terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Minhas palavras são como as estrelas que não empalidecem

Assim com a escultura, a pintura, a arquitetura, a poesia, a música, que ao longo das eras tem encantando o homem, a oratória, também, têm seus momentos de esplendor, de sublimidade.

De onde vem? De que fonte? Tanta beleza, tanta luz, tanta sabedoria?

O homem como uma flauta, um instrumento, tocado pelo Divino, pelo Tao, por Deus. Sublime arte de dizer. Ciência do além?

Ele se levanta, nobre, inteligente, um silêncio se faz, frases profundas, sonoras e eloquentes, quem viu diz. Seu timbre era de trombeta, e apontando um dedo para o céu enluarado, em tom solene e majestoso começou a falar, e suas palavras fluiam como as águas de um rio gracioso vindas misteriosamente:

O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o cacique Seattle diz, minhas palavras são como as estrelas que não empalidecem.

E o discurso continua, um raro momento, palavras em forma de luz. Frases lindas, imorredouras, que seleciono:

"Como podes comprar ou vender o céu? Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los?"

"As flores perfumadas são nossas irmãs, o cavalo, a águia, o cervo, o homem, todos pertencem a mesma família. O rumorejar d´agua é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede".

"A terra é para nós sagrada. Que vida é aquela na cidade, onde não se pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite a conversa dos sapos em volta de um brejo?"

"O ar reparte seu espírito com toda a vida que sustenta".

"Tudo está interligado como o sangue que une uma família. Tudo quanto fere a terra, fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles mesmos."

"De uma coisa sabemos, que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é Deus da humanidade inteira".

O discurso foi proferido no ano de 1854 quando o Presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce propôs comprar uma grande área de terra dos índios Duwamish, os peles-vermelhas. A resposta do Cacique Seattle é plena de religiosidade, de poesia, de amor à natureza. Sua mensagem se eternizará, porque é eterna e é terna a fonte da onde emanou, pois "minhas palavras são como as estrelas que não empalidecem".

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