabilidade o poder que lhe foi outorgado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo texto, mais uma vez inspirador. Estava com saudades de pessoas inteligentes, que fossem mais próximas da minha realidade. Graças a Deus, isso aqui está me alimentando.

Ass: MSO

elivania disse...

fico feliz ao perceber que o tempo fez de vc um homem admirável e de uma inteligencia impar, que Deus lhe conserve assim.
Ass: elivania..