Oratória por mim proferida, dia 14 de setembro de 2010, no Teatro Plácido de Castro, Teatrão, em Rio Branco-Acre, na cerimônia de colação de grau dos formandos do curso de direito da Uninorte/2010.
Ilustríssimo Diretor Executivo de Assuntos Acadêmicos da União Educacional do Norte - Uninorte, Professor Marco Antonio Brandão Lopes;
Ilustríssima Coordenadora do Curso de Direito da Uninorte, Professora Mirian Késia;
Caros formandos do curso de direito e queridos professores, familiares e amigos;
Senhoras e senhores;
Com felicidade e gratidão, por ter recebido a responsabilidade de ser paraninfo desta turma de brilhantes bacharéis, olhando para o céu, em busca de inspiração, para transmitir nesta noite tão especial, esqueci a fumaça ambiciosa dos homens, e contemplei a lua nova, carinhosamente acompanhada por uma estrela.
E tive a inspiração para trazer a primeira reflexão para todos nós, neste momento de solene comunhão de alegrias: a capacidade de vermos além. A capacidade de vermos além da fumaça ambiciosa dos homens, a lua nova, carinhosamente avizinhada por uma estrela.
Movido por uma saudável sede de conhecimento, busquei na Grécia conhecer o sentido de minha missão nesta noite galante. Pára Ninfa, paraninfar é pegar nas mãos delicadas de uma linda musa, e energizado pela sua encantadora beleza, conduzi-la até o altar dos deuses. E tive a inspiração para trazer a segunda reflexão para esta noite tão bela: devemos despertar em nós uma santa sede de conhecimento, e conduzir esta ninfa sedenta até o altar do saber, fonte de toda saciedade do intelecto e do espírito.
Ao escrever esta peça retórica para vós, ó felizes formandos, despojei-me de todo o sinal de negatividade, para receber e transmitir uma mensagem sincera e útil e a altura de uma colação de grau em direito. E me veio a inspiração para trazer a terceira reflexão para esta noite de lua nova, apesar da fumaça da inconsciência dos homens: sermos um ponto positivo. Sermos um ponto positivo na família, na profissão, na vida social, nos estudos, irradiando luz por toda parte, com pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes benditas.
Termos a capacidade de vermos além. Despertar em nós a sagrada sede conhecimento.Sermos pontos positivos no Universo.
Além de tudo isso, não poderia deixar de falar numa quarta reflexão: vivermos na presença do Entusiasmo; a palavra, segundo os doutores da linguística, mais sonora da língua portuguesa, emm-tuu-sii-ass-moo. Que significa Deus dentro de nós. Quem tem Deus tem tudo! Com o entusiasmo o dinheiro vem, o sucesso aparece, e na expressão antiga dos latinos, a fama vagatur, e a fama voa cantando nossas vitórias.
Uma lembrança... caros bacharéis... jamais na patente de mestres, o dinheiro, o sucesso, a fama, mas na condição de obedientes servidores do bem. Essa é uma quinta reflexão. Mestre, só a Consciência, a virtude maior! Que faz curvar aos seus pés a mentira, a covardia, a injustiça, o fanatismo, a ignorância, os vícios, as parcialidades políticas, as maldades de todas as espécies.
E se alguém, ainda, me pedisse uma última reflexão para esta noite maravilhosa, eu diria: miremo-nos nos elevados exemplos de nossos antepassados.
Quando o grande Péricles, advogado e estadista grego ao ser insinuado para agir maliciosamente em favor de um amigo seu, em determinada demanda judicial, respondeu o magnífico tribuno:
- Amicus ad aras. Amigos, mas até a verdade!
Isso é um exemplo a ser seguido!
Quando um formando de direito consultou o famoso advogado e presidente americano, perguntando-o se era possível ser advogado e ser honesto ao mesmo tempo, Abraão Lincoln presenteou a todos nós com a seguinte resposta:
- Sim, amigo jovem, é possível ser advogado e honesto ao mesmo tempo. Mas no dia em que não conseguires ser honesto sendo advogado, deixe de ser advogado.
Isso é um exemplo a ser seguido!
Quando Rui Barbosa, ainda jovem, foi incentivado a falsificar sua certidão de nascimento com o fim de majorar sua idade para poder ingressar no curso de direito, ouviu do pai o seguinte conselho:
- Não hás de iniciar tua vida profissional, meu filho, com uma falsidade.
- E aquele menino prodígio, olhou para seu conselheiro e disse:
– Sim, senhor meu pai, não hei de iniciar minha vocação com uma falsidade.
Isso é um exemplo a ser seguido!
Quando todos se acovardavam em defender no tribunal, o Rei deposto, Luis XVI, na época do terror jacobino da Revolução Francesa, com medo das lâminas sanguinárias da guilhotina, eis que surgiu um destemido advogado, chamado Malesherbes, que aceitou fazer a defesa do acusado, e ao adentrar no Tribunal proferiu os imortais dizeres, olhando nos olhos de seus juízes:
- Trago a este Tribunal a verdade e a minha cabeça, poderão dispor da minha cabeça, mas não sem antes ouvir a verdade!
Isso é um exemplo a ser seguido!
Desejo a todos nós, e especialmente a vós, com o carinho do meu coração, ó prezados formandos, orando ao Grande Arquiteto do Universo:
Que possamos sempre ter a capacidade de vermos além, apesar da fumaça ambiciosa dos homens. A primeira reflexão.
Que possamos alimentar em nós a divinal sede de conhecimento. A segunda reflexão.
Que possamos resplandecer positividade para o mundo das leis. A terceira reflexão.
Que possamos contar sempre com a presença salvadora do Entusiasmo, o condutor da nossa felicidade! A quarta reflexão.
Que possamos ter a virilidade de consciência para nos mantermos firmes nas virtudes tradicionais de nosso ofício. A quinta reflexão.
Que possamos nos mirar nos exemplos dos grandes nomes que agigantaram e dignificaram nossa história. A sexta reflexão.
Sintamos todas essas reflexões olhando para o nosso céu, o nosso céu de fora e o nosso céu de dentro, nesta noite de saborosa alegria, pois sabemos que para além da fumaça da inconsciência dos homens, existe a lua nova, carinhosamente acompanhada por uma estrela, renovando com serenos de luz, o nosso presente e as nossas lágrimas e as nossas vibrações e preparando-nos para o gracioso amanhã que nos aguarda – que é fruto do hoje - um amanhã com poeticidade, um amanhã amoroso, um amanhã reavivado pela potência dos nobres ideais.
Muito obrigado.