Grandes oradores são hábeis no uso da ironia; a usam com inteligência e refinamento. A ironia fazia parte do método socrático para se descobrir a verdade ou para desmascarar as falsas verdades, derrubar ídolos.
Não falamos aqui da ironia grosseira, sem o brilho da sagacidade e do intelecto, da sofisticação do pensamento. Certo dia um amigo de Sócrates falou-lhe de um certo sofista; segundo a visão de seu amigo, um sofista muito estudado, um grande filósofo, argumentador dos mais respeitados, isso e aquilo mais, tentando impressionar Sócrates. E Sócrates a ele disse: "Apresenta-me esse Deus, perito na arte da refutação, mandado do céu para me observar e me mostrar o quanto sou ignorante, pequeno e incompetente no meu discurso".
A ironia de Sócrates incomodou tanto os poderosos da época que ele foi condenado ao envenenamento. Usar a ironia com pobres e desvalidos não é a verdadeira ironia; a verdadeira ironia é aquela que se usa contra aqueles que se acham poderosos e donos da verdade - e que reagirão contra a demolição de seu orgulho, de sua arrogância, de sua presunção de saber.
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